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Como funciona o aluguel de ações?

Rendimento do locatário pode ser mixuruca, mas é dinheiro "de graça" – uma raridade no mercado financeiro.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 17 jun 2021, 20h42 - Publicado em 7 jun 2021, 08h00
Menino vender papéis de ações em uma pequena banca na rua. Acima da banca, uma faixa onde está escrito "alugam-se ações".
 (Carol D'Avila/VOCÊ S/A)
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Alugar suas ações é uma forma de fazer um trocado extra com o investimento que você já tem. Como comprar uma casa na praia para passar férias, mas anunciá-la no Airbnb no período em que você está trabalhando. A renda do hóspede não vai te deixar rico, mas ajuda.

Essa grana que entra é um percentual sobre o valor das ações no momento do contrato de aluguel. Varia de perto de zero, tipo 0,03%, a uns 5% ao ano, dependendo da empresa. Essa taxa de juros média por empresa é divulgada pela B3 diariamente e já desconta as tarifas cobradas pelas corretoras. A comissão não é pequena, chega a 50% do que você ganhar.

Esse juro do aluguel leva em consideração oferta e demanda de cada empresa no mercado de aluguéis de ações, mas a volatilidade do papel também entra na conta. Ações com grande volume diário de negócios, e cujo sobe e desce das cotações é mais suave, pagam aluguel menor. Caso do Itaú com os mixurucos 0,03% de aluguel. Nisso, R$ 100 mil em Itaú rendem ao landlord duas cervejas artesanais ao ano (R$ 30).

E sobre esses trocados ainda há a cobrança de Imposto de Renda, que segue a tabela da renda fixa. Se as ações ficarem alugadas por um ano inteiro, os R$ 30 caem para R$ 24,75. Nem todos os contratos são anuais, então o dinheiro pode ser menor ainda, porque o imposto é mais caro.

Pouco ou muito, o lance é que esse é um dinheiro de graça. A única coisa que você faz é dizer para a corretora “oi, tudo bem, queria alugar as minhas ações”. Do resto ela se encarrega, e enquanto o contrato estiver valendo você não pode vender os papéis (nem votar em assembleia de acionistas).

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Já empresas com mais emoção rendem aluguel mais polpudo. Investidores do IRB que alugam suas ações recebem, em média, uns 3,5% ao ano, isso em períodos em que o mercado está mais calmo. No começo do ano, o aluguel do IRB foi a 8%. Focando nos 3,5%: se você tiver R$ 100 mil em IRB e colocar para alugar, consegue uns R$ 3.500 (ou R$ 2.887,50 depois do desconto do IR).

E por que é que alguém paga para alugar uma ação? Para apostar na queda dela. O IRB, portanto, tem aluguel caro – porque muita gente quer as ações dele temporariamente. O que eles fazem é alugar a sua ação e vendê-la imediatamente na bolsa. Aí ficam esperando que o papel recue. Se der certo, conseguem recomprar a ação mais barata, devolvê-la para você e lucrar com a diferença.

A parte chata: se a ação cair violentamente com o contrato em voga, você não tem como vender para frear o prejuízo. O dinheiro de graça do aluguel, então, só vale mesmo para quem está a fim de ficar com a ação por anos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

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