Brasil é o único país do G20 a ter iniciado cortes nos juros
Os demais membros das maiores economias do mundo estão ou em processo de aperto monetário ou com suas taxas básicas estacionadas. Mas os juros reais daqui só perdem para os da Rússia.
O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a voltar a subir os juros, no pós-pandemia, para enfrentar uma inflação que começava a sair do controle (não só aqui, mas no planeta todo). E agora ele é o único do G20 que já está cortando sua taxa básica – para evitar um estrangulamento da economia.
A virada na política monetária começou em agosto, após quase um ano de manutenção da Selic em 13,75%. Enquanto isso, outras quatro economias do G20 – que na verdade tem 19 países – ainda estão no processo inverso.
É o caso de Argentina, Turquia, Rússia e Indonésia. Nos Estados Unidos, o Fed manteve os juros estacionados em 5,50% nas reuniões de julho e setembro, mas não descarta novas altas para levar a inflação à meta de 2% ao ano.
Apesar de ser o único em um ciclo de relaxamento monetário no momento, o Brasil ainda tem a quarta maior taxa de juros nominal do G20. Quando o assunto são juros reais, seguimos no pódio — descontada a inflação em 12 meses (5,19% até outubro), nossa taxa real é de 7,06%, abaixo apenas da Rússia.
Dentro do G20, os argentinos também vivem uma situação peculiar. A inflação por lá está em 138%. Para lidar com um dragão desse tamanho, o país aumentou seus juros, de 118% para 133%, chegando ao topo do Everest monetário em termos nominais – e ainda assim continua pagando juros negativos, que não cobrem a inflação.
Isso faz da Argentina a líder nesse quesito não apenas dentro do G20, mas no mundo todo. O Zimbábue, que ostentava juros de 150%, cortou suas taxas para módicos 130%, passando a coroa adiante.
133% é a taxa de juros na Argentina