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E-commerce catapulta ações da Natura (8,18%) e da Hering (10,27%)

Ibovespa fecha em alta de 0,89%. Lá fora Índice de Confiança do Consumidor estável nos EUA segurou as baixas.

Por Alexandre Versignassi, Camila Pati
Atualizado em 17 out 2024, 11h01 - Publicado em 14 ago 2020, 18h37
 ((/)/Getty Images)
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Fiducia é “confiança” em italiano. A palavra tem a mesma raiz latina que deu origem ao termo “moeda fiduciária” – aquela que você tem na sua conta de banco. Ela não é feita de ouro, nem de prata, nem de nada que tenha valor intrínseco. Desde 1971 não existe o tal “lastro em ouro” para o dinheiro de papel. Desde lá, as moedas são feitas de algo abstrato: confiança. Fiducia. Fé no fato de que aquilo vale alguma coisa. 

Tem dado certo. 

Porque, na economia, não só as moedas são feitas de fé. Dadas certas condições básicas (saúde, educação, moeda estável, segurança jurídica), a diferença entre uma economia que funciona e uma que não funciona fica restrita a um único fator: confiança. Fé de que o amanhã será melhor do que hoje. 

Quando existe confiança, a moça que estava desempregada toma coragem de abrir uma loja de incenso indiano, pois acredita que os clientes virão. O ex-garçom junta amigos para montar um bar de empanadas, pois acredita que os clientes virão. E os clientes aparecem mesmo, pois acreditam que não vai faltar dinheiro amanhã, então vale gastar um a mais. Tudo dando certo, os dois comércios crescem. E uma hora o pessoal das empanadas será cliente da loja de incenso e vice-versa.  

E nisso temos um ciclo virtuoso que faz o PIB crescer – puxado exclusivamente pela confiança.        

E como se mede essa confiança? Perguntando para a as pessoas na rua? Exato. No Brasil, a FGV faz uma pesquisa assim, e ela gera o ICC (Índice de Confiança do Consumidor). A mais recente, divulgada ontem e referente aos números preliminares de agosto, mostra uma queda por aqui. Antes da pandemia, estava em 88 pontos. Em julho, 79. E agora, nessa preliminar de agosto, 75,8.

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Nos EUA, estava até pior. O Índice de Confiança deles, auferido pela Universidade de Michigan, caiu pela metade. Estava em 130 pontos antes da pandemia. Em julho, tinha ficado 72,5. E hoje saiu a preliminar de agosto deles. Os analistas esperavam uma queda para 71. Mas, surpresa: o número veio mais ou menos animador. Uma leve alta para 72,8. Menos mal.

Tanto que o Índice acabou segurando a realização de lucros nas bolsas de lá, que começou a ser ensaiada ontem. E elas fecharam perto do zero. -0,02% para o índice S&P 500, + 0,12% para o Dow Jones e – 0,21% para a Nasdaq.

Já o Ibovespa se descolou do exterior, e fechou o dia em alta, de 0,89%. Cortesia das construtoras de shoppings, que vinham amargando perdas e tiveram um dia de recuperação forte, com BR Malls (4,91%), Iguatemi (2,36%) e Multiplan (2,91%). Os frigoríficos também se recuperaram do baque de ontem, com Marfrig (3,25%) e, principalmente, JBS (5,19%), cujos papéis foram à estratosfera após a divulgação de um balanço carnudo: lucro de R$ 3,38 bilhões – 54% superior ao do mesmo período do ano passado. 

Já as ações de outro frigorífico, a BRF, tiveram mais um dia difícil. Fecharam em -1,29% ainda sofrendo efeitos das asinhas com coronavírus – produzidas pela Aurora, sua concorrente, também sediada em Santa Catarina. A BRF é a maior exportadora de carnes de ave do país, então ela tende a ser a mais afetada pelo caso (esse só não é o caso da própria Aurora porque a companhia não tem ações listadas em bolsa). Já a JBS produz a maior parte dos seus frangos nos EUA. E a Marfrig só trabalha com carne bovina – até agora, insuspeita. 

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Mesmo com a alta de hoje, porém, o Ibovespa fechou a semana numa baixa de 2%, por conta das incertezas sobre a manutenção do teto de gastos.

Hering e Natura 

A maior alta do dia ficou com a Hering. No balanço, divulgado ontem, a malharia de Blumenau comemorou um aumento de 165% nas vendas online. E sextou com o melhor desempenho do Ibovespa: alta de 10,27%. O lucro reportado pela companhia em plena pandemia, foi de R$ 126,8 milhões – 211% acima do reportado no mesmo período de 2019. O número pode ser explicado por uma compensação tributária obtida na Justiça, em maio, referente a uma devolução de valores pagos ao PIS/Cofins entre 2002 e 2017. O valor, de acordo com a empresa, é R$ 279 milhões. Já a receita líquida da companhia caiu 67% no período, por conta das lojas físicas fechadas. Mas o ganho de terreno no online foi visto como algo (extremamente) positivo pelo mercado.   

A outra estrela do dia foi a Natura (+8,18%), que divulgou um balanço perfumado ontem. Com a esmagadora maioria de suas lojas fechadas, a empresa conseguiu migrar com certa agilidade para as vendas online. Resultado: aumento de 225% no e-commerce – algo que sempre é bem visto. Afinal, nada aumenta mais a confiança dos investidores que uma empresa símbolo da forma mais antiga de comércio, o porta-em-porta, estabelecer-se no mercado online. 

E confiança, como vimos, move tudo nessa vida.  

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Bom fds!

Maiores altas:

Hering: +10,27 % 

Natura: + 8,18%  

Suzano: +5,92% 

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JBS: + 5,19%

brMalls: + 4,91% 

Maiores baixas:

B2W Digital: -6,89%

BTG Pactual -3,35% 

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Lojas Americanas: – 3% 

BRF: -1,10% 

CCR: -1,10% 

Petróleo (Brent): -0,54%, a US$ 42,01. (Entenda a diferença entre Brent e WTI)

Dólar: +1,1%, a R$ 5,42

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