Economia com apps de caronas e compartilhamento de carros pode chegar a R$ 700 por mês
Trocar o veículo pelos serviços de aluguel e compartilhamento de transportes pode ser uma alternativa para quem quer economizar. Saiba como avaliar se esse tipo de esquema funciona para você
Na esteira da regulamentação dos aplicativos de transporte individual de passageiros, como Uber, Easy e 99 Taxis, a Prefeitura de São Paulo também autorizou por meio de decreto, em maio, os serviços de compartilhamento de veículos e de carona solidária. Com a regulamentação na capital paulista, a tendência é que outras cidades brasileiras sigam pelo mesmo caminho.
O compartilhamento de veículos é uma tendência mundial. Já são 5,8 milhões de usuários ao redor do planeta, um mercado que movimenta 650 milhões de euros ao ano. Por enquanto, com 2,1 milhões de clientes e 31 000 veículos, a Europa é a principal consumidora per capita dos serviços de transporte compartilhado. Mas os países emergentes já representam um mercado crescente para esse tipo de atividade. Em apenas três anos, o número de empresas do ramo mais do que dobrou países como Brasil, China, Índia, Malásia, México, África do Sul e Turquia. Já são 22 operadoras espalhadas por 41 cidades.
A expectativa é que, até 2021, 35 milhões de pessoas em todo o mundo recorrerão a alguma modalidade de transporte compartilhado, indica um estudo do The Boston Consulting Group. “Cada vez mais, as pessoas, em vez de serem proprietárias de veículos, vão usar o veículo de terceiros como serviço e não como um bem. Isso é uma tendência recorrente no mundo, que acreditamos que vai prosperar”, afirmou Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, em nota sobre o decreto que autorizou esses aplicativos na capital paulista.
Economia
De modo geral, os motoristas que mais têm a ganhar com o transporte compartilhado são os donos de carros urbanos que dirigem menos de 7 500 quilômetros por ano, motoristas de veículos compactos que rodam menos de 16 000 quilômetros, e proprietários de automóveis grandes que precisam percorrer menos de 24 500 quilômetros anuais. Nesses casos, o uso mais esporádico do veículo não justifica os altos gastos mensais com manutenção do automóvel (veja quadro) e a adoção de uma ferramenta de compartilhamento mostra-se mais vantajosa.
Para o fotógrafo mineiro Tomás Arthuzzi, de 28 anos, morador de São Paulo, a troca do carro particular pelo compartilhamento representou uma grande economia ao fim do mês. Com seguro e IPVA, ele gastava quase 5 000 reais por ano, uma média de 400 reais por mês. Além disso, o carro consumia entre 2 e 2,5 tanques de gasolina por mês, a 180 reais cada um. “Juntando isso com manutenção preventiva, óleo, oficina e outras despesas, eu gastava 1 000 reais por mês para manter o carro”, diz. “Isso sem falar na depreciação do veículo”.
Depois de fazer essa conta, Tomás optou por vender o carro e, hoje, recorre aos apps de compartilhamento pelo menos duas vezes por dia, para ir e voltar do estúdio onde trabalha – uma distância de 3,3 quilômetros. Tomás costuma pedir o Uber Pool, modalidade de transporte em que mais de um passageiro divide o mesmo veículo. “Funciona muito bem, porque costumo trabalhar em horários alternativos, fora da hora do rush. É importante levar isso em conta porque o Pool às vezes dá umas voltas para buscar outros passageiros, o que pode atrapalhar alguém que esteja com pressa”, afirma. Nesse esquema de transporte, o fotógrafo gasta 300 reais por mês, o que representa uma economia de 700 reais. Nas horas vagas, Tomás também recorre a um serviço de transporte compartilhado, o Blablacar, para rachar os gastos com combustível e pedágios das viagens para Belo Horizonte, onde vive sua família.
O consultor financeiro Valter Police Junior, de São Paulo, alerta que a adoção do transporte compartilhado não funciona para todo mundo. Para saber se representaria uma economia para você, a sugestão do consultor é comparar o custo de diferentes modalidades nos trechos que você percorre habitualmente. Uma dica, para fazer isso, é usar as ferramentas de previsão de cálculo do trajeto disponibilizadas pelos aplicativos de táxi e de compartilhamento de veículos. Valter também sugere um teste para quem tem veículo próprio. “Durante um ou dois meses, deixe de usar o carro e experimente substituí-lo por outras alternativas. Esse teste trará não apenas indicações financeiras, mas também sobre como você se sentiria fazendo essa troca”, diz o consultor.
Esta matéria foi publicada originalmente na edição 216 da revista Você S/A e pode conter informações desatualizadas
Você S/A | Edição 216 | Julho de 2016
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