A palavra salário vem mesmo de “sal”?
Sim. Por outro lado, a ideia de que os legionários romanos recebiam seu ordenado em sal provavelmente é um mito.
Vem. A explicação mais popular diz que os soldados da Roma Antiga recebiam seu ordenado na forma de sal. Faz sentido. O dinheiro como o conhecemos surgiu no século 7 a.C., na forma de discos de metal precioso (moedas), e só foi adotado em Roma 300 anos depois.
Antes disso, o que fazia o papel de dinheiro eram itens não perecíveis e que tinham demanda garantida: barras de cobre (fundamentais para a fabricação de armas), sacas de grãos, pepitas de ouro (metal favorito para ostentar como enfeite), prata (o ouro de segunda divisão) e, sim, o sal.
Num mundo sem geladeiras, o cloreto de sódio era o que garantia a preservação da carne. A demanda por ele, então, tendia ao infinito. Ter barras de sal em casa funcionava como poupança. Você poderia trocá-las pelo que quisesse, a qualquer momento.
As moedas, bem mais portáteis, acabariam se tornando o grande meio universal de troca – seja em Roma, seja em qualquer outro lugar. Mas a palavra “salário” segue viva, como um fóssil etimológico.
Só tem um detalhe: não há evidência de que soldados romanos recebiam mesmo um ordenado na forma de sal. Roma não tinha um exército profissional no século 4 a.C. A força militar da época era formada por cidadãos comuns, que abandonavam seus afazeres voluntariamente para lutar em tempos de guerra (questão de sobrevivência).
A ideia de que havia pagamentos na forma de sal vem do historiador Plínio, o Velho (um contemporâneo de Jesus Cristo). Ele escreveu o seguinte: “Sal era uma das honrarias que os soldados recebiam após batalhas bem-sucedidas. Daí vem nossa palavra salarium”. Ou seja: o sal era um bônus para voluntários, não um salário para valer. Quando Roma passou a ter uma força militar profissional e permanente, no século 3 a.C., o soldo já era pago na forma de moedas mesmo.