E se países tivessem uma política de “exportação de pessoas”?
Banco Mundial sugere que nações em desenvolvimento invistam na formação de mão de obra qualificada para países ricos. Entenda os problemas dessa medida.
O Brasil exporta soja, petróleo e minério. E se a pauta de exportação brasileira tivesse, também, enfermeiros, mecânicos e outros tipos de trabalhadores?
Um estudo do Banco Mundial, publicado em abril, sugeriu que países trabalhassem em acordos de formação de mão de obra para desenvolver suas economias. A ideia por trás da proposta é que países ricos já importam mão de obra, na esteira do envelhecimento da população e queda das taxas de natalidade.
Por outro lado, existem países que não têm empregos o bastante e não conseguem reter trabalhadores – eles migram em busca de melhores oportunidades. A ideia do Banco Mundial é que países adotem exportação de mão de obra como uma política de desenvolvimento, negociando acordos de qualificação da população para atender demandas de nações “importadoras” de gente.
Uma vez lá fora, quem saiu remete moeda forte aos países subdesenvolvidos, ao mandar dinheiro para familiares que ficaram – e o estudo defende que as regras para esse tipo de envio deveriam ser mais simples.
De acordo com o Banco Mundial, essas medidas ajudariam a compensar os efeitos danosos da fuga de cérebros sobre os países — não que o relatório tenha explicado como perder profissionais qualificados para outras regiões ajude no desenvolvimento do país que sofre uma diáspora.
Outro problema é que as remessas de dinheiro tendem a durar apenas uma geração. Depois disso, os filhos de quem migrou criam laços com o país de destino, e adeus.
Apesar do tom de ineditismo do estudo, essa já é a estratégia adotada em partes do globo. As Filipinas exportam enfermeiros para países ricos, em acordos negociados para facilitar a migração, na expectativa do recebimento das remessas. Em Cuba, o país fecha acordo com o para o envio de médicos, mas parte do pagamento do salário é retido pelo próprio governo cubano, sem a necessidade de contar com a transferência de parte do salário na forma de remessas.
O órgão estima que, hoje, 2,5% da população mundial (o equivalente a 184 milhões de pessoas) viva fora do seu país de origem.