PF vai atrás de laranjas que emprestam contas para receber dinheiro roubado via Pix
A operação "Não Seja um Laranja" cumpriu 43 mandados de busca e apreensão contra pessoas que deixavam os bandidos usarem suas contas em troca de ficarem com uma parte do valor.
Os bancos dizem que a maior dificuldade ao combater golpes e fraudes bancárias é a quantidade de gente que oferece suas contas para receber o dinheiro roubado – geralmente via Pix. Em troca, esses laranjas ficam com uma parte do valor.
De olho nisso, a Polícia Federal lançou uma operação que mais parece um apelo: “Não Seja um Laranja” é o nome da dita-cuja (Chato. Não chega aos pés da qualidade literária no batismo de operações anteriores, como “Carne Fraca”).
Nesta terça (2), a PF cumpriu 43 mandados de busca e apreensão em 13 estados. As fraudes investigadas somam R$ 18,2 milhões.
Os investigados podem cumprir pena de até 20 anos, por crimes como associação criminosa, furto qualificado mediante fraude, uso de documento falso e falsidade ideológica. Nesta operação específica, porém, a PF ainda não prendeu ninguém – o comunicado oficial fala apenas em confisco de bens.
O Pix, em funcionamento desde novembro de 2020, foi um divisor de águas para o mundo dos golpes eletrônicos. Antes, os bandidos tinham um empecilho técnico para pôr os planos em prática – a lentidão das transferências do tipo TED e DOC. Caso você não se lembre mais dessa tecnologia jurássica, um TED leva ao menos 20 minutos para ir de uma conta a outra. Tempo suficiente para detectar a anormalidade e barrar a operação.
Depois do Pix, o dinheiro passou a mudar de mãos em um passe de mágica. É instantâneo, gratuito, pode ser sacado automaticamente e sumir do radar das instituições financeiras em instantes. Mão na roda pros clientes, óbvio, mas para os criminosos também. A partir daí, o modelo de negócios dos golpistas se tornou mais vantajoso e, portanto, mais praticado: em 2021, o país registrou um telefone roubado por minuto, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Também em 2021, a lei 14.155 alterou o Código Penal para tornar mais graves as punições para crimes em meios eletrônicos. Estamos falando de transações digitais após roubo de aparelho, clonagem de WhatsApp, phishing – modalidade de golpe que faz os usuários acreditarem que estão fornecendo seus dados para uma instituição de confiança – ou qualquer variação do Urubu do Pix que decidirem criar.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) – que foi parceira da PF na investigação –, as apreensões desta terça têm respaldo nesta lei. Em nota, a instituição afirmou que essa é a primeira vez que faz uma operação em escala nacional para coibir esse tipo de crime, e que pretende continuar.
Para descobrir como se proteger de roubos via Pix, leia nossa matéria-manual especial aqui.