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Imigração para os EUA: quase nada vai mudar após as eleições presidenciais

As oportunidades devem continuar para brasileiros que querem trabalhar no país. Principalmente para os que têm faculdade e mais de cinco anos de experiência.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 5 nov 2024, 07h51 - Publicado em 5 nov 2024, 07h48
Imigrantes caminham na bandeira dos EUA
 (Marcos Silva/Getty Images)
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Para quem acompanha o cenário político dos Estados Unidos, não é novidade que as políticas sobre imigração são sempre uma pauta fortíssima para os debates entre os candidatos. São ideologias opostas em guerra e, naturalmente, várias propostas e iniciativas visam tratar do assunto de maneiras diferentes. Contudo, alguns especialistas defendem que, na prática, a imigração deve continuar funcionando da mesma maneira, seja com Donald Trump ou com Kamala Harris na presidência. Pelo menos no que diz respeito à entrada no país por meio de Green Cards.

É o que conta Gustavo Nicolau, advogado licenciado nos EUA e no Brasil e sócio do escritório de advocacia de imigração Green Card US. “Apesar da polêmica envolta no assunto, a verdade é que o mercado e a economia real do país é indiferente às bravatas dos dois lados, seguindo em consenso a respeito da imensa necessidade de mão de obra qualificada para sustentar e impulsionar a economia americana”, explica.

Essa necessidade condiz com a força dos EUA — é o resultado de ser uma potência mundial tão grande. Segundo o FMI, o PIB americano é de aproximadamente US$ 26 trilhões; maior, portanto, do que Europa e América Latina somadas. A título de comparação, o Brasil tem um PIB menor do que US$ 2 trilhões. Dentre as 20 maiores empresas do mundo, 16 são norte-americanas, de acordo com levantamento da Market Cap. A economia de um único estado, a Califórnia, é maior do que a da França ou Reino Unido, por exemplo.

Falta mão de obra

Todo esse mercado exige combustível, ou seja, mão de obra. “Ocorre que a mão de obra interna já foi completamente absorvida pela economia americana, gerando o que se denomina ‘pleno emprego’. E há um agravante: como o americano não precisa cursar uma faculdade para ter uma ótima qualidade de vida, o número de profissionais com nível superior não atende à demanda da economia. Segundo o Censo Americano, mais de 60% dos americanos não concluem o nível de graduação. Isto é, já há poucas pessoas disponíveis e ainda menos qualificadas”, afirma Gustavo.

Portanto, receber estrangeiros para ocupar os cargos em aberto continuará sendo uma parte importante do equilíbrio econômico americano, seja com Trump ou com Kamala na presidência. Deve haver, inclusive, mais atenção às políticas de imigração que concedem Green Cards baseados no mérito do candidato e que prestigiam sua formação acadêmica e experiência profissional.

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Uma prova dessa visão pode ser observada no Departamento de Imigração americano, que funciona sem interrupções há mais de 100 anos, não importando quem estivesse à frente do governo em determinado período. Vale mencionar até mesmo que o próprio Donald Trump, em 2019, enviou um projeto de lei ao Congresso triplicando o número de Green Cards que tem como critério a carreira do candidato.

Portanto, para brasileiros que desejam migrar para os Estados Unidos, as oportunidades devem continuar aparecendo. Aqueles que concluíram a faculdade no Brasil e têm mais de cinco anos de experiência têm chances ainda maiores, pois são considerados — pela lei federal americana — como profissionais de “advanced degree”.

“Só nessa categoria, os EUA disponibilizam quase 200 mil Green Cards por ano, por uma razão muito simples: porque precisam. É a aplicação prática do princípio segundo o qual, em relações internacionais, não há ideologia, há interesses”, conclui o advogado.

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