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Quem inventou a bolsa de valores?

Foi o governo da Holanda, em 1602. A ideia surgiu de uma vaquinha gigante para concorrer no mercado da Grandes Navegações.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 14 out 2021, 22h08 - Publicado em 14 out 2021, 22h07
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 (Eduardo Hy Mussi/VOCÊ S/A)
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A história começa com as Grandes Navegações. Cem anos antes, Portugal e Espanha passaram a lançar navios com a ideia de estabelecer uma rota direta, de comércio, sem intermediários, com a Índia (ou “as Índias”, como diziam). O subcontinente indiano era a fonte das commodities mais valiosas da época: as especiarias (cravo, canela, noz-moscada) – luxos alimentícios que valiam seu peso em ouro na Europa, e que na Índia eram arroz de festa, o que garantia margens de lucro na faixa de 700%.

Portugal e Espanha dominavam esse comércio. Tinham a tecnologia para produzir navios intercontinentais confiáveis e acesso às linhas de crédito dos banqueiros de Florença. Enquanto isso, outros países tentavam a sorte. Um deles era a Holanda. Os Países Baixos tinham seis empresas de navegação dedicadas a montar expedições para a Ásia em busca de especiarias. Mas a falta de bons navios e de marinheiros com experiência em mar aberto cobrava caro. Dos 22 barcos que elas mandaram para a Índia em 1598, por exemplo, só 12 voltaram. Não era simples conseguir financiamento para as expedições com um índice desses.

O governo da Holanda, então, teve uma ideia fora da caixa: diluir o risco. Convidaram toda a população com algum ouro sobrando para entrar na jogada. Cada investidor daria um pouco de dinheiro, e ficaria com uma porcentagem nos lucros se as expedições dessem certo. Se não dessem, paciência: todo mundo dividiria o prejuízo.

Para organizar tudo, o Estado fez o seguinte: em 1602, fundiu as seis empresas de navegação em uma só, de grande porte: a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Então passou a vender “participações” na companhia. Nascia ali, naquele exato momento, o conceito de “ações”: pedaços de uma empreitada que dão direito a uma parte do lucro que ela eventualmente levantar.

A primeira ação da história, então, passou a ser vendida pelo governo num mercadão de Amsterdã, uma espécie de Ceasa que os holandeses já chamavam de bourse (bolsa) em referência às bolsinhas de dinheiro dos comerciantes. 1.143 pessoas se tornaram acionistas da Cia. da Índias – que se tornaria a maior e mais lucrativa empresa do seu tempo. Em 1607, um terço das ações tinha trocado de mãos. Ou seja: bastou surgirem as ações para que aparecesse o mercado de ações.

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