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Lollapalooza, Rock in Rio & CIA: Como curtir shows e festivais sem complicar suas finanças

É possível encontrar espaço dentro do seu orçamento para prestigiar seus artistas do coração – sem peso na consciência e no bolso. Basta um pouco de antecipação e planejamento.

Por Sofia Kercher
18 set 2024, 08h00
Homem cantando em palco sozinho
Seu "fundo de shows" deve compor de 5% a 10% de seu orçamento contornável.  (Eric Smart/ Pexels/VOCÊ S/A)
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A

temporada dos festivais está oficialmente entre nós. Vendas abertas, datas chegando, novos anúncios e novos artistas… todos compilados nos últimos meses do ano e no comecinho do ano que vem. O Rock in Rio, por exemplo, começou na última sexta-feira (13), e continua neste final de semana, até domingo (22). 

Esse é um mercado em pleno crescimento por aqui. Enquanto no ano passado houve um aumento de 29% quando comparado ao ano anterior (também fruto de uma normalização pandêmica, como você pode conferir nesta reportagem), a expectativa da consultoria PWC é que o setor cresça quase 5% em 2024.

Ótimo para os fãs, nem tão ótimo para seus orçamentos. Não é segredo para ninguém que, por aqui, a brincadeira musical não sai barata – festivais como o próprio Rock in Rio e o Lollapalooza, por exemplo, chegam a cobrar mais de um salário mínimo pelo acesso pleno ao evento. E isso só no ingresso: ainda existem gastos antes, durante e depois que devem ser levados em consideração na hora de fazer a compra. 

Mas nada que um pouco de planejamento financeiro não resolva, como mostra Mila Gaudencio, economista, educadora financeira e consultora do will bank. A especialista dá dicas para aproveitar esses eventos sem peso na consciência e no bolso. Assim, o único vermelho relacionado ao evento será de seu batom ou sua roupa – não sua fatura. Confira: 

De olho no calendário

A primeira regra de ouro do planejamento financeiro é a antecedência. Festivais consagrados, que existem há anos (Rock in Rio, Lolla, Rock the Mountain, Tomorrowland…) tem seu calendário anual padronizado: fica mais fácil se planejar para ter uma graninha na hora que as bilheterias virtuais e físicas abrirem. Faça suas pesquisas e programe seus lembretes.

No caso dos shows individuais, é mais difícil prever quando acontecem. Mas não tem problema: você pode acompanhar o artista nas redes sociais, também pode seguir as casas de show que você frequenta na sua região. Assim, fica sabendo com antecedência quando os eventos vão acontecer e quando começam as vendas (também conferir se há alguma condição para venda antecipada – falaremos mais sobre adiante).

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Isso ajuda também porque, quanto mais cedo se chega para a festa, mais barato são os ingressos. Esse esquema de lotes e de quantidade máxima de meias entradas acaba duplicando o valor de setores mais concorridos. Essa agilidade pode ser a diferença entre ir ou não prestigiar seus artistas favoritos.

Raio-X das finanças

Mila recomenda o método A, B, C, D: Alimentação, Básico, Contornável e Desnecessário. Os shows e festivais entram na terceira categoria, que abrange gastos com lazer e estilo de vida que podem ser adaptadas ou reduzidas conforme a necessidade. 

“O primeiro passo é classificar o nível de prioridade desse lazer em relação a outros desejos pessoais e necessidades fixas, como alimentação e contas mensais”, aponta Mila. Essa categorização mais geral ajuda a definir justamente isso: o que está entrando em cada caixinha e o que é prioridade.

Com base no que vê, ela recomenda a criação de um fundo de shows. Criar uma reserva justamente para essa finalidade é uma das soluções mais inteligentes para realizar o seu objetivo de ir no evento sem ser pego despreparado. 

Com essa categorização, é possível entender quanto da renda deve ser destinada ao fundo e utilizada exclusivamente para esse propósito. Ela indica que esse valor componha entre 5% a 10% de seu orçamento contornável. 

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Estamos falando apenas do ingresso, mas nem só de ingresso vive o homem. Existem uma paulada de custos adicionais possíveis, como transporte, alimentação e até acomodação, dado que a visita de muitos artistas internacionais ao Brasil ainda acontecem exclusivamente na região sudeste do país. Esses gastos entram na conta e no fundo, e devem ser levados em consideração antes mesmo da compra do evento. 

“Com um fundo destinado a esses gastos, a utilização do cartão de crédito torna-se desnecessária, e, muitas vezes, o preço do ingresso pode ser reduzido, já que pagamentos à vista podem não ter os juros do cartão”, afirma a consultora financeira. “Mas, se usar o cartão de crédito, precisa ser de forma consciente” – nosso próximo tópico.

Use o cartão de crédito de forma estratégica

Segundo o Serasa, o cartão de crédito é o principal meio de pagamento para ingressos de shows. Outro levantamento feito pelo Instituto Locomotiva mostra que ele também é a principal fonte de dívida para 60% da população brasileira.

Existem uma paulada de custos adicionais possíveis, como transporte, alimentação e até acomodação, dado que a visita de muitos artistas internacionais ao Brasil ainda acontecem exclusivamente na região sudeste do país.

Para seu sonho não virar um pesadelo financeiro, a educadora entende que seu cartão de crédito precisa operar sob um teto de gastos inegociável. Quando você compra um ingresso parcelado, essas parcelas entrarão no seu teto mensal por algum tempo: lembre-se disso. É preciso avaliar as faturas dos próximos meses para entender se aquele montante não extrapola o limite pré-estabelecido. 

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“Também é crucial entender se você consegue benefícios com aquele cartão”, enaltece Mila. Isso é válido tanto em políticas de cashback quanto nas próprias parcerias com shows: em alguns eventos, bandeiras específicas recebem acesso antecipado ao evento e uma taxa maior de desconto na hora da compra. 

Não tem conta naquele banco específico? A especialista indica perguntar a amigos de confiança e familiares, que podem ceder o número do cartão e te ajudar a realizar aquele sonho. Vale dizer que essa colaboração fica mais fácil quando o ingresso é pago no débito – por isso a importância do fundo de reserva e da antecipação, como citamos acima. 

“Se você puder parcelar até o evento e ir quitado, ótimo. Eu prefiro ir aos eventos com os principais gastos pagos. Mas também não podemos comprometer nossas finanças: se as parcelas precisam ser mais espaçadas e isso cabe no seu teto de gastos, sem problemas”, aconselha Gaudencio. 

No show em si…

Aqui, adentramos um dos territórios mais perigosos de todos: os gastos traiçoeiros do dia. A especialista explica que os fatores emocionais complicam a parcimônia financeira: os sentimentos à flor da pele muitas vezes fazem com que os fãs se esqueçam de contabilizar pequenos gastos. 

Mas há um lado bom de saber disso. Primeiro: a maior parte dos eventos disponibiliza a tabela de preços de quase tudo antes do evento. Da água à ecobag, você  sabe o que estará disponível para te tentar no dia – e a quantidade de dinheiro que pode e pretende gastar pode ser calculada.

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Se você puder parcelar até o evento e ir quitado, ótimo. Eu prefiro ir aos eventos com os principais gastos pagos.

Mila Gaudencio, consultora financeira

Nesses casos, a consultora recomenda que você se proteja de… você mesmo. Existem eventos, como o Rock in Rio, que permitem que você encha sua pulseira antes. Faça isso – conte a comida, a bebida, a camiseta do seu artista de escolha – e deixe seu cartão guardadinho na sua carteira, lá na sua casa (ou hotel). 

Se isso não for possível, bloqueie seu limite no crédito (recomendação da especialista: melhor deixar esses gastos no débito) e separe a grana certinha na sua conta corrente. Você do futuro será grato eternamente.

“Estabelecer um teto de gastos e levar uma quantia limitada em dinheiro para evitar compras impulsivas é uma boa técnica de economizar, especialmente em ocasiões como essas, que costumam ter preços inflacionados”, pontua Mila. Lembre-se: uma cerveja no Lollapalooza, de 350 ml, pode chegar a R$ 20. Em shows do Allianz, a depender do patrocínio, chegam a R$ 16. 

Fique atento às datas de resgate

Fila grande demais, falta de fome pelo nervoso, boné que você queria esgotou… às vezes acontecem imprevistos que acabam fazendo com que você não gaste todo valor que colocou no cartão ou pulseira para o dia. A especialista alerta: fique atento à data de resgate dos valores!

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“Se você puder, zere tudo. Senão, lembre-se: o show não termina quando acaba. Termina quando você conseguir de volta aquele valor que é seu por direito”, aconselha Mila. 

Realizando sonhos

Todas as dicas de Mila são permeadas de um sentimento claro: intencionalidade. Não adianta querer prestigiar seus artistas favoritos, mas ignorar as datas, evitar planejamentos, não fazer esforço nem pesquisas. Senão, das duas, uma: você vai comprar impulsivamente, atrasado, e se complicar de grana; ou não vai comprar e se arrepender depois, vendo stories de múltiplos ângulos nas suas redes sociais. Nos dois cenários, você saiu perdendo.

“Os eventos musicais apresentam desafios próprios devido à imprevisibilidade. Se você não contava com aquele gasto, mas quer muito prestigiar seu ídolo, pode acabar adquirindo uma dívida que não estava no seu radar”, comenta Mila. 

Isso quer dizer que você precisa tirar os shows e eventos musicais do seu radar por completo? Muito pelo contrário. “Muitas pessoas sonham com grandes realizações: viagens internacionais, carros novos, casas próprias. No entanto, sonhos menores e mais acessíveis, como assistir a um show ou festival, também podem proporcionar momentos inesquecíveis e uma sensação de realização”, argumenta a especialista, que voltou a ir nesses eventos recentemente. 

No mais, a receita das finanças pessoais está dada. E lembre-se: seu árduo salário está aí para te proporcionar momentos de descanso, relaxamento e diversão – seja no Lolla, no Rock in Rio, no Numanice, onde quiser. O que importa mesmo é que a felicidade seja por inteiro, e não venha acompanhada de culpa e juros depois. Bom show! 🙂

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