BlackRock tenta abrir mercado de ETF de Bitcoin nos EUA
A maior gestora do mundo quer lançar um fundo de Bitcoin na bolsa americana. Para isso, precisará da aprovação da SEC, que já recusou outros 30 pedidos desse tipo. Entenda.
A BlackRock planeja lançar o primeiro ETF de Bitcoin dos EUA. A ideia é que o ativo seja negociado na Nasdaq, sob custódia da corretora de criptos Coinbase, que é listada na bolsa americana. A proposta veio em meados de junho e ajudou o Bitcoin a ultrapassar a barreira dos US$ 30 mil pela primeira vez desde abril.
Só que o novo produto ainda depende da aprovação da SEC – a CVM dos EUA. E, quando o assunto é criptoativos, a agência tem se comportado como um Cérbero, guardando os portões do sistema financeiro tradicional.
Não é primeira vez que uma gestora de investimentos tenta lançar um ETF de Bitcoin por lá. Segundo um levantamento da Bloomberg Intelligence, já foram ao menos 30 pedidos. A SEC recusou todos, apontando que esse tipo de produto está sujeito a fraudes e não oferece proteção suficiente ao investidor.
Desta vez, o mercado se animou porque a solicitação veio da maior gestora do planeta. Depois do anúncio da BlackRock, outros fundos (entre eles a Fidelity, terceira maior gestora dos EUA) entraram em uma corrida para registrar ou refazer seus próprios pedidos.
Mas o pulso firme da SEC não afrouxou. No fim do mês, a agência respondeu que as solicitações não eram claras. Que precisariam de mais informações para avaliá-las. Aí as gestoras tiveram que refazer os pedidos, e agora aguardam o parecer final do regulador.
Caso aprovado, o ETF acompanharia diretamente as variações de preço do Bitcoin. Na prática, ele tornaria o acesso à criptomoeda mais amplo – já que daria para negociar diretamente na bolsa, via home broker, ao lado de ações e outros produtos financeiros tradicionais. É o que rola no Brasil, que tem ETFs de cripto desde 2021.
Não que os EUA não tenham nenhuma exposição a criptos na bolsa: atualmente, existem pelo menos meia dúzia de ETFs que replicam índices de mercado futuro do Bitcoin. Ou seja, são fundos que acompanham as expectativas do mercado sobre o preço da cripto – não o preço do Bitcoin em si.
A SEC prefere assim porque os índices futuros são geridos por companhias reguladas em solo americano, como a Chicago Mercantile Exchange (CME).
Já as gestoras de criptomoedas raramente estão registradas como corretoras de fato, e não respondem às exigências dos reguladores americanos. Para a SEC, a falta de regulação mundo afora torna esses ativos sujeitos a fraude.