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O que é análise quantitativa?

Um analista quantitativo, ou só quant, se esquiva da intuição e trata a escolha de ações como a ciência mais exata possível.

Por Bruno Vaiano
14 abr 2023, 06h01
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 (Lila Cruz/VOCÊ S/A)
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Toda empresa de capital aberto gera uma montanha de dados. Há seu lucro, sua receita, seu patrimônio, sua dívida – tudo nas versões bruta e líquida –, seu market cap, seu dividend yield, sua razão preço sobre lucro, suas patentes, o valor de sua marca… E é claro que essa numeralha não diz nada fora de contexto.

Você precisa ler os balanços anteriores para saber se esses indicadores melhoraram ou pioraram, entender as perspectivas de curto e longo prazo para o setor em que a empresa atua, imaginar quais serão os rumos da economia do país e da Terra como um todo. Esses e outros dados são, no jargão faria limer, os fundamentos da empresa. E o pessoal das finanças chama de análise fundamentalista a prática de destrinchá-los para determinar se uma ação está cara, barata ou precificada corretamente.

Lendas como Warren Buffett têm uma capacidade assombrosa de usar esses dados a seu favor, comprando ações de empresas maduras que permanecem sólidas pagadoras de dividendos por décadas a fio – de preferência, quando estão baratas –, e evitando papéis “da moda”, que sobem como memes e depois implodem. Essa é uma estratégia conhecida como value investing. Ainda que haja muita leitura e alguma matemática por trás das decisões de Buffett, elas também têm um lado humano e intuitivo, que se manifesta em máximas como “só compre algo que você ficaria perfeitamente feliz em ter se o mercado fechasse por dez anos”.

Um analista quantitativo, ou só quant, se esquiva da intuição e trata a escolha de ações como a ciência mais exata possível. Esses nerds das finanças usam estatística e probabilidade para criar equações que descrevem o comportamento das ações.

Então eles inserem essa matemática em programas de computador que mastigam montanhas de números e facilitam a tomada de decisão no dia a dia de Wall Street. Mais ou menos como um meteorologista, que usa um software para prever um movimento das nuvens e alcança uma precisão mais alta do que alguém que observa o céu diretamente.

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Por exemplo: um modelo de análise quantitativa – um robozinho – pode olhar para o comportamento de uma ação no passado e bater com variáveis como o histórico das taxas de juros, do preço do petróleo, do PIB da China (ou seja lá o que for). Se o robô descobrir que a ação costuma subir quando o petróleo sobe, ou cair quando o PIB da China cai, ele passará a comprar essa ação no futuro quando o barril estiver subindo ou a vendê-la quando o PIB da China cair.

Exatidão completa, claro, é impossível. Quem descobrisse uma maneira de prever o futuro dos mercados com base nas variáveis do presente sairia no lucro em todas as operações, e isso não existe. Economia e finanças são ciências sociais, e a sociedade é muito complexa para o poder computacional e os modelos matemáticos existentes hoje – às vezes, a intuição ainda é campeã.

Mas já existem muitos fundos de investimento inteiros em que a tomada de decisões é (ao menos parcialmente) obra de algoritmos em vez de seres humanos fazendo análise fundamentalista tradicional. São os fundos quantitativos, e eles são populares: hoje, cerca de 35% das negociações diárias nas bolsas americanas são obra de robozinhos.

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