Quais são as ações mais baratas do Ibovespa?
Na maior parte dos casos, são de empresas que têm dado lucros portentosos, mas cujas perspectivas para o longo prazo não convencem os investidores.
Uma delas é a Petrobras. Para dar uma ideia: ela lucrou o equivalente a US$ 25 bilhões nos últimos 12 meses. A Saudi Aramco, sua concorrente saudita, US$ 90 bilhões. Dá 3,6 vezes mais. Por esse critério, então, o valor de mercado da Aramco deveria ser 3,6 vezes maior que o da Petro. Mas não é o caso.
O preço somado de todas as ações da Saudi Aramco é de US$ 1,9 trilhão. Este é o valor de mercado dela. O da Petrobras fica em meros US$ 70 bilhões. Ou seja: a saudita vale 27 vezes mais, quando o “justo” seria 3,6 vezes.
Esses números não estão aqui à toa. O que os investidores fazem para saber se uma ação está cara ou barata é justamente dividir o valor de mercado da empresa pelo lucro que ela deu nos últimos 12 meses. E aí comparam os resultados.
Vamos fazer a gente aqui. Divida US$ 70 bilhões (o valor de mercado da Petro, em dezembro) por US$ 25 bilhões (o lucro dela nos últimos 12 meses). Voilà, surge o número 2,8. Este é o indicador Preço sobre Lucro (P/L) da Petro. Faça as mesmas contas com a Saudi Aramco, e o resultado é um P/L de 21.
Historicamente, o P/L das grandes petroleiras fica em torno de 10. Temos aí que a Saudi Aramco está cara, e a Petrobras barata.
E o que faz uma empresa estar cara ou barata? A Black Friday? Não: as expectativas dos investidores. A Petrobras apresentou lucros fortíssimos nos últimos 12 meses. Idem para a Saudi Aramco. Os investidores, porém, temem que o governo brasileiro mande a Petro vender gasolina abaixo do preço de custo em suas refinarias, o que seria um baque para as finanças da estatal (e já aconteceu antes). Esse medo machuca a cotação dos papéis da Petro, e eles ficam baratos, com esse P/L esquálido.
Em relação à Saudi Aramco simplesmente não existe um receio parecido. A expectativa é a de que os sauditas sigam multiplicando seus lucros com a alta rampante do petróleo. Isso fez os papéis da companhia virarem ouro. Daí o P/L gordo.
Outras brasileiras com P/Ls baixos neste momento são as siderúrgicas/mineradoras (CSN, Usiminas, Gerdau, Vale…). Elas lucraram horrores nos últimos 12 meses com as altas do minério de ferro, mas a perspectiva é de que isso não se repita em 2022, já que a commodity passou por uma queda feia. Isso faz da Vale – a maior entre as 89 empresas do Ibovespa – uma das mais baratas: a 11ª nesse quesito, com seu P/L de 4,2. Veja aqui em baixo os menores P/Ls do Ibov.