Bandeira branca entre EUA e China, mas não entre Guedes e Bolsonaro

Reaproximação das potências alimenta novos recordes nos índices americanos. Por aqui, adiamento do pacote de Guedes e Vale freiam o Ibovespa.

Por Luciana Lima
Atualizado em 17 out 2024, 10h58 - Publicado em 25 ago 2020, 18h49
USA and China trade relations, cooperation strategy. US America and China flags on chess king on a chessboard. (Prasit photo/)
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O dia amanheceu com a notícia de que China e os EUA reafirmaram o compromisso do acordo comercial firmado entre eles lá no início do ano. A promessa, feita através de um telefonema entre representantes dos governos dos dois países, não poderia acontecer em melhor hora. Desde maio não havia uma DR formal entre China e EUA – o que corria solto eram as ameaças e as trocas de farpas em público. A situação piorou no início deste mês, quando Trump começou uma verdadeira caçada aos aplicativos Tik Tok e We Chat.

O aumento da tensão preocupava os investidores. Todo mundo temia que o acordo, cuja costura levou dois anos, acabasse indo pelos ares. A bandeira branca de hoje, então, foi bem recebida e fez com as bolsas rompessem a terça-feira em alta. 

A trégua foi capaz de segurar momentaneamente a queda do Ibovespa, que também amanheceu de olho em uma briga: a de Paulo Guedes e Bolsonaro. O adiamento do pacote econômico do governo, por conta de divergências no valor das novas parcelas do auxílio emergencial, fizeram os juros futuros disparar. Juros futuros em alta é sinal de coisa ruim. É o mercado precificando que o governo vai se endividar demais e terá de pagar juros mais altos para rolar a dívida. Isso gera um efeito bola de neve, que faz o déficit público crescer no longo prazo. Apesar da preocupação, o cenário externo favorável conseguiu elevar o Ibovespa em +0,51% pela manhã, batendo nos 102.965 pontos.

Mas não demorou para o caldo entornar. No meio da manhã, a organização de pesquisas The Conference Board anunciou uma baixa no Índice de Confiança do Consumidor dos EUA. Ele caiu, em agosto, para o nível mais baixo desde 2014. O índice, elaborado em parceria com a Nielsen, recuou a 84,8 pontos, ante os 91,7 de julho. É o segundo mês consecutivo que a desesperança se abate sobre a terra da Macy’s. O pessimismo pegou de surpresa os analistas. A Bloomberg, por exemplo, previa que o índice fosse crescer e chegar em 93 neste mês.

A divulgação do indicador levou todo mundo para o vermelho automaticamente: Ibovespa -0,39%, Dow Jones -0,15%, Nasdaq -0,5% e S&P 500 -0,2%. 

O Dow Jones e o Ibovespa, coitados, não conseguiram se recuperar do baque e fecharam o dia em relativa baixa, -0,21% e -0,18%, respectivamente.

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Por aqui, além do Índice de Confiança gringo e da novela Bolsonaro/Guedes, pesou a derrocada da Vale, que chegou a cair -2,64%, impactada pelo tombo de -1,79% do minério de ferro, vendido agora a US$ 122,99 no porto de Qingdao (China). A Braskem foi outra que ajudou – a piorar. Pressionada pelo governo mexicano a rever contratos, a empresa do Grupo Odebrecht teve uma das maiores quedas do pregão e fechou em –3,31%.

As vilãs do Dow Jones foram a Exxon Mobil (-3,17%),  a Raytheon Technologies (-1,50%) e a Pfizer (-1,11). Todas as três estão saindo do índice e serão substituídas pelas empresas de Amgem, Salesforce e Honeywell International, reforçando a participação do setor de tecnologia no tradicional Índice da Bolsa de Nova York (NYSE) – com isso, talvez ele não siga mais apanhando tanto do Índice Nasdaq. 

Que foi exatamente o que aconteceu hoje. O lar das Big Techs se recuperou do baque e fechou em alta de 0,76% – um clima mais ameno entre EUA e China é algo positivo para boa parte das empresas americanas de tecnologia, que temem perder o mercado chinês caso as desavenças políticas se tornem insustentáveis. É o 38o dia neste ano que o Nasdaq Composite Index fecha em um valor recorde – que agora é de 11.466 pontos.  

Recorde renovado também para o S&P 500 – pela 17a vez em 2020. O índice, que mede a variação das 500 maiores empresas do EUA (estejam elas na Nasdaq ou na NYSE), fechou em alta de 0,36%, a 3.444 pontos.

Um dos destaques nesse novo dia recordista foi o Facebook (+3,47%) que anunciou, nesta terça (25), uma série de recursos de e-commerce em sua plataforma. Pelo menos uma boa notícia para Mark Zuckerberg. Ele criou, há alguns meses, um lobby chamado American Edge Project. O objetivo ali é promover as empresas de tecnologia americanas em nome da “segurança nacional” – e a iniciativa teria influenciado o governo de lá a barrar o TikTok e o WeChat, concorrentes do Instagram e do WhatsApp, que pertencem a Mark. O reatamento entre EUA e China, então, não deve ter alegrado Zuck – até porque suas redes sociais seguem proibidas na terra de Xi Jinping. Mas, claro: o resto do mundo agradece a trégua.

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Maiores altas

Renner: +4.29%

Rumo S.A +3.48%

Hering: +3.17%

Eletrobras: +3.11%

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Hypera: +3.04%

Maiores baixas

Braskem:  -3,51%

Cielo: – 3,38

JBS: -3,02

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Azul: -2,75%

BTG: -2,75

Petróleo

Brent: +1,62, a US$ 45,86  

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WTI: +1,71, a US$ 43,35

Dólar: -1,83%, a R$ 5,51

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