Ibovespa emenda 3a alta seguida. Mas fecha a semana em queda de 0,70%
Sinais de falta de fôlego na economia americana melhora a expectativa para um eventual fim das altas nos juros por lá, embalam o S&P 500, e dão uma forcinha para o Ibovespa. Alta de 1,23% nesta sexta.
O Ibovespa fechou em alta pelo terceiro dia seguido, com os 1,23% desta sexta. Mesmo assim, a sequência não bastou para colocar a semana (e o ano) no positivo: queda de 0,70% no período.
O número positivo de hoje foi cortesia de NY. O S&P 500 fechou em rampantes 2,28%. A Nasdaq, 2,56%. E o motivo é aquele que desafia o senso de quem não tem alguma intimidade com o mercado: quem impulsionou a alta por lá foi um dado negativo.
Hoje saiu o Payroll, levantamento mensal que mostra a criação de novas vagas de trabalho nos EUA, crava o índice de desemprego e mostra a evolução dos salários.
Os dois primeiros vieram ótimos. O consenso dos analistas esperava o surgimento de 200 mil vagas em dezembro. Vieram 223 mil. Esperava-se a manutenção da taxa de desemprego em baixos 3,7%. Veio menor ainda: 3,5% – taxa equivalente à de fevereiro de 2020, pouco antes de a pandemia ter elevado a taxa a 14,7%, a pior da história.
Já os 3,5% de agora estão entre as melhores marcas de todos os tempos por lá. A média de 1948 até hoje é de 5,73%. Na real, o índice de desemprego por lá só esteve menor quando Don Draper ainda era publicitário júnior na Sterling Cooper, no início da década de 1950, quando a marca estava em 2,5%.
Viessem só esses dados, o humor do mercado iria para o espaço. Desemprego em baixa, afinal, é algo que deixa a porteira livre para o Fed seguir com as altas nos juros. Juros altos combatem inflação a golpes de recessão, pois deixam o dinheiro mais caro, e sem dinheiro as engrenagens da economia travam.
Se a economia vai bem (e o pleno emprego é o maior indicativo disso), ela pode suportar a manutenção das taxas lá no alto – no momento, eles estão em 4,5%, a maior taxa dos últimos 16 anos. Como o mercado é alérgico a juros altos, a bolsa tem caído quando chega esse tipo de notícia.
Mas não foi o que aconteceu hoje. Por conta de outro dado do Payroll: os salários subiram num ritmo menor que o previsto. Alta de 4,6% na média dos contracheques, na comparação com dezembro do ano passado, ante uma expectativa de 5%.
Salários em alta desacelerada significam que os juros altos estão fazendo o seu trabalho – drenar moeda da economia para conter a inflação. O efeito dos juros é sempre retardado – você sobe os juros hoje e os preços (e salários) só param de subir meses adiante. Então temos que: se o expediente está funcionando é sinal de que talvez, eventualmente, o Fed possa interromper o ciclo de alta mais cedo.
PMI: sinais de contração
Na real, qualquer sinalização de fraqueza na economia americana tem sido recebido com fogos. E hoje veio mais um, para juntar-se a esse dos salários: o PMI do setor de serviços dos EUA.
Trata-se do “Índice dos Gerentes de Compras”, levantado pelo ISM. Eles ligam para centenas de empresas, perguntam para os departamentos de compra como estão as expectativas deles para o futuro, com base nisso, montam uma escala maluca.
Ela vai de zero a 100. Se der 50, significa que está tudo na mesma. Mais de 50 significa expansão. Menos de 50, contração. Em novembro, o PMI tinha vindo em expansivos 56,5. Agora, caiu para recessivos 49,6. Como o clima no momento é de urubuzagem, as bolsas gringas fecharam em alta – dando um impulso para a nossa aqui.
Outra mãozinha para o Ibov veio do minério de ferro, que fechou em alta de 1,85%. Bom para as mineradoras: CSN Mineração foi a segunda maior alta do dia, com abundantes 6,67%.
A expectativa por eventuais juros mais baixos nos EUA também ajudou o dólar a cair: -2,16%, a R$ 5,23. E o dia sem notícias negativas em Brasília deu uma tranquilizada nos juros futuros daqui, que fecharam em queda.
Mesmo assim, os juros dos títulos públicos seguem em alta, com o IPCA+2035 a 6,25%, depois de ensaiar uma baixa para 6,20%. Eles tinham fechado 2022 a menos terríveis 6,05%. A ver o que a próxima semana nos traz.
Bom fds!
MAIORES ALTAS
Americanas (AMER3): 7,22%
CSN Mineração (CMIN3): 6,67%
Qualicorp (QUAL3): 6,24%
Eneva (ENEV3): 6,15%
CVC (CVCB3): 5,75%
MAIORES BAIXAS
Copel (CPLE6): -1,96%
Embraer (EMBR3): -1,62%
Klabin (KLBN11): -1,31%
Hapvida (HAPV3): -1,26%
Locaweb (LWSA3): -1,07%
Ibovespa: 1,23%, aos 108.963 pontos. Na semana, -0,70%.
Em Nova York
S&P 500: 2,28%, aos 3.895 pontos
Nasdaq: 2,56% , aos 10.569 pontos
Dow Jones: 2,12%, aos 33.629 pontos
Dólar: -2,16%, a R$ 5,23. Na semana, -0,83%.
Petróleo
Brent: -0,15%, a US$ 78,57. Na semana, -8,5%
WTI: 0,14%, a US$ 73,77. Na semana, -8,1%
Minério de ferro: 1,85%, negociado a US$ 124,65 por tonelada no porto de Dalian (China)