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A economia comportamental explica ações de pânico ligadas ao coronavírus

Após ser classificado como pandemia, o novo coronavírus já causa ansiedade e pânico. A economia comportamental pode te ajudar a manter o controle

Por Monique Lima
Atualizado em 17 out 2024, 11h50 - Publicado em 14 mar 2020, 10h00
 (Terri Sharp por Pixabay/Reprodução)
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São Paulo – A Organização Mundial da Saúde declarou na última quarta-feira (11) que o novo coronavírus (COVID-19) chegou ao cenário pandêmico. Verificada pela última vez em 2009, devido ao H1N1, a classificação de pandemia é uma definição que diz respeito ao nível de disseminação da doença, de modo que a gravidade não é um dos parâmetros analisados para esta determinação global.

Até o momento, o Brasil conta com 1.913 casos suspeitos e 200 confirmados, sem nenhum óbito, segundo a plataforma oficial do Ministério da Saúde. A taxa de transmissão da doença, analisada por meio de estatísticas chinesas, está entre 2 ou 3, de modo que um contaminado, infecta mais duas ou três pessoas.

O número é considerado baixo para especialistas da saúde. Para meio de comparação, o sarampo – doença causada por um vírus, com 13.489 casos confirmados no país em 2019 – possui uma taxa de transmissão de 13 pessoas.

Porque estamos com medo do coronavírus?

Para Flávia Ávila, especialista em economia comportamental e fundadora da consultoria InBehavior Lab, uma das causas para o grande alarde é o julgamento ocasionado pela frequência do evento. “Novas ameaças parecem ser mais graves do que aquelas as quais já estamos acostumados, mesmo que os números digam o contrário. É uma influência do meio”, diz.

A alta demanda por informações e atualizações constantes do assunto mantém o tema em nossa mente e influenciam nosso comportamento em situações de pânico como a que estamos vivenciando. Flávia alerta para o perigo da tomada de decisões com base na percepção inflada de risco.

Atentos à situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou orientações para diminuir a ansiedade e manter a saúde mental durante a pandemia. Os recados vão desde atitudes que devemos ter em sociedade até maneiras de explicar a situação para crianças.

Aliado a isso, Flávia indica algumas análises de economia comportamental que podem ajudar a permanecer no controle para tomar decisões melhores que ajudem na prevenção pessoal e cuidado do outro.

O que saber para não surtar com o COVID-19

Negligência da probabilidade

Já ouviu falar da negligência da probabilidade? Talvez você esteja cometendo sem saber. “Pequenas probabilidades o ser humano tende a dar mais atenção, sejam elas boas ou ruins. Trata-se de um valor subjetivo de escolha”, diz Flávia e exemplifica. Quando jogamos na loteria, ignoramos a soma depositada pensando na recompensa de um prêmio milionário, com o coronavírus é o mesmo princípio. “Um cenário alarmante faz com que criemos pânico por uma doença cuja taxa de mortalidade ainda se mostra baixa”.

Em artigo produzido para a Bloomberg, o advogado e professor Cass R. Sunstein salienta que os custos humanos de uma pandemia vão muito além da saúde pública. Eles são sociais e econômicos – e um produto da psicologia humana, por isso a compreensão das consequências não devem ter como base a negligência das probabilidades.

Efeito manada

O efeito manada está sendo verificado nos últimos dias na corrida às compras para estoque e venda de fundos de investimentos. O supermercado australiano Woolworths se viu na posição de racionar a venda e limitar a compra de papel higiênico por usuários. Movimentos similares aconteceram em países europeus.

O resultado é a escassez de produtos nas prateleiras, instabilidade em mercados financeiros e amplificação da situação de crise. “Mesmo sem muitas informações, acabamos imitando o comportamento alheio pela sensação de incerteza, seja passando a utilizar máscaras respiratórias sem conhecer a real eficácia do uso, ou comprando produtos porque está vendo os outros fazendo igual”, diz Flávia.

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Viés de confirmação

O viés da confirmação é a tendência de procurar por informações que confirmem crenças, ignorando contradições. Para Flávia, no caso do COVID-19, a classificação “pandemia”, embora relacionada ao aspecto geográfico, gerou a confirmação da crença de gravidade da doença.

“Sabendo que podemos estar tomando decisões enviesadas, devemos encontrar formas de “parar” o nosso sistema mais automático de pensamentos e atitudes e acionar o nosso sistema mais racional para avaliar melhor a situação. Assim, impedimos que o pânico e a histeria tomem conta”, diz.

Os protocolos de prevenção como lavar as mãos, utilizar álcool em gel, evitar lugares fechados e cobrir a boca e o nariz em caso de tosse ou espirro são simples de ser adotados e devem ser usados para evitar pânico.

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