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Presidente da Roche no Brasil quer impulsionar mercado local

Funcionário da Roche desde 1993, o suíço Rolf Hoenger tem como objetivo consolidar a expansão da empresa no país

Por Por Elisa Tozzi
Atualizado em 15 out 2024, 18h09 - Publicado em 6 set 2016, 13h40

No Brasil desde 2013, Rolf Hoenger, de 51 anos, fala português fluentemente. E essa, além do alemão de seu país de origem, a Suíça, não é a única língua que ele domina. Rolf pode conversar tranquilamente em inglês, francês, russo e espanhol. Claro que isso não é por acaso. Com 26 anos de carreira, 23 deles na Roche, o atual presidente da farmacêutica no Brasil já teve escritórios em cidades como Moscou (Rússia), Almaty (Casaquistão), Buenos Aires (Argentina) e San José (Costa Rica). Por aqui, seu desafio é impulsionar o crescimento do mercado local, incentivar a inovação e manter os investimentos na região. Tanto que, mesmo em um período de crise, a farmacêutica vai injetar, nos próximos cinco anos, 300 milhões de reais na fábrica do Rio de Janeiro. O intuito é fazer com que a planta se torne referência na América Latina e aumente as vendas em 20%. 

Por que direcionou a sua carreira para países em desenvolvimento? 

Preciso ser honesto para responder. Eu não me imagino trabalhando na Suíça. É chato. Não tem nada para resolver e você se acostuma a isso, a não ter muito com o que contribuir. Eu queria algo mais desafiador. Quando fui para Moscou, ainda não tinha entrado na Roche, mas já estava atrás disso. Era fim dos anos 80, em plena Perestroika. Foi muito interessante ver isso acontecer e conhecer novas pessoas. Um dos maiores benefícios de morar fora é ter essa conexão com os locais. Você aprende muito, tem muita troca. 

Você chegou ao Brasil em 2013, quando a desaceleração econômica estava começando. Como a Roche está lidando com esse momento? 

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No mundo em desenvolvimento, crises não são novidade – mas geram enormes oportunidades. A Roche tem uma filosofia de inovação e de pensar no longo prazo. Por isso, acreditamos em ciclos maiores. Estamos investindo 300 milhões de reais na fábrica de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Na indústria farmacêutica, os ciclos de inovação duram três anos e, para um lançamento, pode levar dez anos. Por isso, pensar só no curto prazo não faz sentido. 

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Acredita que a economia do país vai melhorar no longo prazo? 

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Sim. É um mercado grande, importantíssimo para a Roche, com mais de 200 milhões de habitantes, e um país que passa por um processo de envelhecimento. Essa população vai precisar de inovação e de soluções. 

Quando chega a uma nova cidade, qual o maior desafio? 

Ler o entorno. Você nunca constrói nada do zero. A tarefa é não destruir o que já existe, pegar o que já está aí e criar algo novo. O mais difícil é entender por que aquilo existe em determinado país. No meu caso, as mudanças trazem um desafio pessoal: transportar meus seis labradores. Por causa do peso, só posso levar três por voo. Então eu e minha esposa viajamos em aviões separados. 

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Sua trajetória no mundo corporativo é longa. Nunca pensou em mudar de rumo? 

Não. Eu não abriria uma empresa por abrir, teria que ser algo grande, atrelado aos meus valores. E isso eu tenho na Roche. Meu sonho era ter  feito medicina. Mas, por motivos financeiros, não pude cursar essa carreira e me tornei economista. Entrar na Roche me deu o clique: eu ajudaria pacientes sem ser médico. Percebi que faria a diferença na vida das pessoas. Por isso, não penso em sair. Afinal, realizei um sonho. Recebemos depoimentos de pessoas que usam nossos medicamentos. Um deles me emocionou. Foi da esposa de um paciente com câncer de pulmão. Ela escreveu para agradecer, pois o remédio tinha melhorado um pouco a qualidade de vida do marido. Um ano depois, escreveu novamente contando que, graças ao medicamento, seu marido pôde comparecer ao casamento do filho. Por isso, eu penso: sair daqui para fazer o quê? 

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 216 da revista Você S/A e pode conter informações desatualizadas

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Você S/A | Edição 216 | Julho de 2016 

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