Bolsa ganha um sorvete depois do dia na pracinha e sobe 2%
Semana começa com notícias esperadas pelo mercado: teto de gastos mantido em Brasília e articulação política funcionando.
Tal qual uma criança, o mercado financeiro expressa de forma barulhenta seus sentimentos. Depois de uma semana às turras com o governo e queda na bolsa, subiu faceiro nesta segunda como se tivesse ganhando um sorvete depois de um passeio na pracinha. Tudo porque ouviu lá de Brasília exatamente o que queria: que o teto de gastos está preservado (por enquanto, claro). E mais: que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda é levado em consideração nas decisões do governo Bolsonaro.
Com isso, o Ibov avançou 2,2% e recuperou o patamar de 96 mil pontos. Evidentemente que, para subir esse tanto, a bolsa ganhou uma bela ajuda do exterior.
O dia teve um pontapé positivo quando o relator da PEC emergencial, senador Márcio Bittar (MDB-AC), afirmou que o novo Bolsa Família vai respeitar o teto de gastos. Ele também disse que o financiamento passaria pelo crivo de Guedes.
Não custa lembrar que Bittar era a criança birrenta na semana passada, batendo pé no uso do dinheiro que quitaria precatórios para financiar o novo programa de transferência de renda. E ele continuava defendendo o plano mesmo com todos os alertas de que seria considerado uma pedalada fiscal.
Mas não tem problema, não, de acordo com investidores. O que importa é corrigir o passo. E em uma fala, foram duas correções. O respeito ao teto e o apoio a Guedes.
Além disso, o mercado recebeu mais uma notícia boa: uma tentativa de conciliação entre Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Sim, na semana passada eles estavam trocando farpas típicas de novela. Eles vão jantar na noite desta segunda, mas ninguém arrisca dizer qual vai ser o resultado.
Ah, o jantar vai ser na casa do ministro do TCU Bruno Dantas, o primeiro a criticar a pedalada dos precatórios para o Renda Cidadã.
Mas não que o jantar tenha sido idealizado por Dantas. Na verdade, foi ideia dos senadores Renan Calheiros e Kátia Abreu. Não há nada no mundo com a política tradicional.
Alta (hospitalar)
Com Covid-19, o presidente americano, Donald Trump, anunciou a saída do hospital e conclamou a população a não temer o novo coronavírus. A doença já infectou 7,4 milhões de pessoas apenas nos Estados Unidos e matou 210 mil. Ele segue doente e ficará isolado na Casa Branca.
Trump tenta controlar a opinião pública às vésperas da eleição em que disputa um segundo mandato. O problema – para Trump, claro – é que o rival democrata, Joe Biden, aparece à frente nas pesquisas.
A melhora de saúde do líder da maior economia do planeta ajudou a impulsionar os mercados financeiros. Isso ao lado da expectativa de aprovação de um novo pacote de estímulo econômico, então, é a festa de Wall Street.
Os índices Dow Jones e S&P 500 subiram acima de 1,5%. Nasdaq avançou mais de 2%.
Ah, por fim, mas não menos importante, foi o movimento do petróleo. A matéria-prima subiu mais de 5% nesta segunda por uma combinação de otimismo americano e uma greve na Noruega. Sim, trabalhadores noruegueses também fazem greve quando querem aumento salarial.
Mas essa alta do Brent (que é a referência global da commodity) serviu só para zerar as perdas da semana passada.
Resumo: é bom não se animar, porque o sorvete acaba e o mau humor pode voltar.
MAIORES ALTAS
IRB: +6,92%
PetroRio: +6,59%
Gerdau Metalúrgica: +6,59%
Gerdau: +5,83%
CSN: +5,60%
MAIORES QUEDAS
CVC: −2,82%
Cogna: −1,67%
Embraer: −1,08%
Eztec: −0,62%
Pão de Açúcar: −0,60%
PETRÓLEO
Brent: US$ 41,53 (+5,76%)
WTI: US$ 39,42 (+6,40)
DÓLAR
R$ 5,5673 (-1,82%)