Brasil cai em ranking global de otimismo dos empresários
Apesar da queda na lista, a confiança dos empresários subiu nos últimos seis meses e o país lidera na América Latina.
Todo mundo sabe: desde 2014 o Brasil passa por uma crise político-econômica que se agravou ainda mais com a pandemia. E, se depender da visão dos empresários, a situação do país não deve melhorar no próximo ano.
O Brasil caiu duas posições no ranking global International Business Report. Segundo o estudo, que avalia semestralmente o grau de otimismo dos empresários para os próximos 12 meses, o país foi do 8º para o 10º lugar entre as outras 29 nações analisadas. Agora, estamos dividindo a décima posição com as Filipinas.
Mas precisamos ser justos: a máxima “a esperança é a última que morre” segue firme e forte por aqui. Os empresários brasileiros estão sim mais confiantes. Só não estão acompanhando o ritmo dos outros países. 66% dos nossos donos de empresas estão otimistas com a recuperação dos negócios – índice bem superior aos 40% que enxergavam um futuro positivo no mesmo período de 2020 e também dos 61% registrados há seis meses.
A média global ficou em 69%, com crescimento de 12 pontos percentuais em relação à última apuração. A China é quem lidera o ranking, com 86% de otimismo. Em seguida estão os Estados Unidos (83%), que subiu duas posições, e Indonésia (78%), que caiu uma.
A perda de posição pode estar relacionada ao avanço da vacinação contra a covid-19, sobretudo nos Estados Unidos, na China e nos países europeus. Além disso, no cenário nacional, estamos às vésperas de uma eleição que promete ser conturbada e no processo de uma reforma tributária.
Quando comparado com a Argentina e o México, que são os outros dois países latino-americanos pesquisados, aí sim o Brasil é destaque. Dos empresários mexicanos, 59% estão otimistas, enquanto só 30% dos argentinos sentem que o próximo ano vai ser bom.
Confira o ranking completo:
- China – 86%
- Estados Unidos – 83%
- Indonésia – 78%
- Irlanda – 76%
- Suécia – 75%
- Índia – 74%
- Austrália – 73%
- Reino Unido – 68%
- Alemanha e Turquia – 67%
- Brasil e Filipinas – 66%
- Emirados Árabes – 63%
- Canadá e França – 62%
- Espanha – 60%
- Malásia e México – 59%
- Singapura e Vietnã – 58%
- Grécia – 54%
- Itália – 53%
- Nigéria – 51%
- África do Sul – 49%
- Tailândia – 47%
- Coreia do Sul – 38%
- Argentina – 30%
- Rússia – 28%
- Japão – 17%
O Brasil também lidera na expectativa de crescimento da receita e do emprego. No primeiro, 79% dos empresários brasileiros acreditam que haverá aumento de receita nos próximos 12 meses, 28 p.p a mais do que o registrado no mesmo período de 2020 (51%), e muito acima da média global de 57%. E somos seguidos de perto pela Turquia (78%) e África do Sul (77%).
Já no quesito de emprego, 77% dos empresários afirmam ter expectativa de aumento de vagas em um ano – muito acima dos 48% da média global e também dos 46% registrados no país no primeiro semestre de 2020. Mais uma vez, a Turquia está na nossa cola com 73%, seguida pela Nigéria (64%).
Mas nem tudo são flores, claro. Para 41% dos brasileiros, o maior entrave para o avanço dos negócios é a falta de financiamento, índice que estava em 52% no mesmo período do ano passado.
Já a burocracia aumentou de 55% para 58% em um ano, enquanto a falta de trabalhadores qualificados diminuiu de 51% para 47%, e o custo de mão de obra caiu de 50% para 45%. As incertezas econômicas também aparecem como um entrave para 58% dos empresários no Brasil (em 2020, o índice era de 66%).
O estudo é da consultoria Grant Thornton, que entrevistou 5 mil empresários em 29 países entre maio e junho de 2021.