É melhor comprar um imóvel ou ficar no aluguel para sempre?
Mesmo um financiamento que faça você pagar 2,4 apartamentos por um pode ser mais vantajoso lá na frente do que passar décadas no aluguel. Por outro lado, hipotecar a vida nem sempre faz sentido. Entenda.
Depende. Se a sua ideia é construir patrimônio, custe o que custar, vale a pena comprar de uma vez. Vamos fazer umas contas. Ou melhor: o simulador do Banco do Brasil vai fazer. As taxas variam de banco para banco e de pessoa para pessoa, lógico. Mas não existe milagre: os valores não mudam grande coisa. Então vamos lá.
Você quer um apartamento de R$ 500 mil em São Paulo e tem R$ 100 mil para dar de entrada. Num cenário assim, um financiamento de 30 anos começa com parcelas de R$ 4.500 (elas vão baixando no longo prazo, mas dá para usar esse valor como base para os cálculos aqui). Ao final de três décadas, você vai ter pagado R$ 1,2 milhão – R$ 100 mil da entrada mais 1,1 milhão, que é a soma de todas as parcelas do financiamento. Dá 2,4 apartamentos.
Note que estamos usando só valores de hoje. O valor nominal das parcelas será corrigido pela inflação. Provavelmente ele será de uns R$ 10 milhões. Mas isso não tem importância. O que vale é: R$ 10 milhões de amanhã, neste exemplo, são R$ 1,2 milhão de hoje. Esse é o valor real.
Bom, esse é o pior cenário para um financiamento. Entrada baixa, prazo gigante e numa época de juro alto, junho de 2022. Você acaba pagando quase três apartamentos, e só fica com um. Só que mesmo assim pode valer a pena.
O aluguel de um apartamento de R$ 500 mil sai por R$ 2,5 mil. A parcela do financiamento é de R$ 4,5 mil, certo? Então você teria R$ 2 mil livres para investir se não estivesse enforcado pelo financiamento. Beleza.
Vamos dizer que você seja um bom investidor. Que consiga ganhar 3% acima da inflação ao longo de três décadas (difícil, mas factível). Dessa forma, você conseguiria juntar R$ 1,17 milhão (sempre em valores atuais, lembre-se). Só que… Você passou 30 anos no aluguel. Gastou R$ 2,5 mil de hoje por 360 meses. Isso dá R$ 900 mil.
Conclusão: após 30 anos você fica com R$ 270 mil na mão (R$ 1,17 milhão menos R$ 900 mil). Se tivesse entrado no financiamento, teria, ao fim das três décadas, um patrimônio de R$ 500 mil – o apartamento em si. Sairia no lucro.
Mas nem tudo na vida é lucro para o longo prazo. Porque existe outra moeda em circulação no mundo: tempo. E ele é escasso. Se você tem 20 e poucos anos, talvez não ganhe o bastante para pagar R$ 4,5 mil por mês e, além disso, viver.
Sim, talvez seja melhor pegar os R$ 2 mil que sobram (se esse for o seu caso, lógico) e aproveitar enquanto é tempo: viajar, fazer cursos, whatever. Aí depois você pensa em ter um imóvel– de preferência em alguma época de juro baixo. Mas é isso. Uma vida bem vivida pode ser o mais sólido dos patrimônios. Pense com carinho.