Qual foi o maior IPO da história?
Foi um que levantou mais de US$ 25 bilhões – em troca de míseros 1,5% da empresa.
Foi o da Saudi Aramco, a petroleira estatal da Arábia Saudita, que estreou na bolsa de Riad em dezembro de 2019. Foram 3 bilhões de ações a US$ 8,53 cada, levantando US$ 25,6 bilhões. Note que essa bolada representava só 1,5% da empresa. Os outros 98,5% não fizeram parte da Oferta Pública Inicial (IPO na sigla em inglês) – seguiram debaixo do colchão do governo saudita.
Antes do lançamento das ações não dava para cravar qual era o valor de mercado da Saudi Aramco, que extrai três vezes mais petróleo que a Petrobras e está sentada em cima da segunda maior reserva do mundo (depois das da Venezuela).
Isso vale para qualquer companhia. Só dá para saber quanto o seu negócio vale de fato se alguém topa pagar para ter um pedaço dele. E aí faz-se a regra de três. No caso da Saudi Aramco, como 1,5% passou a valer US$ 25,6 bilhões (o preço que o mercado topou pagar), temos que o valor dela inteira era, no momento do IPO, de US$ 1,7 trilhão.
Isso fez da Saudi Aramco a companhia mais valiosa da história. Uma alta adicional dos papéis na bolsa chegou a elevar o valor de mercado da petroleira para ainda mais surreais US$ 2 trilhões. Mas o regozijo dos Al-Saud, a família real saudita, não durou muito. Em 2020, a Apple ultrapassaria essa marca.
E de forma bem mais democrática: todas as ações da empresa da maçã circulam no mercado (no jargão financeiro, ela tem 100% de free float). Tanto que a Apple não tem um dono. Tem vários, que foram ganhando importância dentro da companhia conforme adquiriam mais e mais ações no mercado. Hoje, os maiores acionistas da Apple são dois fundos de investimento (o Vanguard e o BlackRock), com uns 6% ou 7% cada um, mais a Berkshire Hathaway, o conglomerado de Warren Buffett (com 5%).
Tim Cook tem só 0,02%. Mas, calma: não precisa fazer um Pix para ajudar o CEO da Apple a pagar a conta de luz. Só esse teco dá quase US$ 500 milhões pelo valor de mercado que a Apple tem hoje. Isso é bem mais do que a avaliação que a Apple teve no dia de seu IPO, em 12 de dezembro de 1980: US$ 100 milhões da época. Corrigindo pela inflação, dá US$ 300 milhões de hoje. Ninharia.