Conheça a Better Drinks, que nasceu da fusão de 4 marcas de bebidas premium

F!VE, Baer-Mate, Vivant e Praya se uniram para ganhar escala e competitividade no mercado. Agora, a Better Drinks opera mais duas marcas e espera faturar R$ 100 milhões até o fim do ano.

Por Camila Barros
14 out 2022, 06h39
Retrato dos sócios em ambiente aberto, com latinhas das bebidas dispostas em uma bancada próxima a eles.
 (Germano Lüders/VOCÊ S/A)
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Mojito, gin tônica, moscow mule, cosmopolitan: a F!VE Drinks surgiu querendo servir releituras de coquetéis tradicionais de bares e restaurantes em latinhas de 220 ml, que você pode consumir em qualquer lugar. 

Fundada em 2018 nos Estados Unidos pelo brasileiro Felipe Szpigel, ex-executivo da Ambev, a marca de drinks em lata chegou ao Brasil no final de 2020. O negócio surfou no crescimento do mercado de bebidas premium, segmento focado em oferecer sabores e “experiências de consumo” diferentes ao cliente, com ingredientes selecionados e, claro, preços mais salgados. 

Ao iniciar as operações da F!VE no Brasil, Szpigel e um de seus sócios, Felipe Della Negra (ex-Ambev, Redbull e Kraft Heinz), se aproximaram de gestores de outras marcas do setor. Conheceram de perto os executivos da Baer-Mate, empresa que vende uma alternativa ao refrigerante, feita com mate tostado gaseificado e suco de maçã no lugar do açúcar. E também da Vivant, que vende vinhos em latinhas de 269 ml. 

Naquele momento, F!VE, Baer-Mate e Vivant tinham tamanho, objetivos e desafios parecidos, sem concorrer de forma direta. Os fundadores das companhias, então, começaram a trocar experiências sobre o mercado de consumo e a se ajudar nas operações – tanto em logística de distribuição quanto na busca por fornecedores. Aí, alguma coisa clicou na cabeça de Szpigel e Della Negra: se as marcas operassem juntas, elas teriam mais escala e disputariam espaço no mercado com mais facilidade. “Parecia óbvio que juntar forças faria da gente um grupo mais forte”, conta Della Negra. 

Close das latinhas de bebidas diversas.
(Germano Lüders/VOCÊ S/A)

Integração e expansão

Logo que as conversas sobre uma possível fusão das três começaram a se intensificar, chegou uma quarta interessada: a Praya, que produz cervejas artesanais veganas e sem aditivos químicos. O perfil da empresa combinava com as outras três: segmento premium, buscando expansão e com um produto inovador em mãos (a Praya é a primeira cerveja brasileira certificada com o Selo B, para empresas que atendem a requisitos ESG rigorosos).

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Da união, nasceu a Better Drinks, que começou a operar no dia 1º de janeiro de 2022. Para colocar o projeto de pé, os sócios contaram com um aporte de R$ 25 milhões, feito por investidores-anjo conhecidos da turma. Como todas as marcas já existiam e operavam independentemente, a empresa recém-nascida não teve gastos pesados para o colocar o negócio nos trilhos: o dinheiro da captação foi, principalmente, para financiar a expansão dos produtos e aumentar o time, que começou com 83 funcionários (somando o quadro das 4 empresas em operação no ano anterior) e hoje tem 145.  

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Desde a inauguração, chegaram mais duas marcas. A Mamba Water era um projeto pensado por conhecidos da dupla de Felipes fundadores da Better. Neste ano, eles decidiram tirar a ideia do papel. A marca vende água em latas de alumínio, material mais fácil de se reciclar – e, portanto, mais ecológico – quando comparado ao plástico ou ao vidro. 

Por último, veio a criação mais recente da companhia: o Vermelhão, um amaro (licor amargo) lançado em abril em parceria com o cantor Gusttavo Lima. Por intermédio de amigos em comum, a empresa convidou o sertanejo para participar de uma parceria ainda pouco conhecida no Brasil, mas comum nos Estados Unidos: celebridades que se tornam sócios de uma marca, criam um produto exclusivo com ela e viram garotos-propaganda da própria mercadoria. 

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Gusttavo participou do processo de criação do produto, que foi feito a partir dos gostos individuais do cantor e tem como público-alvo os fãs dele. 

Falando em sócios, o desenho do negócio ficou assim: todos os fundadores das empresas incorporadas se tornaram sócios da Better, alguns deles ocupando cargos estratégicos na recém-nascida. Eles se preocuparam em garantir que cada marca não perdesse sua identidade e continuasse sendo administrada por quem estava lá desde o início – quem olha as latinhas não diz que os designers da Baer-Mate trabalham na mesma mesa dos designers Vivant.

Ao mesmo tempo, eles quiseram garantir, desde o início, que o modelo de negócios não penderia para os moldes de uma cooperativa. Queriam que todo o processo de compra de matéria-prima, logística e gestão de cultura fosse unificado e verticalizado. Então ficou assim: marcas com personalidades diferentes, operando juntas com um objetivo em comum. 

Objetivo que dá para resumir numa frase: seguir lançando produtos que surpreendam os consumidores, capazes de criar novos mercados. “A gente quer fazer algo que ainda não tem no mercado, então não é ali que olhamos para buscar soluções”, diz Felipe Della Negra.

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Fotografia dos sócios e equipe trabalhando no escritório.
(Germano Lüders/VOCÊ S/A)

Por que fundir as marcas?

A vantagem da unificação começa na etapa de compra dos insumos. Até o ano passado, a negociação com os fornecedores de ingredientes e latinhas era feita pensando nos volumes individuais de cada marca. Agora, com a área de compras unida e adquirindo produtos em escala maior, a Better Drinks consegue fazer negociações melhores com os fornecedores. 

O mesmo aconteceu com a área de fabricação e logística. Operando separadamente, cada marca contratava o seu operador e reservava um espacinho de algum caminhão para transportar as bebidas para os pontos de venda. Depois da fusão, o volume de produtos da Better Drinks passou a ocupar mais espaço nos veículos – o que é bom para o operador, que tem um retorno maior garantido, e para a empresa, que passa a ter mais voz na negociação. 

Por último, a companhia também ganhou munição na hora de negociar com os supermercados. Assim: imagine que o gerente de vendas da Praya conseguiu negociar um ponto de venda no mercado X, mas não no Y. Já a F!VE conseguiu o Y, mas não o X. E a Baer-Mate não pegou nem X nem Y, mas ficou com o ponto Z, em outra região. Depois da fusão, a Better Drinks pôde aproveitar o diálogo aberto nos pontos X, Y e Z para colocar todas as marcas da empresa ali.

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Escalada e planos

Depois de nove meses de atividade desde a fusão, os gestores da Better Drinks estão confiantes de que conseguirão fechar 2022 com um faturamento de R$ 100 milhões. Em 2021, as três marcas fundadoras faturaram R$ 36 milhões em conjunto, ainda operando de forma isolada. A projeção, então, significa crescimento de 177% em um ano. 

A expansão geográfica também vai bem: agora, a companhia tem mais de 20.000 pontos de venda espalhados pelo Brasil. No começo do ano, eram apenas 4.000. A empresa já distribui em todos os estados, e agora o objetivo é diluir a concentração de mercado no sudeste, aumentando a presença nas outras regiões.

Além dessa, tem a meta maior, que os fundadores não tiram de vista: faturar R$ 1 bilhão em 5 anos. Um brinde ao apetite por crescimento.

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