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Entenda de onde vem a renda da família real britânica

Republicanos de lá estimam que o Reino Unido gaste R$ 2 bilhões por ano com a monarquia.

Por Júlia Moura
Atualizado em 21 set 2022, 16h48 - Publicado em 21 set 2022, 10h00
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 (Anwar Hussein/Getty Images)
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A família real britânica é, sem dúvidas, umas das mais ricas da Inglaterra. O seu financiamento, porém, depende de uma espécie de “bolsa família real”, o Sovereign Grant.

Ele é pago anualmente pelo Tesouro do Reino Unido aos Windsor e o montante pode variar. De início, a bolsa equivale a 15% do lucro da Crown Estate (propriedades da Coroa, que não são de posse da família real e nem do Estado, funcionando como uma empresa privada). 

Hoje, a Crown Estate tem 16,4 bilhões de libras em patrimônio líquido. O grosso (14,2 bilhões) está em imóveis e propriedades rurais que são alugados ou recebem royalties de exploração. Boa parte do centro de Londres, uma das regiões com o metro quadrado mais caro no mundo, faz parte deste portfólio. Entre março de 2021 e março de 2022, a Crown Estate lucrou 312,7 milhões de libras.

Se os 15% de lucro anual desse portfólio ficar abaixo do total pago ao monarca no ano anterior, o Estado complementa a bolsa para que ela seja, no mínimo, equivalente à do ano anterior, como aconteceu neste ano.

O restante do lucro da Crown Estate fica com o Tesouro do Reino Unido e pode ser gasto de acordo com as preferências do governo. 

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Já a família real tem menos espaço para manobrar o destino final da bolsa-soberano. A maior parte vai para a manutenção das propriedades reais, como o palácio de Palácio de Buckingham, atualmente em reforma. E esta obra é tão cara (369 milhões de libras) que, excepcionalmente entre 2017 e 2027, o Tesouro vai repassar 25%, e não 15%, do lucro da Crown Estate para a família real.

O segundo maior gasto dos Windsor é com funcionários. O que sobra é dividido entre viagens e contas de luz e gás (e haja gás para aquecer os enormes palácios).

Neste ano, a bolsa da família real foi de 86,3 milhões de libras (25% do lucro do Crown Estate mais aquele complemento). Dá o equivalente a 1,29 libra por pessoa no Reino Unido.

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O valor parece baixo, mas não inclui todo o gasto estatal com a realeza. A segurança dos Windsor não é financiada por esta bolsa e depende da guarda metropolitana, bancada diretamente pelo dinheiro dos impostos. É justamente nesta tecla que os republicanos batem, alegando que os custos com os guardas superam os recursos gerados pela Coroa para o Estado. 

Segundo o grupo Republic, que advoga pelo fim da monarquia no Reino Unido, quando incluídos os gastos com segurança, a família real tem um custo anual de 345 milhões de libras. Ou seja: R$ 2 bilhões.

Os que argumentam a favor da monarquia britânica dizem que o turismo em torno da família real supera os gastos estatais com os Windsor.  

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Não significa que a família real “só” conte com essas fontes de renda. À parte da Crown Estate, ela tem diversas propriedades privadas, como castelos e fazendas. 

O maior portfólio é, naturalmente, o do monarca. Além do trono do Reino Unido, o rei Charles III herdou cerca de R$ 9,26 bilhões em propriedades privadas de sua mãe, a rainha Elizabeth II. Entre elas está o Castelo de Balmoral, onde a monarca faleceu em 8 de setembro. 

A maior parte dos ativos do monarca está dentro do que é chamado de Ducado de Lencastre (Duchy of Lancaster). São 18.481 hectares de terra na Inglaterra e no País de Gales, além de propriedades comerciais e residenciais. A maior parte delas está em Londres. Investimentos financeiros também compõem a carteira, que tem um lucro anual de cerca de 20 milhões de libras.

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Seguindo a tradição, o rei Charles teve que passar para o seu filho mais velho, William, o Ducado da Cornualha (Duchy of Cornwall). Ele compreende 52.449 hectares de terra, concentrados no Sudoeste da Inglaterra, com um lucro anual de 21 milhões de libras.

A rainha Elizabeth e seu filho Charles pagavam, voluntariamente, impostos sobre os lucros dos ducados.

No ano fiscal de março de 2021 a março de 2022, o Ducado de Lencastre teve um lucro bruto de 24 milhões de libras. Segundo a legislação britânica, 45% seriam taxados, ou seja, 10,8 milhões de libras. Já o Ducado da Cornualha lucrou 23,9 milhões de libras, o que dá 10,7 milhões em impostos.  

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É esperado que Charles e William sigam com esta “tradição” fiscal, que teve início apenas em 1992, quando a família real enfrentava uma crise de popularidade com a separação de Charles e Diana. Antes, apenas dois monarcas ingleses pagaram tributos: a rainha Victoria (1819-1901) e o rei George VI (1895-1952), pai de Elizabeth II.

 

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