Anúncio de emprego da Amazon faz bitcoin voltar aos US$ 40 mil
Dia também foi de recuperação no Ibovespa, mas enquanto Nova York bate recorde, bolsa brasileira está mais para terminar julho no zero a zero.
Bitcoin não é um freguês recorrente aqui do Fechamento de Mercado. Mas hoje foi ele que trouxe alguma emoção para investidores. Depois de mais de um mês oscilando ali ao redor dos US$ 30 mil, conseguiu engatar uma alta robusta e voltar aos US$ 40 mil. A valorização foi atribuída a uma vaga de trabalho.
É que veículos de imprensa americanos noticiaram que a Amazon está em busca de um executivo para desenvolver a estratégia de moedas digitais e blockchain. Disso, investidores de criptos entenderam que a companhia planeja aceitar criptomoeda como forma de pagamento no site. E a Amazon não negou.
Por volta das 17h30, o bitcoin subia 10,5% em 24 horas, a US$ 38 mil. As ações da Amazon subiram 1,18%, a US$ 3.699,82.
A resposta da Amazon foi a seguinte: “Nós estamos inspirados pela inovação que ocorre no mundo das criptomoedas e explorando como isso poderia se encaixar na Amazon. Nós acreditamos que o futuro será construído com base em novas tecnologias que permitam pagamentos rápidos, modernos e baratos, e esperamos trazer esse futuro para a Amazon o mais rápido possível”.
Em fevereiro, Elon Musk havia feito um movimento parecido com a Tesla. Anunciou que a empresa teria parte do seu patrimônio em bitcoins e ainda aceitaria pagamentos pelos carros da companhia no criptoativo. Depois, uma sequência de relatórios mostrando o potencial poluidor do bitcoin fez com que Musk voltasse atrás.
Poder pagar por produtos em bitcoins é o sonho dos entusiastas da tecnologia, já que isso seria a prova de que criptomoedas são moedas de verdade, como real e dólar. Não é tão trivial assim e nós já explicamos aqui na VC S/A.
Um Tesla Modelo 3 custa US$ 39.990. Hoje isso é um bitcoin. Beleza. Só que uma pessoa que tivesse comprado esse mesmo carro uma semana antes teria tirado do bolso algo como 1,03 bitcoin. Para a Tesla, foi um ganho de quase US$ 1.000 sem esforço algum. Para o proprietário do veículo, virou um péssimo negócio.
Existem algumas iniciativas de criptomoedas estáveis, chamadas de stablecoins. O lance delas era ter lastro, assim como no passado os Bancos Centrais tinham ouro nos seus cofres para garantir a estabilidade de seus dinheiros de papel. A Tether é uma dessas stablecoins. Os criadores da moeda alegam que para cada unidade dela existe um dólar de garantia (em dinheiro de verdade ou em investimentos). Nesta segunda, a agência de notícias Bloomberg afirmou que o Departamento de Justiça dos EUA investiga que a moeda foi usada em fraudes bancárias.
O cerco contra criptoativos pelos americanos, como se vê, não abalou a euforia do mercado com o interesse da Amazon na tecnologia.
Bom humor
Quem também manteve o bom humor foi o Ibovespa, que subiu 0,76% e recuperou os 126 mil pontos. Tanto esforço deve garantir que julho não seja um mês completamente perdido. Faltando uma semana para o fim do mês, o índice está praticamente empatado com junho (fechamento de 126.801 pontos).
Uma das explicações para o Ibov ter empacado é o comportamento de estrangeiros. Até a semana passada, eles já haviam sacado R$ 5,03 bilhões da bolsa brasileira. Seguido o comportamento, será o primeiro mês negativo desde março. No ano, o saldo segue positivo em R$ 42,9 bilhões.
Se o Ibovespa subiu nesta segunda, agradeça, de novo, às commodities. A fila de altas foi puxada por Usiminas, CSN, Bradespar (que investe na Vale) e Gerdau Metalúrgica. A Vale não ficou no top 5, mas certamente é responsável pelo dia positivo também: +2,17%. Quando as ações do setor sobem assim juntinhas, convém olhar para o minério de ferro. E a matéria-prima se valorizou 0,70%. Nada tão empolgante assim.
Já as expectativas do mercado para os resultados da Vale ajudam a explicar melhor o cenário. Segundo o Valor Econômico, analistas esperam lucro líquido de US$ 7,4 bilhões no segundo trimestre, o que dá uma alta de 600% na comparação com igual período de 2020. Os números saem na quarta. Os dados da CSN saem amanhã.
O lado negativo
Americanas.com (ex-B2W), Via (ex-Via Varejo), Lojas Americanas e Magazine Luiza ficaram na ponta negativa do índice. Não houve uma explicação sólida para o movimento. A dupla Americanas têm sido penalizada desde a semana passada, quando elas concluíram uma reestruturação societária confusa demais para investidores.
Do lado da Via e da Magalu, pesam inflação em alta e perspectiva de que os juros precisem subir de forma mais acelerada para conter a alta de preços. Aí o consumidor, que já está mais pobre por causa da inflação, fica com menos crédito na praça para comprar a prazo.
Nos EUA
Se aqui no Brasil o dia foi de otimismo moderado, nos EUA ele começou no negativo. Investidores de lá estavam receosos com a intervenção direta da China nas empresas privadas de educação. O índice chinês (Xangai Shenzhen) caiu mais de 3% – e algumas companhias chegaram a tombar quase 50%.
O lance é que várias empresas chinesas têm ações também em Nova York. No começo do dia, investidores decidiram se ocupar de um efeito contágio para outros setores. No fim, o receio não perdurou e o mercado decidiu se firmar no positivo, em mais um recorde de fechamento.
Investidores têm seus motivos. Na quarta, o Fed (Banco Central dos EUA) toma uma nova decisão sobre taxa de juros e programa de impressão de dinheiro para estimular a economia. Na quinta, será conhecido o PIB do segundo trimestre. É aí que investidores vão pensar se estão correndo riscos demais com suas ações ou não. Se hoje o dia foi tranquilo para investidores tradicionais, o mesmo não se pode dizer da semana.
MAIORES ALTAS
MAIORES BAIXAS
Ibovespa: +0,76%, a 126.006 pontos
Dólar: -0,70%, a R$ 5,1742
Nova York
Dow Jones: +0,24%, a 35.144,91
S&P 500: +0,24%, a 4.422,22
Nasdaq: +0,03%, a 14.840,71
Petróleo
Brent: +0,88%, a US$ 74,75
WTI: +0,11%, a US$ 72,15
Minério de Ferro
+0,70%, a US$ 202,74 a tonelada no porto de Qingdao