Vol é vida?
Vol é só o apelido que o pessoal da Faria Lima deu para a volatilidade do mercado financeiro. Mas é vida mesmo?
Se você não entendeu nem a pergunta, não se assuste. Vol é só o apelido que o pessoal da Faria Lima deu para a volatilidade do mercado financeiro. E eles dizem gostar tanto de volatilidade que até já fizeram uma camiseta com a frase “Vol é Vida”. Mas é mesmo?
Primeiro vamos entender que bicho é esse. Uma forma simples de explicar volatilidade é pela metáfora do eletrocardiograma: sobe e desce o tempo todo. Alta de 1% num dia, cai 2% no outro, sobe 3% no terceiro, despenca 4% no quarto. E haja estômago para ver o suado dinheirinho variar tanto assim lá no aplicativo da corretora.
Volatilidade é, portanto, uma medida estatística dessa oscilação dos mercados para cima e para baixo. E ela também serve para estimar qual é o risco de perder dinheiro com um investimento. Quanto maior a volatilidade dos preços de uma ação, maior o risco. Existem várias maneiras de medir a volatilidade.
A mais simples é olhar para a oscilação do preço do investimento no passado, a chamada volatilidade histórica. Veja o caso das ações da resseguradora IRB Brasil. Desde o início de 2020, quando os papéis da empresa perderam 85% do valor da noite para o dia, a volatilidade tem sido absurda. Tem dia em que o IRB sobe 10%, e tem dia em que cai 10%. Você não gostaria de perder 10% em questão de horas, claro. Por outro lado, as ações hipervoláteis trazem possibilidades de ganho rápido que você não encontra nas companhias mais estáveis. E aí que está a ironia da frase: vol é risco, mas também é oportunidade.
Quem inventou o “Vol é Vida”, então, estava batendo no peito, querendo mostrar que domina o sobe e desce do mercado e sabe fazer dinheiro sob sol ou chuva. Como você pode ver na pergunta número 2, dá para ganhar dinheiro tanto com altas como com baixas nas ações. E alguém genial (ou que toma banho de Lua de bruços) pode, em tese, ganhar boladas seguidamente, na alta e na baixa – mais ainda se estiver apostando com opções de compra ou de venda, ferramentas do mercado financeiro que podem dar 1.000% (ou bem mais) de lucro a cada subida (ou descida) de 10%. Para quem curte essa vida louca, quanto mais vol, melhor.
Mas aí que o bicho pega, claro: se uma previsão de alta ou de baixa não acontecer, a pessoinha com a camiseta de Vol é Vida debaixo do colete vai se lascar – porque com opções não tem brincadeira. Ou você ganha bonito ou a roleta cai no Perde Tudo. Aí vol é morte.