Como funciona o aluguel de ações?
Rendimento do locatário pode ser mixuruca, mas é dinheiro "de graça" – uma raridade no mercado financeiro.
Alugar suas ações é uma forma de fazer um trocado extra com o investimento que você já tem. Como comprar uma casa na praia para passar férias, mas anunciá-la no Airbnb no período em que você está trabalhando. A renda do hóspede não vai te deixar rico, mas ajuda.
Essa grana que entra é um percentual sobre o valor das ações no momento do contrato de aluguel. Varia de perto de zero, tipo 0,03%, a uns 5% ao ano, dependendo da empresa. Essa taxa de juros média por empresa é divulgada pela B3 diariamente e já desconta as tarifas cobradas pelas corretoras. A comissão não é pequena, chega a 50% do que você ganhar.
Esse juro do aluguel leva em consideração oferta e demanda de cada empresa no mercado de aluguéis de ações, mas a volatilidade do papel também entra na conta. Ações com grande volume diário de negócios, e cujo sobe e desce das cotações é mais suave, pagam aluguel menor. Caso do Itaú com os mixurucos 0,03% de aluguel. Nisso, R$ 100 mil em Itaú rendem ao landlord duas cervejas artesanais ao ano (R$ 30).
E sobre esses trocados ainda há a cobrança de Imposto de Renda, que segue a tabela da renda fixa. Se as ações ficarem alugadas por um ano inteiro, os R$ 30 caem para R$ 24,75. Nem todos os contratos são anuais, então o dinheiro pode ser menor ainda, porque o imposto é mais caro.
Pouco ou muito, o lance é que esse é um dinheiro de graça. A única coisa que você faz é dizer para a corretora “oi, tudo bem, queria alugar as minhas ações”. Do resto ela se encarrega, e enquanto o contrato estiver valendo você não pode vender os papéis (nem votar em assembleia de acionistas).
Já empresas com mais emoção rendem aluguel mais polpudo. Investidores do IRB que alugam suas ações recebem, em média, uns 3,5% ao ano, isso em períodos em que o mercado está mais calmo. No começo do ano, o aluguel do IRB foi a 8%. Focando nos 3,5%: se você tiver R$ 100 mil em IRB e colocar para alugar, consegue uns R$ 3.500 (ou R$ 2.887,50 depois do desconto do IR).
E por que é que alguém paga para alugar uma ação? Para apostar na queda dela. O IRB, portanto, tem aluguel caro – porque muita gente quer as ações dele temporariamente. O que eles fazem é alugar a sua ação e vendê-la imediatamente na bolsa. Aí ficam esperando que o papel recue. Se der certo, conseguem recomprar a ação mais barata, devolvê-la para você e lucrar com a diferença.
A parte chata: se a ação cair violentamente com o contrato em voga, você não tem como vender para frear o prejuízo. O dinheiro de graça do aluguel, então, só vale mesmo para quem está a fim de ficar com a ação por anos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.