Como as fusões de empresas impactam a motivação dos profissionais?
Em 2015, as operações de fusões e aquisições de empresas bateram o recorde. Nesse cenário, os RHs precisam redobram os esforços para aumentar a motivação da equipe
São Paulo — Motivar a equipe é um assunto importante na agenda de qualquer gestor – a motivação é o principal impulsionador do ciclo de produtividade e influencia diretamente os resultados da organização. Ela é essencial para que as organizações continuem a crescer e se desenvolver, e se torna um tema ainda mais importante em alguns momentos específicos de uma organização, como os de fusões. Nesse contexto o RH precisa estar ainda mais atento à possível falta de motivação dos colaboradores e buscar soluções que encorajem e direcionem a equipe para novos desafios.
Em 2015, as operações de fusões e aquisições de empresas totalizaram o valor de US$ 4,68 trilhões. Segundo a consultoria Dealogic, esse é o maior valor da história. Dados da KPMG apontam que foram concluídas 773 operações somente no Brasil.
Para que o processo seja bem-sucedido é importante haver mudanças na estrutura da nova empresa que comportem características das duas empresas que se uniram. E nesse processo, uma das áreas que mais sofre impacto é a de Recursos Humanos. Os profissionais desta área devem estar presentes desde a fase de negociações até o fim do processo.
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É importante que os profissionais da área de RH estejam preparados para todo o processo, que começa ainda antes da fusão em si. É preciso, antes de tudo, entender e estudar a cultura das duas organizações, absorvendo as características e visões dos líderes. Os RHs devem entender o perfil dos funcionários e desenhar a melhor forma de unir essas culturas.
Também é essencial que exista uma comunicação direta e transparente com os funcionários, para que todos estejam bem informados e seguros sobre o passo a passo do processo. Neste momento, um dos principais causadores da desmotivação são as conversas informais entre os funcionários, com conteúdo pouco preciso, que acabam por deixá-los mais inseguros. Nesta situação, muitas empresas acabam perdendo grandes talentos que se sentem ameaçados.
Os colaboradores sabem que mudanças e cortes irão acontecer e, quanto mais tempo eles ficam sem acesso a essas informações, mais incertezas em relação à carreira aparecem. É preciso que eles tenham um direcionamento para se sentirem motivados. Para os que tem a possibilidade de ficar na empresa, esta é uma chance de lutarem por sua vaga, produzindo e desempenhando ainda mais; e para aqueles que já sabem que serão desligados é o momento de fazer um excelente trabalho de transição, pensando nas recomendações e referências que virão.
Quando a fusão acontece, o choque cultural entre as duas empresas pode ser grande e gerar um desconforto entre alguns funcionários, que se sentirão pouco ou nada motivados. Em alguns casos, esta é uma oportunidade para a empresa criar uma cultura totalmente nova, em outros, quando uma das culturas é mais forte, ela acaba sendo a dominante.
O mais importante é saber que, apesar de se tratar de uma mudança repentina, este é um processo contínuo. E mesmo depois de finalizado, o RH continuará a desenvolver ações que criem sinergia entre os profissionais das duas empresas anteriores e se preocupem com o desenvolvimento dessa nova organização que foi criada.
O papel dos gestores também é fundamental. Eles devem se certificar de que todos se sintam parte de um time, afinal são uma unidade e, portanto, devem agir como tal. É o líder que avaliará possíveis atritos no dia a dia, resistências em relação à nova cultura corporativa e queda de produtividade. Eles devem estar aptos a lidar com as diferenças culturais a fim de manter um clima organizacional positivo.
Para os profissionais este pode ser um momento muito importante – é quando os olhos do RH estarão voltados aos colaboradores. Alguns não se sentirão confortáveis com as mudanças, alguns estarão inseguros, mas para muitos essa é uma oportunidade – há um perfil que se favorece nesse processo: os profissionais mais arrojados e que gostam de ser desafiados. Estes enxergam nesse cenário uma chance de saírem de sua zona de conforto e se destacarem com a nova estrutura. Com resiliência, vontade de inovar e capacidade de pensar fora da caixa tudo é possível.
*Gabriel Almeida é gerente da divisão de Engenharia e Logística da Talenses, empresa de recrutamento e seleção de São Paulo.