Ação radical do CEO da Acesso Digital fez 70% dos funcionários saírem
Depois de ir ao Vale do Silício, Diego Martins resolveu mudar completamente a empresa
Ver uma empresa crescer e prosperar é o sonho de muito empresário. No entanto, essa é a realidade de poucos: dados do Sebrae, revelam que uma em cada quatro empresas fecha as portas antes mesmo de completar dois anos. A Acesso Digital, empresa de autenticação de identidade, poderia fazer parte dessa estatística caso o fundador e CEO Diego Martins não tivesse agido a tempo.
Fundado em 2008 como uma companhia de digitalização de documentos, o negócio apresentava números de crescimento invejáveis. “Entre 2010 e 2014 nós tivemos um sucesso muito grande. Crescíamos 50% a cada ano e tínhamos um histórico de vitórias”, relembra Diego. Os resultados também estavam atrelados à gestão de pessoas: inspirada no modelo do Google, a companhia tem ambiente descontraído, flexibilidade e chegou a levar toda a equipe mais de uma vez para a Disney, nos Estados Unidos, como premiação após as metas serem atingidas.
Porém, a situação começou a mudar em 2014, quando a empresa cresceu 30% e depois 15% no ano seguinte. “A gente estava crescendo, mas não da maneira acelerada que estava antes. E eu não entendia o que estava acontecendo. A gente achava que o sucesso era perene”, afirma o executivo.
A solução encontrada foi se afastar da empresa. Diego passou três meses fora dos negócios conhecendo outras companhias do mercado e viajou para o Vale do Silício. “Visitei várias startups que estavam surgindo no Brasil, incluindo o Nubank e o Conta Azul. Eu queria entender esse novo mindset da economia. Também levei os meus executivos para o Vale do Silício para se inspirarem”.
Quando voltou do seu período de reflexão, Diego optou por mudar completamente a empresa. Ele percebeu que o mercado de digitalização de documentos não tinha mais espaço para crescer, mas que o Brasil tinha o potencial para a expansão de serviços de identificação digital, que permite desde abrir portas até fazer o imposto de renda por meio da autenticação de identidade.
Para conseguir mudar a empresa, o fundador congelou as metas de crescimento e parou de vender o único produto da companhia para criar outros serviços. “Esse foi o processo mais difícil. As pessoas me achavam maluco na época, falar que a gente estava perto de fracassar era inconcebível para a maioria. Dos meus cinco diretores, três pediram demissão nesse período e, em dois anos, 70% do quadro de funcionários foi trocado”. Na época, eram 150 empregados.
Para melhorar o clima dentro da empresa, Diego precisou reforçar ainda mais o contato com os funcionários e oferecer programas para melhorar a vida dos colaboradores. Mas a troca de perfil profissional foi inevitável com a transformação da cultura da empresa. “Qualquer processo de transformação extremamente profundo e radical, passa por uma mudança de pessoas. No passado, era motivante o ambiente familiar e as festas todas as semanas. Agora, o que motiva é o tamanho da ambição de se tornar uma das maiores empresas de tecnologia do Brasil e o nível de conexão global que temos. A gente envia pessoas para a China, Israel, Estônia, Vale do Silício. Nossos funcionários estão sempre aprendendo coisas de alto nível”, afirma Diego.
Hoje, a Acesso Digital já tem metade da população brasileira economicamente ativada registrada em seu banco de dados e trabalha com três serviços principais: assinatura eletrônica, reconhecimento facial para autenticação e validação de identidades e auxílio no processo de admissão de funcionários; além de atender mais de 400 companhias do varejo, e-commerce, bancos e companhias aéreas. Diego também está se aproximando de pólos universitários de pesquisa, como a Unicamp, para atrair os alunos de mestrado e doutorado. A empresa conta com 250 funcionários, sendo que a previsão é de abrir em torno de 100 vagas ao longo de 2020 para as áreas de tecnologia e vendas. Os interessados em acompanhar as vagas disponíveis e se candidatar podem acessar o site da empresa.