Referência em inclusão, esta professora faz mais do que dar aulas
Primeira professora com síndrome de Down no Brasil, Débora Seabra de Moura lutou para conquistar seu espaço no mercado de trabalho
“O que será que essa professora ensina?” Esse foi o comentário que a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, fez no Facebook quando soube que o Brasil tinha uma educadora com síndrome de Down.
A fala dizia respeito a Débora Seabra de Moura, que desde 2005 é auxiliar de uma classe de ensino fundamental em Natal (RN). A profissional não se intimidou com o preconceito e respondeu sobre seu trabalho em uma carta aberta: “Estudo planejamento, participo das reuniões, dou opiniões, conto histórias, acompanho aulas de inglês, música e educação física e muitas outras coisas”.
O amor pelos livros começou na infância, quando Débora pôde estudar numa escola que não era específica para quem tem Down. Isso gerou uma sensação de acolhimento e estimulou sua vontade de trabalhar na área.
Para conquistar o objetivo, entrou no magistério da Escola Estadual Luiz Antônio e, mais uma vez, enfrentou o preconceito. Alguns colegas foram intolerantes e o coordenador do curso teve de intervir. Com a ajuda da mãe, que a auxiliava nos estudos, ela superou os obstáculos e conquistou o diploma.
Formada, bateu à porta de uma escola particular de Natal e se voluntariou como educadora auxiliar. “As professoras me ajudaram a aprender o trabalho.” Mas suas tarefas não se limitam aos quadros-negros.
Débora é vice-diretora da regional do Nordeste da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, função que a leva a viajar pelo Brasil e para o exterior — já ministrou palestra até na sede da ONU em Nova York. Além disso, é autora de um livro de fábulas infantis sobre superação e amizade.