Conheça o N26, banco digital que quer ser ‘fincare’

Três perguntas para Eduardo Prota, CEO do N26 no Brasil

Por Camila Barros
8 jul 2022, 06h07
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 (N26/Divulgação)
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O N26 foi fundado na Alemanha em 2013 e fez parte da primeira geração de bancos digitais no mundo. Avançou pela Europa e conquistou 7 milhões clientes – é o líder do continente. E parece minúsculo quando comparado aos quase 60 milhões de clientes do Nubank, que surgiu na mesma época, ou aos 18,6 milhões do Inter.

Para crescer, o N26 entendeu que precisaria de um mercado maior – e planejou sua chegada à América. Nos EUA, a operação estreou em 2019. E fracassou. Naquele mesmo ano, o banco disse que pretendia entrar também no Brasil, mas as coisas não saíram como esperado e a chegada por aqui acabou ficando para depois. A retomada veio em 2021, em projeto-piloto, com 12 mil clientes.

Nesta entrevista, Eduardo Prota diz como espera concorrer num mercado já saturado de bancos digitais.

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1) Por que levou tanto tempo entre o anúncio de que o N26 queria vir ao Brasil e a chegada de fato?

Passamos o ano de 2019 desenvolvendo o que seriam os parceiros, pedindo uma licença para o Banco Central e montando o time. Mas o N26 [na Alemanha] não deu prioridade para o Brasil. Aí veio a pandemia. Em março de 2021, a gente retomou o projeto com uma estratégia completamente diferente. Agora fazemos tudo no Brasil.

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2) Vocês estão usando o mote de fincare para se diferenciar dos concorrentes. O que é isso? Vai ser o bastante para competir com bancos digitais que já ficaram gigantes?

Entendemos que é hora de melhorar a relação das pessoas com o dinheiro. 70% dos brasileiros ainda gastam mais do que ganham. Uma parte é por limitação de renda, mas uma parcela muito importante é só desorganizada.

Até hoje esse problema foi enfrentado oferecendo educação financeira. É como se você fosse a um médico com gripe e, em vez de ele te dar um remédio, ele te desse um livro de medicina e pedisse para você estudar seu problema. Não conversa com o dia a dia das pessoas e não mexe no comportamento delas.

Estamos construindo formas de fazer planejamento financeiro acessível.

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No Brasil, 40% das pessoas já usam bancos ou soluções digitais. Mas ainda é o país que tem maior potencial – quase 90% das pessoas dizem que topariam usar banco digital, em outros países a maioria diria que não. Então existe

um potencial de crescimento muito grande.

3) O que o fracasso da entrada do N26 nos EUA deixa de lições para a operação brasileira? E qual é o impacto da alta de juros para a empresa?

O modelo nos Estados Unidos era parecido com o que era quando começamos aqui. Bastante centralizado. Ter fracassado lá não ajuda ou atrapalha em nada, mas reforça o aprendizado de que precisávamos de uma estrutura mais leve, independente e conectada com o país.

Esse momento ruim para as fintechs brasileiras não mexe com os fundamentos que nos fizeram vir pra cá: um país muito conectado, um mercado bancário ainda muito concentrado e um mercado que quer soluções digitais.

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