Equipes diversificadas são mais criativas, mas vacilam na execução, segundo a ciência
Um estudo afirma que, quando os membros de um time tem expertises diferentes, os resultados são mais criativos, mas menos eficazes. Entenda.

Várias cabeças podem até pensar melhor do que uma, mas na hora de botar a mão na massa, elas não são tão eficientes. Um novo estudo, publicado no periódico Management Science, mostra que equipes com especialidades muito diferentes têm dificuldade de executar suas tarefas.
O estudo buscava explorar a criatividade de uma equipe através da neuroimagem. Em sua pesquisa, os cientistas descobriram que, embora equipes com diferentes conjuntos de habilidades e perspectivas levantem ideias novas e únicas, elas costumam ter dificuldade para encontrar soluções práticas e viáveis.
O experimento em si analisava o desempenho de 40 duplas, formadas por engenheiros e contadores, que são áreas de conhecimento diferentes. Eles ficaram responsáveis por pensar em usos criativos para um espaço universitário inutilizado.
De acordo com os resultados da pesquisa, as equipes que tinham habilidades mais misturadas pensaram em propostas mais únicas e criativas. Contudo, suas ideias não eram tão úteis ou práticas quando comparadas às dos times que compartilhavam expertises.
“Nosso estudo desafia a crença moderna de que equipes com expertise diversificada sempre impulsionam a criatividade”, disse Adam Presslee, professor da Escola de Contabilidade e Finanças de Waterloo e um dos autores do estudo. “Embora equipes com diferentes conjuntos de habilidades e perspectivas tendam a ter ideias mais originais, elas também enfrentam atritos ao tentar transformar essas ideias em soluções práticas e implementáveis.”
O estudo usou tecnologia de escaneamento cerebral para medir como os cérebros dos participantes responderam durante o trabalho em equipe. Com essas imagens, eles podem verificar quais áreas do cérebro estão mais ativas em determinados momentos.
Eles descobriram, por exemplo, que quando os cérebros das duplas estavam mais sincronizados em certas áreas, isso também influenciava a singularidade ou utilidade de suas ideias.
O estudo oferece duas contribuições científicas importantes: a primeira é que, embora a experiência diversificada aumente a criatividade das ideias da equipe, ela reduz sua utilidade. Isso coloca os gerentes em uma posição complexa, em que precisam levar em conta o equilíbrio dos resultados. A diversidade de habilidades em equipes pode ser uma faca de dois gumes em termos de seu efeito na criatividade.
Em segundo lugar, ao usar neuroimagem, o estudo demonstrou que equipes com diferentes conjuntos de habilidades e perspectivas acionam diferentes áreas do cérebro associadas ao pensamento divergente e convergente.
O estudo deve ressoar significativamente para as empresas, especialmente para gerentes onde a aplicação da diversidade funcional não é uma solução única.
“Para que as empresas obtenham o máximo de suas equipes, elas precisam pensar cuidadosamente sobre que tipo de produção criativa desejam”, disse Presslee. “A experiência diversificada é ótima se o objetivo for ideias inovadoras e ‘fora da caixa’. Mas se você precisa de ideias úteis oportunas, pode querer uma equipe mais focada e uniforme.”