Solução de conflitos é a responsável pela ascensão na carreira jurídica
Por causa da crise, os setores que cuidam de recuperações judiciais, disputas trabalhistas e dívidas estão em alta.
Por meio do Guia Salarial 2017 feito pela consultoria de recrutamento Robert Half, Você S/A divulgou um levantamento mostrando quais carreiras continuam em crescimento, contratando, abrindo novas posições e oferecendo bons salários. A seguir, você confere o quinto dos oito setores avaliados com carreiras em alta.
5. Jurídico
Solução de problemas
Profissionais de direito não costumam ficar sem emprego na crise. Isso porque, em momentos difíceis, sobram processos a serem resolvidos. Embora a demanda se mantenha sempre constante, a área também está em busca – com as outras – de eficiência, produtividade e bons resultados. “Todos devem desenvolver uma visão de negócio para gerar oportunidades”, diz Mariana Horno, gerente sênior da Robert Half.
Além desse viés, o perfil mais valorizado pelos escritórios e pelas empresas é o de uma pessoa com faculdade de primeira linha, que tenha capacidade de empreender para criar novos negócios e que fale inglês fluentemente. “A demanda pelo inglês e até por uma terceira língua é cada vez maior, já que está se tornando comum que advogados se reportem para uma chefia fora do Brasil”, diz Mariana.
Por conta da crise, os departamentos negociais não estão tão aquecidos, mas há aumento nos quadros dos setores de contencioso – que cuida dos problemas das empresas e das pessoas. Na esfera trabalhista, por exemplo, existe muito a ser feito, já que os escritórios estão cheios de processos sobre reestruturação de empresas, demissões e negociações de dívidas. Um dado divulgado pela Serasa dá a dimensão da demanda nessa área: entre janeiro e maio de 2016, houve um crescimento de 95% no número de pedidos de recuperação judicial por empresas do país – um recorde histórico do indicador.
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Outro setor que está indo bem é o de auditoria, ou compliance. Desde que a lei anticorrupção entrou em vigor em 2014, existe uma tendência de que as empresas se preocupem mais com isso, ou contratando profissionais para seus quadros fixos ou escritórios que tenham cadeiras desse tipo. “O mais comum é contratar advogados de direito civil, que, mesmo sem especialização nessa área, possuem muita bagagem por terem lidado com questões corporativas na carreira. É uma boa opção para quem quer mudar de setor de atuação”, afirma Mariana.
Nos escritórios, acontecem três movimentos. Primeiro, há mais disputa por preços e, consequentemente, mais chances para escritórios que não têm placas famosas, mas que são competentes, fecharem negócios. Segundo, há uma valorização do sócio que busca novos clientes e cria sucessores. E, terceiro, há uma tendência para o aumento das fusões. “Existe união de forças para que escritórios tenham mais possibilidade de atuação”, diz Mariana. Nas empresas, a valorização é para o profissional mais generalista e que atue como parceiro de negócios. “Essas pessoas olham para a potencialização de recursos e ajudam no crescimento da companhia”, afirma Mariana.
De modo geral, os advogados também devem se preocupar em estar alinhados às inovações tecnológicas – que ajudam a otimizar tempo e dinheiro. Mas isso não é um problema para a maioria. Segundo uma pesquisa da consultoria Thomson Reuters, em parceria com a Associação dos Advogados de São Paulo, 97% dos 5 400 respondentes do estudo consideram a tecnologia importante para tornar pesquisas jurídicas mais rápidas e precisas.
Demanda pelos advogados trabalhistas segue forte
Entre 2013 e 2014, o paulista Henrique de Oliveira e Paula e Lima, de 42 anos, sentiu que sua especialização estava valorizada. Advogado trabalhista, ele viu a demanda por profissionais da área aumentar — e muito. Nessa época, foi chamado para ser sócio de um escritório no qual já tinha trabalhado antes, o Andrade Bohlsen Juliani Lima Magosso Advogados, de São Paulo.
Entre suas atribuições, ele teria que montar a área trabalhista da firma. “O alto volume de clientes empresariais que precisam de consultoria trabalhista fez o escritório se estruturar para o futuro”, diz Henrique. “Há companhias se organizando para reduzir quadros desde 2014 e percebo que 2017 terá um incremento ainda maior nessa área.”
Para trafegar bem no setor, é preciso ter experiência prática e desenvolver, também, algumas habilidades comportamentais. “Usar a tecnologia para agilizar a organização dos processos, por exemplo, é algo fundamental em uma época em que a produtividade é tão importante”, diz Henrique. Além disso, os sócios, hoje, possuem um papel mais mão na massa do que antigamente. “Você tem que estar sempre presente para cativar clientes; por isso, participo de reuniões com bastante frequência.”
Competências essenciais
• Currículo estável
• Visão de longo prazo
• Bom nível de inglês
• Perfil comercial
Onde há vagas
• Tributário
• Trabalhista
• Cível
• Concorrencial e compliance
Salários em alta
Advogado pleno (trabalhista contencioso)
• Empresas P*= alta de 8,2%
2016: de 3 500 a 5 000 reais
2017: de 4 000 a 5 200 reais
• Empresas M*= alta de 11,5%
2016: de 3 600 a 6 000 reais
2017: de 4 200 a 6 500 reais
• Empresas G*= alta de 9,9%
2016: de 4 700 a 8 500 reais
2017: de 5 000 a 9 500 reais
Advogado júnior (consultivo trabalhista)
• Empresas P*= alta de 6,5%
2016: de 3 200 a 4 500 reais
2017: de 3 500 a 4 700 reais
• Empresas M*= alta de 9,3%
2016: de 3 700 a 6 000 reais
2017: de 4 300 a 6 300 reais
• Empresas G*= alta de 13,0%
2016: de 3 300 a 6 700 reais
2017: de 4 300 a 7 000 reais
*Baseada em número de pessoas
– P: entre 15 e 20 advogados;
– M: entre 20 e 60 advogados;
– G: acima de 60 advogados
Esta matéria foi publicada originalmente na reportagem de capa edição 218 da revista Você S/A
Você S/A | Edição 218 | Setembro de 2016