Por que o ouro não para de subir

Petrobras, Embraer e a turma do metal sobem com a expectativa pelo Show do Trilhão. Mas o metal que vai bem mesmo no ano é o amarelo.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 17 out 2024, 11h03 - Publicado em 10 ago 2020, 19h46
 (CBS photo archives/Getty Images)
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Todo o ouro minerado na história da humanidade caberia num prédio de nove andares. São 190 mil toneladas – é o que a Vale extrai de minério de ferro em oito horas.

Guarde essa informação por enquanto. E vamos para outra mais objetiva. O ouro fechou hoje em alta de 0,57% lá fora, a US$ 2.039 a onça – traduzindo para a nossa moeda e para a unidade preferida por aqui: R$ 393 o grama. Isso consolida uma alta de 40% no preço do metal amarelo em dólar desde março.

Ouro em alta, bolsas meio a meio. Nos EUA, o Dow Jones encerrou 1,31% no azul, a 24.762 pontos, puxado pelas petroleiras, caso da Exxon (2,49%) e da Chevron (3,41%) – e por gigantes da indústria, caso da Boeing (5,52%), numa rara subida desse quilate. O valor de mercado da fabricante do 737 Max caiu pela metade de 2019 para cá.

O Dow Jones é o índice da Bolsa de NY, e é lá que estão as empresas mais tradicionais, da indústria raiz. Mas, você sabe, há outra bolsa em NY, a Nasdaq, que concentra as empresas de tecnologia. E ela caiu: -0,39%, por conta de tombos do Facebook (-2,03%) da Microsoft (-1,99%), da Amazon (-0,61%) e da Tesla (-2,35%); Tesla que, no fundo, é tão indústria raiz quanto a Boeing, mas que, além de fazer parte da Nasdaq, ganha valor de mercado tão rápido quanto empresas de tecnologia, mais afeitas a ganhos surrealistas – de 2019 para cá, as ações da montadora de Musk subiram 600%.

Bom, o que aconteceu lá foi relativamente simples. As empresas da Bolsa de NY subiram por que aumentou a esperança na chegada de US$ 1 trilhão extras a título de estímulo para a economia. Parte desse trilhão deve ajudar empresas em dificuldades, caso das aéreas. E aumenta as apostas numa recuperação rápida da economia. Isso está levantando o preço do barril – alta de 1,26% hoje com o Brent roçando em US$ 45.

Daí a Boeing ter subido tanto, e as companhias aéreas de lá também. Só a American Airlines, a maior delas, puxou 7,5%. Já as de tecnologia deram uma caída tanto por conta das tensões pós banimento do TikTok quanto por realização de lucros pura e simples (você estaria se coçando de vontade de vender se tivesse ações da Tesla na carteira há mais de um ano).

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Por aqui, a metade positiva do mercado internacional foi a que ditou o ritmo. O Ibovespa fechou em alta de 0,65% a 103.444 pontos. A Petrobras (2,90%) espelhou o ganho de suas pares americanas, e a Embraer (5,73%), o de sua ex-namorada Bng, já que a fabricante de aviões de São José dos Campos está cheia de clientes nos EUA. Destaque também para a galera do metal: Vale (2,89%), Metalúrgica Gerdau (3,83%) Gerdau (3,69%), Usiminas (4,58%) e CSN (7,88%). Tudo por conta da fé na recuperação da economia americana – mais um chorinho pelo fato de o JP Morgan ter elevado sua recomendação de CSN de “venda” para “neutra”.

Falando em metais, voltemos para aquele mais bonito: o amarelo.

Ouro de mina

A última vez que o ouro operou perto dos patamares deste segundo semestre de 2020 foi há 9 anos, no segundo semestre de 2011. Foi quando o metal chegou a US$ 1.800 a onça e bateu seu recorde histórico até então. Essa marca só seria batida agora julho, e segue para o alto, e avante. A mais de US$ 2.000, o ouro já abriu uma distância de 13 pontos percentuais em relação ao recorde anterior. Usain Gold.

E o que existe em comum entre 2011 e 2020? Uma coisa: os EUA estão com as impressoras de dinheiro operando na linha vermelha do conta-giros. Lá atrás, emitiram uns bons trilhões de dólares em dinheiro novo para salvar bancos à beira da falência – uma medida polêmica, mas que de fato evitou uma nova Grande Depressão. Agora, a emissão é até mais abrangente: as impressoras do Fed, o BC dos EUA, estão criando dólares novos para usar como remédio contra a crise da pandemia. É dinheiro que vai para empresas, pessoas, bancos.

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Só tem um problema: dólar sai de impressora. Se o pessoal do Fed (o Banco Central dos EUA) emitir dólar demais, cria-se inflação, e ele perde valor – toda moeda está sujeita a isso. Basta um pouco de incompetência dos gestores da economia do seu país, que o trem descarrila.

O Bank of America brincou com esse conceito num relatório de abril: “O Banco Central não imprime ouro”, era o título. O BofA previa ali que a valorização do metal amarelo ainda pode ser absurda nos próximos anos. Uma emissão exagerada de dólares para pagar as contas da pandemia, afinal, pode acabar corroendo o dólar.

E numa economia com o dólar carcomido, o papel do ouro como reserva de valor se torna maior – já que a quantidade de ouro disponível sempre será um recurso finito.

E essa seria uma notícia péssima. Se a emissão de dólares (ou de euros ou de qualquer outra moeda forte) não estimular uma retomada em escala global, não há mais o que fazer, já que não dá para imprimir ouro.

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Não é só o BofA que pensa isso. A matéria prima dos adereços que Audrey Hepburn ficava namorando na vitrine da Tiffany sobe porque toda uma matilha de investidores está comprando ouro como se não houvesse amanhã – e, se eles estiverem certos, talvez não haja mesmo.

Maiores altas

Braskem +9,32%

CSN +7,88%

Embraer +5,73%

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Usiminas +4,58%

Metalúrgica Gerdau +3,83%

Maiores baixas

Totvs -7,40%

Hering -5,11%

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Magalu -4,34%

Raia Drogasil -2,61%

BRF -2,59%

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