A bolsa brasileira é tec?
Mais empresas com o pé na tecnologia fizeram IPO na B3, mas temos muitas startups para abrir antes de virarmos uma Nasdaq.
As ações da Mosaico, a empresa dona do comparador de preços Buscapé, quase dobraram de valor no primeiro dia de negociações na B3, no começo de fevereiro. Uma amostra de que os investidores brasileiros estavam sedentos por companhias de tecnologia.
Esse nunca foi um setor forte na bolsa brasileira, nosso negócio era mesmo Petrobras, Vale, siderúrgicas e bancos. Até 2019, as empresas que mais surfavam na onda “tecnológica” eram a Magazine Luiza e o Banco Inter, os dois por causa do histórico de transformação dos negócios para o mundo dos aplicativos.
Mas, desde o ano passado, deu uma melhorada. Começou com a Locaweb (de hospedagem de sites) e depois vieram empresas como a startup de cashback Méliuz, o brechó online Enjoei, o e-commerce de móveis Mobly. E as ações de todas vão bem, obrigado. As da Locaweb subiram mais de 600%; as da Méliuz, 243%.
Desde janeiro de 2020, já foram mais de 30 IPOs, de diversos setores. Por isso, essa chegada de empresas tec dá a sensação de que a cara da bolsa brasileira está mudando. Só que estamos ainda muito distantes de ver a B3 transformada em uma Nasdaq, a bolsa americana que serve de lar para empresas de tecnologia. Quase metade dos R$ 30,8 bilhões captados nos IPOs desde 2020 foram para empresas do segmento de varejo e tecnologia. Uau. O setor representa 12,8% do Ibovespa, segundo dados compilados pela XP.
Mas isso traz uma ilusão: boa parte das empresas agrupadas sob o selo “varejo e tecnologia” é só de varejo tradicionalzão mesmo. E, nessa categoria, quem mais conseguiu capital de investidores foi a rede de supermercados Grupo Mateus, que levantou R$ 3,4 bilhões com a estreia na bolsa.
É, temos muita startup para abrir antes de virarmos uma Nasdaq.