Qual a diferença entre o CPI e PCE, os dois índices de inflação dos EUA?
Ambos medem a variação de preços de uma cesta de produtos, mas os critérios para quais serão incluídos na conta são diferentes.
O CPI (Consumer Price Index) é o IPCA dos EUA, produzido pelo Ministério do Trabalho deles. Trata-se do índice oficial de inflação. Ele dá a variação média nos preços de uma cesta de itens, mês a mês. No momento, são 299 produtos e serviços (pneus, maçãs, bacon, cortes de cabelo, planos de saúde…).
A lista vai mudando de tempos em tempos para incluir novidades (smartphones, por exemplo). Mas a base segue a mesma.
O PCE (Personal Consumption Expenditures) faz a mesma coisa. Com uma diferença. Elaborado pelo Ministério do Comércio, ele tenta reproduzir a inflação dos itens que as pessoas estão comprando de fato. Por exemplo: se o preço da carne vermelha subir demais, as pessoas vão substituí-la por frango, ao menos em parte. Num cenário assim, a fórmula do PCE dará um peso maior à variação do preço do frango, pois o hábito de consumo mudou.
Por conta dessa característica, o PCE tende a vir menor que o CPI. O pico recente da inflação americana rolou em junho de 2022. Pelo CPI, ela foi de 9,1%. Pelo PCE, de 7,0%.
O banco central americano considera o PCE mais preciso que o “rival”. A vantagem é que ele dribla altas sazonais, que podem não ter relação com a política de juros. Se o tomate triplicou de preço por conta de uma praga, e as pessoas passaram a comprar menos tomate, não há mesmo grandes razões para incluir a hortaliça vermelha na conta da inflação geral. Pelo menos não com o mesmo peso de antes.
A própria meta de inflação do Fed (2% a.a.) não é para o CPI, mas para o PCE mesmo. Mais especificamente para o “núcleo do PCE”, que exclui as variações nos preços de combustíveis e alimentos (mais voláteis). Em junho de 2023 o núcleo do PCE fechou em 4,1%. Enquanto isso, o do CPI estava em 4,8%.
Até o início de 2023, o Brasil não tinha um índice com a característica do PCE. Mas a FGV está desenvolvendo um, em caráter experimental. É o IPGF – Índice de Preços de Gastos Familiares. O mais recente (entre os divulgados até agosto) diz respeito à inflação de abril. Pelo IPGF, deu 3,5% em 12 meses. Pelo IPCA, o índice oficial, foram 4,2%.