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Se o Brasil é autossuficiente em petróleo, por que a gente importa combustível?

Extrair petróleo é uma coisa. Refinar o suco de dinossauro é outra. Para virar gasolina, diesel ou o que for, o petróleo precisa passar por uma refinaria. Aí começa o problema.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 11 mar 2022, 15h13 - Publicado em 8 mar 2021, 08h00
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 (Kaique Valente/VOCÊ S/A)
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O Brasil produz 2,9 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). Daria e sobraria para o consumo de derivados no país. Não é de hoje. Isso acontece desde 2006, quando a produção nacional era bem menor (1,8 milhão de bpd). Agora, só o pré-sal, que nem tinha sido descoberto em 2006, responde por 1,5 milhão de bpd. Show.

Mas extrair petróleo é uma coisa. Refinar o suco de dinossauro é outra. Para virar gasolina, diesel ou seja lá o que for, o petróleo precisa passar por uma refinaria. E a capacidade de refino do Brasil é menor do que a demanda por derivados do líquido pastoso – principalmente diesel e gasolina.

Aí o jeito é importar o que falta. Em 2020, um a cada 4,5 litros de diesel queimados nos motores dos caminhões desse brasilzão veio de fora do país; e um a cada 6,4 litros de gasolina. Em termos mais usuais: 22% do diesel, 15,6% da gasolina.

Nisso, o Brasil acaba exportando seu enorme excedente de óleo cru. Dos 2,8 milhões de barris por dia, 1,3 milhão. Ou seja, 46%. E não é só por conta da falta de capacidade de refino. O ponto é que boa parte das 17 refinarias em operação no país foi projetada para trabalhar com óleo leve, fácil de refinar, vindo da Arábia Saudita – nossa fonte quando éramos grandes importadores de petróleo.

O óleo do pré-sal é leve também. Mas o restante da produção consiste basicamente em óleo pesado, um asfaltão que não conversa bem com os equipamentos das nossas refinarias. Logo, também exportamos óleo pesado para comprar óleo leve lá de fora. Importamos 134 mil bpd em 2020, o equivalente a 5% da produção local. Só seremos autossuficientes para valer com um parque de refino à altura da nossa demanda, e com instalações modernas o bastante para lidar com qualquer tipo de petróleo.

A Petrobras, dona de 98% da capacidade de refino no país, planeja se concentrar na produção (mais lucrativa). Então dependemos da iniciativa privada para a construção de novas refinarias. Mas elas só vão entrar no jogo se tiverem liberdade para definir o preço do diesel e da gasolina que produzirem (como acontece em qualquer atividade econômica). E isso só vai acontecer sob um governo que não tente interferir nos preços dos combustíveis – não é o caso deste que está no poder agora.

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