Demanda por profissionais de tecnologia aumenta para alguns setores
Com crescimento estimado de 2,6% nas receitas em 2016, setor de TI tem vagas para áreas estratégicas para os negócios.
As empresas precisam de pessoas dispostas a colocar a mão na massa nestes tempos de crise. Por isso muitos setores da economia continuam contratando e oferecendo boas chances de desenvolvimento. Um levantamento realizado com base no Guia Salarial 2017 da Robert Half, consultoria de recrutamento com sede em São Paulo, e divulgado com exclusividade pela Você S/A, mostra quais carreiras são essas. A seguir, você confere o último dos oito setores avaliados com carreiras em alta.
8. Tecnologia
Sempre em ascensão
Se há uma área importante para todas as empresas hoje, é de tecnologia. E, nesse caso, as razões vão além da economia de recursos. Isso porque a TI também proporciona às companhias a proximidade com a inovação e o alinhamento com as transformações digitais.
O setor é tão fundamental que, de acordo com um estudo feito pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) e pela consultoria IDC, publicado em junho deste ano, cresceu 9,2% em nosso país em 2015 – a média global foi de 5,6%. Esse bom índice fez com que o Brasil ocupasse o primeiro lugar em faturamento de empresas de TI na América Latina, sendo responsável por 45% da receita de 133 bilhões de dólares gerada na região. Mesmo a crise de 2016 não afeta o setor, que, de acordo com a IDC, deve ter um aumento de 2,6% na receita neste ano.
Embora passe por um bom momento, isso não quer dizer que estão sobrando vagas nesse mercado. Há um declínio, por exemplo, na procura por profissionais especializados em infraestrutura e certificados, já que, nessas áreas, existe um grande excedente de trabalhadores. “Vemos muita oferta de candidatos com capacitação em SAP, por exemplo, e pouca demanda de vagas”, diz Fabio Saad, gerente sênior de tecnologia da Robert Half.
Por outro lado, existe bastante procura por pessoas que estão se capacitando em áreas mais estratégicas para as empresas, como internet das coisas, Big Data, cloud computing e mobilidade. “Essa é a tendência deste ano e deve continuar assim em 2017”, afirma Fabio. “Não há, por exemplo, muitos gerentes de Big Data no mercado, por isso a alternativa é contratar físicos e matemáticos com experiência em tecnologia.”
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Além disso, do ponto de vista das empresas, o destaque é para o setor de varejo, que tem investido cada vez mais na união do físico com o digital. Isso significa um aumento no número de companhias que criam canais de e-commerce e pensam em soluções de vendas mobile. “Ou se faz isso ou se fica para trás, porque o modo de consumir mudou”, afirma Fábio.
Se os profissionais de TI quiserem um ambiente ainda mais desafiador e informal que o das companhias tradicionais, a saída é trabalhar em startups que busquem, principalmente, desenvolvedores IOS e Android, já que grande parte das companhias nascentes atua via aplicativos para celular. “Mais do que ter um background acadêmico, esse tipo de profissional é valorizado pelos projetos que fez na prática – independentemente de terem sido bem-sucedidos ou não”, diz Fábio.
Uma tendência que se mantém constante é a de contratação de pessoas para atuar em projetos que necessitam de profissionais altamente qualificadas e prontos para começar a trabalhar desde o primeiro dia. De acordo com uma pesquisa da Robert Half com 100 CIOs brasileiros, 34% deles devem aumentar o número de temporários em segurança da informação, por exemplo.
Análise de dados ganha visibilidade nas empresas
No trabalho, o apelido de Alex Carneiro, de 27 anos, é “data scientist”. Isso porque o paulistano é um dos especialistas em Big Data da Adobe, companhia de desenvolvimento de software, com escritório em São Paulo.
O objetivo de Alex é fazer análise de dados para melhorar a experiência dos clientes das empresas nos canais digitais. “É um modo novo de encarar o marketing digital”, diz Alex, que está na Adobe desde 2015. Ele aprendeu muito do que sabe sobre esse universo na prática.
Formado em administração, começou a trabalhar aos 20 anos com estatísticas e modelos preditivos — o que o levou até o mundo do Big Data. “Eu gosto de desenvolvimento de softwares desde os 12 anos de idade, então foi bem natural que eu ingressasse nessa área”, afirma.
No Brasil, ainda não existem tantos cursos voltados para o setor, por isso os profissionais costumam ser autodidatas. A Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, é uma das poucas que oferecem um MBA sobre Big Data e Data Mining — especialização que Alex está cursando. “Quem se especializa é valorizado. Ainda são poucos os profissionais capacitados nesse mercado, que tem um potencial enorme de crescimento nos próximos anos”, afirma Alex.
Competências essenciais
• Experiência
• Bom nível de inglês
• Facilidade de se relacionar
Onde há vagas
• Empresas de mobile e web
• Startups
• Varejo
• Fintechs
Salários em alta
Engenheiro de Big Data = alta de 10,0%
2016: de 15 000 a 35 000 reais
2017: de 15 000 a 40 500 reais
Gerente de Big Data = alta de 15,4%
2016: de 8 000 a 18 000 reais
2017: de 10 000 a 20 000 reais
Gerente de produto = alta de 21,7%
2016: de 8 000 a 15 000 reais
2017: de 8 000 a 20 000 reais
Desenvolvimento de software = alta de 28,4%
2016: de 3 100 a 8 000 reais
2017: de 3 255 a 11 000 reais
Esta matéria foi publicada originalmente na reportagem de capa edição 218 da revista Você S/A
Você S/A | Edição 218 | Setembro de 2016