Atividades manuais podem ter mais efeito na saúde mental do que ter um emprego
Em novo estudo, pesquisadores da Universidade Anglia Ruskin, do Reino Unido, mediram os impactos de atividades como tricô, costura e desenhos no bem-estar da população. Confira os resultados.
ricô, crochê, costura, cerâmica, pintura, desenhos… seja qual for a modalidade de atividade manual, ela pode aumentar significativamente nossa satisfação com a vida e nossa felicidade – ainda mais do que ter um emprego.
É o que revela um novo estudo, feito por pesquisadores da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido. A coleta de dados foi feita entre 2019 e 2020, com cerca de 7,1 mil indivíduos com mais de 16 anos estudados.
A ideia do estudo, segundo publicação no jornal Frontiers in Public Health, é preencher algumas lacunas dessa área de pesquisa. Segundo os estudiosos, até então, o foco dos levantamentos se concentrava ora em atividades específicas, ora em indivíduos que sofriam com questões de saúde mental.
O objetivo, portanto, era abordar se o engajamento geral nessas atividades tinha algum efeito no bem estar subjetivo da população como um todo (não apenas a “população clínica” investigada anteriormente), em uma amostra maior e mais representativa.
Mas não só isso. Além de medir o impacto no bem-estar e na felicidade dos participantes, eles também queriam fazer uma comparação com outros fatores que já conhecemos, como gênero, faixa etária, saúde e status de emprego.
Por exemplo: o desemprego e uma saúde deteriorada tendem a carcomer nosso bem-estar. Outros estudos mostram que ele também diminui com a idade. Em relação a gênero, há estudos mistos sobre o assunto, mas a nossa relação com ele (estar bem resolvido ou mal resolvido internamente com essas questões, por exemplo) também afetam nossa felicidade e nosso bem estar.
“Essa avaliação de magnitude nos permite avaliar o quão benéfico o envolvimento com arte e artesanato pode ser para o bem-estar e a solidão em um ambiente real”, escrevem os pesquisadores.
O que exatamente a pesquisa categoriza como bem-estar? Eles usaram a referência do Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido: “compreende variáveis de felicidade, ansiedade, satisfação com a vida e uma sensação de que a vida vale a pena, pois essas variáveis fornecem uma boa medida de se sentir bem (emoções positivas e satisfação com a vida) e de se sair bem (uma sensação de realização).”
Resultados
O resultado da pesquisa mostra que, além de ter benefícios palpáveis para a felicidade e bem-estar dos indivíduos, quantitativamente, os níveis de ambos são maiores nesse tipo de atividade do que quando levamos em consideração outros fatores. Ou seja: ter um emprego, estar no primor da idade, ter boa saúde… essas variáveis trazem níveis altos de bem-estar, mas não tanto quanto as atividades manuais.
E isso traz uma pá de benefícios indiretos. O bem-estar positivo está associado a um maior rendimento escolar, melhores resultados de saúde física, comportamentos de saúde física mais positivos e redução da mortalidade. Também reduz pensamentos suicidas e diminui drasticamente nossos níveis de solidão.
Os estudiosos concluem que os dados são importantes não somente a nível ideal, mas também quando pensamos em políticas de saúde pública. Afinal, tais atividades têm retorno imenso à saúde mental da população, têm custos e materiais acessíveis e podem ajudar a promover políticas de saúde mais eficazes.
“Esta será uma ferramenta útil em nível de saúde pública, observando a relativa acessibilidade e preço acessível da criação de artes e artesanato”, argumentam os pesquisadores.
“Quaisquer intervenções para combater os profundos problemas de saúde pública de baixo bem-estar e elevada solidão podem, portanto, ter um impacto significativo”, finalizam.