“10% de inspiração e 90% de transpiração”: 5 lições de Silvio Santos para sua carreira
Símbolo da comunicação no Brasil, sua trajetória deixa lições para quem quer empreender e se divertir no caminho
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apresentador, empresário e personalidade brasileira Silvio Santos morreu aos 93 anos no último sábado (17). Internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o início de agosto, a causa da morte foi uma broncopneumonia, por conta de uma infecção pela Influenza H1N1.
O mito de como Senor Abravanel, nome de batismo do showman querido, virou Silvio Santos, é conhecido por muita gente. Começou como vendedor ambulante, e virou o símbolo dos domingos para muitos brasileiros – comandando os finais de semana no SBT por seis décadas.
Ve aí o que levar da trajetória de Santos para a sua, com base na biografia “Silvio Santos: A trajetória do mito”, escrita por Fernando Morgado.
1. Novidade no cotidiano é a semente
Todo mundo conhece a lenda: Senor Abravanel era vendedor ambulante quando jovem. O que chamava a atenção de quem passava nas calçadas da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, era o carisma e o tempo que dedicava aos clientes. Sabia contar uma história também: gostava de lembrar a todos que era estudante e queria ajudar a família. Vendedores tinham muitos, mas ele sabia papear.
“Quando não há com quem competir, acabo competindo comigo mesmo”
Silvio Santos, ao jornal O Estado de S. Paulo, em 1988
Percebendo que o silêncio reinava nos portos de onde partiam as viagens de barca entre Rio e Niterói (sim, já houve um tempo em que não existia a ponte Rio-Niterói, que aparentemente não é obra da natureza), Abravanel instalou uma rede de auto falantes nos locais, onde fazia anúncios e propagandas. Isso lhe rendeu uma grana e popularidade. O resto é história. Santos via negócios em tudo.
Já na TV, muito tempo depois, a espontaneidade e a percepção de que faltava uma rede de televisão popular levou ao modelo de programação do SBT. A moda pegou. As imagens de Santos no meio da galera, exibidas à exaustão nos últimos dias, não deixam mentir.
2. De olho na concorrência
Silvio Santos sempre olhou para os concorrentes para saber o que funcionava (ou não). Foi assim que trouxe inovações para o SBT que deram bom.
Antes do Big Brother Brasil, teve “Casa dos Artistas”. O primeiro reality show no estilo confinamento do Brasil foi ao ar no SBT em 2001. É verdade que o formato foi inspirado no BBB gringo, mas a novidade fez sucesso por aqui do jeito brasileiro.
Santos fez o mesmo com outros programas de auditório americano. O “Show do Milhão” é a versão tupiniquim do “Who Wants To Be A Millionaire”, jogo de perguntas e respostas que objetiva dar um milhão de reais para o vencedor máximo.
O quadro “Qual é a Música?” (que rendeu muitos memes online quando os internautas recuperaram vídeos de transmissões antigas dos programas dos Abravanel) veio do “Name That Tune”. Mesma coisa com o “Topa ou Não Topa”, que veio do “Deal or No Deal”.
Se fosse um xerox dos programas do exterior, não teria funcionado. A receita do sucesso é justamente o talento do apresentador para dar a cara do brasileiro, e a cara popular que a gente gosta. Sem isso, nada feito. Olhar para a concorrência significa observar os acertos e erros, e trazer para si o que deu certo, à sua maneira original.
3. Não tenha medo de mudar
De vendedor, a locutor, a apresentador, a empresário e até a político, Silvio Santos nunca teve medo de tentar algo diferente. Não se prendeu a apenas uma de suas habilidades, e foi testando diferentes áreas até entender o que lhe cabia melhor. Quando a oportunidade aparece, com alguma prudência, é hora de encarar de frente.
“Eu sou comerciante. Um profissional. Um homem de negócios. Eu procuro ser um bom profissional no campo em que entro. Se possível, o melhor”, disse Santos.
“Não tenho compromisso com ninguém, nem comigo mesmo. Se amanhã o empresário Silvio Santos achar que o animador Silvio Santos não está dando o rendimento esperado, vai substituí-lo por outro”
Silvio Santos, ao jornal Última Hora
4. Se preserve
Silvio Santos, conhecidamente, não dava entrevistas. Seja para preservar a imagem que construía todos os domingos na TV, seja para não dar declarações polêmicas ou expor sua vida pessoal, ele evitava ao máximo os microfones alheios.
A desculpa mais famosa que ele dava era que uma cigana tinha lhe dito que no dia que desse uma entrevista, morreria no dia seguinte.
“O pessoal não acredita, mas eu sim. E não vou me arriscar. A cigana só falou de filme, livro e entrevista, exposição, não”, disse em fala registrada pelo jornal Folha de S.Paulo.
Você não precisa exagerar assim, até porque você não é o Silvio Santos (que também não partiu dessa para a melhor por causa de uma entrevista). Mas dá para tirar uma lição daqui: tomar cuidado com o que diz e para quem é uma das coisas mais importantes no mundo corporativo. Expor demais sua vida pessoal ou participar de fofocas no corredor pode dar margem para papos que não vão te ajudar a avançar.
5. Sem medo do batente, sem medo do descanso
Parece óbvio, mas não fugir da lida é o que, no fim, traz reconhecimento. Uma série de privilégios e benesses ajuda, claro. Mas sem esforço não se chega a lugar algum.
Em uma de suas frases mais famosas, Silvio Santos disse que seu sucesso veio de “10% de inspiração e 90% de transpiração”.
Essa é uma daquelas afirmações que precisam ser colocadas em perspectiva: pessoas diferentes têm privilégios diferentes e partem de largadas diferentes em direção ao sucesso. É para levar para o coração aquilo que sente que faz sentido para sua vida.
Sobre a forma que geria seus negócios, disse: “Eu procuro profissionalismo. Se você é bom, progride. Se não é bom, fica na posição onde está e procura avançar cada vez mais”.
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