Vacina contra covid com 90% de eficácia empolga bolsas; adeus, Zoom?
Com resultado da eleição americana definido, investidores voltaram a prestar atenção no coronavírus. Ainda bem que a notícia foi positiva.
Sim, foi uma vacina que levou bolsas ao redor do mundo todo a uma alta impressionante nesta segunda-feira. Afinal, passada a eleição americana, dá para voltar a prestar atenção no coronavírus e os efeitos negativos que ele ainda pode causar sobre a economia.
E aí o dia, que já tinha tudo pra começar animado com a confirmação de que Joe Biden foi eleito novo presidente dos Estados Unidos, ganhou novos impulsos.
Impulsos tipo Ibovespa e Dow Jones com alta de quase 3%, S&P 500 com ganho de mais de 1%. Na Europa, teve índice subindo mais de 8% (o espanhol). O preço do petróleo saltou mais de 6%, também um sinal de que investidores acreditam que agora a retomada vem.
A comemoração é por causa de uma vacina com 90% de eficácia contra o coronavírus, ao menos em testes preliminares. É mais do que as demais vacinas em desenvolvimento.
O segundo aspecto positivo é que ela poderia começar a ser distribuída neste ou no próximo mês — mas nesse caso, pode ser mais do mesmo, porque o primeiro lote de outra vacina, a chinesa, pode chegar a São Paulo ainda este mês, de acordo com o governador João Doria.
Vale um disclaimer. A gente já viu esse filme aqui, aqui e aqui. Mas tudo bem, porque as pesquisas vão avançando e a gente quer realmente acreditar que a vacina contra a Covid vai chegar.
Mas sabe por que a bolsa brasileira participou da festa? Mais por inércia dos pares internacionais do que por benefício direto. O governo federal não tem acordo com a Pfizer, a dona dessa nova vacina, para oferecer doses no país. A empresa diz que conversa com governos estaduais. E, bem, que estados estão mobilizados para imunizar a população não é novidade.
Ainda assim o Ibov subiu 2,57% e fechou a 103.515 pontos. Na máxima do dia, a cotação chegou a superar os 105 mil pontos. Pura euforia.
Existem outros termômetros para falar desse sopro de esperança. O volume negociado na B3 encostou nos R$ 50 bilhões. Em um dia típico de 2020, os negócios rodam na casa de R$ 30 bilhões.
E também as variações das ações: das 77 empresas do índice brasileiro, 47 avançaram e 29 caíram. Além disso, nove ações tiveram alta de mais de 10%. É muita coisa. Se olhar para altas acima de 5%, também. É nesse grupo que entram os bancos.
A liderança, claro, veio das companhias aéreas e correlatas, o setor mais afetado pela pandemia e o que mais deve se beneficiar de uma vacina e uma volta à vida como a gente conhecia. Para saber os percentuais de ganho nesta segunda, só conferir no final do texto a maiores altas do dia.
Nesse caso, a figurinha repetida completa álbum. O otimismo voltou a reinar nos mercados. Um dos gestores de fundos mais respeitados do Brasil, Luis Stuhlberger, do Verde, disse que enxerga espaço para essa alta recente do Ibov continuar. O chamado rali começou na semana passada. De terça passada para cá, o índice ganhou 10 mil pontos.
Stuhlberger falou a clientes e sua mensagem foi distribuída pela agência Bloomberg. E é importante dizer que ele ainda vê riscos fiscais no Brasil (que continua sem orçamento aprovado para 2021). De resto, os investidores locais se beneficiam da redução de volatilidade no exterior e da proximidade de uma vacina.
De fora
O curioso desta segunda-feira foi o tombo das big techs. Com isso o principal índice da Nasdaq caiu, uma exceção bastante simbólica já que a Nasdaq acumula alta de quase 40% em 2020.
Um dos principais culpados pelo tombo o Zoom, com baixa de 17%. Sim, todo mundo pensou a mesma coisa. Com a vacina, as pessoas voltam para o escritório e as reuniões voltam a ser presenciais. Ouvimos um amém? Nem você, nem eu e nem ninguém aguenta mais uma videochamada.
O resto da turma foi junto: Netflix caiu 8%, porque vacina significa menos tempo em casa, e depois vem as baixas de Amazon, Facebook, Apple e cia. — todas abaixo de 5%, um pouco menos dramático.
Enfim, agora é esperar pelos próximos dias e próximas notícias sobre vacinas. Sim, nós também estamos ansiosos. Exatamente como os investidores.
Maiores altas
Maiores quedas
Petróleo
WTI: 7,27%, US$ 39,84
Brent: 6,57%, a US$ 42,04
Dólar
-0,04%, a R$ 5,3917