Faltam trabalhadores nos EUA – ao menos pelo salário atual
Empresários reclamam da falta de candidatos para vagas abertas, mas algumas empresas já deram uma resposta eficiente: pagar mais.
“Por que você quer esse emprego?” “Porque sempre fui apaixonado por não morrer de fome.” Esse meme que circula pelo Instagram explica bem o atual cenário do mercado de trabalho nos países ricos, mas ao contrário.
Desde o ano passado, o governo americano vem desembolsando quantias polpudas de auxílio emergencial e seguro-desemprego extra. O objetivo era garantir que as pessoas tivessem uma renda mínima para se alimentar e cumprir o isolamento social enquanto comércios estivessem fechados pela pandemia. Esse dinheiro deve continuar pingando até setembro.
Acontece que metade da população está vacinada por lá e a economia está em franca retomada. A taxa de desemprego, que chegou a 14,7% em abril do ano passado, agora ronda os 5,8% (no Brasil, estamos justamente em 14,7% e com apenas 11% da população completamente imunizada contra o coronavírus).
Aí que empresários americanos chegaram a um impasse: querem contratar e simplesmente não encontram potenciais funcionários – os candidatos sequer mandam currículos para as vagas. Ninguém ficou rico com o dinheiro do governo, mas, enquanto ele pinga, trabalhadores têm a possibilidade de escolher algo mais interessante e que pague um salário melhor. O fenômeno tem acontecido também na França. Restaurantes reabriram, e o pessoal do salão decidiu que não queria voltar e correr o risco de pegar coronavírus.
Nos EUA, governos de 25 Estados, todos chefiados por republicanos, anunciaram “o fim da mamata”. Decidiram que não vão repassar o dinheiro extra do seguro-desemprego aos trabalhadores, mesmo que ele saia dos cofres do governo federal. É uma tentativa de forçar o pessoal a pelo menos aparecer nas entrevistas.
Em economia, existe uma outra solução mais eficiente para esse problema: o preço. Se a matéria-prima está escassa, é preciso pagar mais por ela. Foi o que fez o Bank of America. Em maio, ele anunciou que o piso salarial do banco seria de US$ 25 a hora até 2025, após ter subido o valor a US$ 20 no ano passado. McDonald’s, Walmart, Starbucks e Amazon fizeram a mesma coisa nos últimos meses.