qui, vale a máxima: tudo posso, nem tudo me convém.
Na noite da sexta-feira, 30 de agosto, os tuiteiros de todo o Brasil receberam a notícia que ninguém queria dar: a rede do passarinho havia sido suspensa por tempo indefinido. Alexandre de Moraes, ministro do STF, bateu o martelo depois de uma sequência bizarra de confusões judiciais (se você estava embaixo de uma pedra nesse meio tempo, sem problema: dá pra entender melhor o xabu nesta reportagem).
Acontece que a suspensão aconteceu fora do horário comercial. Depois de um final de semana em crise de abstinência, alguns CLTuiteiros descobriram que era possível matar a saudade da rede no computador da firma. Cortesia de uma mágica tecnologia corporativa: as VPNs.
VPN significa Virtual Private Network. Em linhas gerais, elas criam uma conexão de rede privada entre dispositivos da internet. É um procedimento bem padrão de segurança:as empresas costumam ter esse mecanismo em seus computadores para proteger seus dados. Na maioria delas, os funcionários só conseguem acessar os sistemas da companhia se estiverem logados nela.
O que rola é que o VPN redireciona o tráfego, e acessa um servidor fora do país. No restante do mundo, o X continua a todo vapor e, por isso, você consegue acessá-lo usando esse tipo de rede. Mas o Alexandre de Moraes sabe disso. Tanto que, após a decisão, o STF estabeleceu uma multa para quem usasse o X via VPN (mesmo que seja corporativo): R$ 50 mil.
Para Arthur Igreja, especialista em tecnologia, a aplicação dessa multa é virtualmente impossível. As VPNs pressupõem privacidade, criptografia e não-rastreabilidade.
Traduzindo: é improvável que seu chefe descubra a sua empreitada tuiteira. Mas aí fica o questionamento: é *mesmo* uma boa ideia descumprir a lei no ambiente de trabalho?
Naturalmente, há chefes e chefes. Talvez não seja legal que o seu te veja numa rede social momentaneamente ilegal no país e procurando brechas em uma decisão do STF. Ou pode ser que ele não esteja nem aí. Mas operar no campo das possibilidades, quando o assunto é o seu ganha-pão, nunca é boa ideia. Esse é o verdadeiro X da questão.
A melhor ideia é aproveitar a libertação da rede social para tocar na grama, tomar um sol, beber água. Reclamar em voz alta ao invés de digitar 280 caracteres também pode ser uma boa ideia. Afinal, o Elon Musk já tirou seu entretenimento: ele não precisa tirar seu emprego também.