Após euforia, rendimentos dos Treasuries voltam a limitar bolsas
Ibovespa e S&P 500 passam o dia de lado depois da forte alta de sexta-feira. BRFS3 dispara 13% e impulsiona setor de frigoríficos.
Depois do rali da última sexta-feira – quando o Ibovespa saltou 2,70% e o S&P 500 fechou sua melhor semana de 2023 –, o gás no mercado mundial minguou. As bolsas americanas e a brasileira passaram o dia na corda bamba, sem saber se subiam ou caiam; no fim, terminaram no azul, ainda que longe da euforia da semana passada.
Num dia de agenda esvaziada, o Ibovespa começou a semana com alta de 0,23%, o suficiente para sustentar os 118 mil pontos. Já o S&P 500 subiu 0,18% e o Nasdaq, 0,3%. O dólar, por sua vez, caiu 0,16%, a R$ 4,89.
O que limitou os ganhos nas bolsas foram, novamente, os rendimentos dos Treasuries. Os títulos públicos americanos têm protagonizado a atenção do mercado nas últimas semanas após uma disparada em seus rendimentos. O yield do título de 10 anos, que serve como referência, chegou a passar dos 5% por um breve momento, o maior patamar desde 2007.
Recentemente, esse fenômeno deu uma aliviada, com o rendimento caindo por quatro dias seguidos. Porém, hoje, ele voltou a ter forte alta – foi de 4,57% para 4,65%. A disparada nos juros dos títulos públicos machuca o mercado de ações.
Entre os motivos que explicam os rendimentos elevados, está o fato de que a economia americana segue mais resiliente do que o esperado, a inflação ainda está acima da meta (o que faz o Fed manter os juros altos por mais tempo) e o cenário fiscal dos EUA, que está emitindo cada vez mais dívida para financiar seus gastos públicos massivos.
Mesmo assim, não foi suficiente para jogar as bolsas para baixo, cortesia do restinho de otimismo que sobrou do último pregão. A euforia da semana passada foi justificada pelo payroll fraco divulgado na sexta-feira. Esse é o relatório oficial sobre o estado do mercado de trabalho americano, e um dos dados mais importantes para tentar prever os próximos movimentos do Fed em relação aos juros do país.
O payroll mostrou que o desemprego subiu a 3,9%, acima dos 3,8% esperados, e que criou só 150 mil novas vagas, 30 mil a menos do que a projetada. O mercado comemorou – sinais mais fracos indicam que o Fed pode amenizar sua postura e antecipar o corte nos juros, caso a inflação também se mostre controlada. Como a semana é esvaziada de dados, porém, investidores entram no modo adivinhação para tentar prever.
No Brasil
A performance do Ibovespa do dia foi puxada pelos frigoríficos, que dominaram o ranking de maiores altas, com destaque para a BRF, que saltou 13% e levou consigo a Marfrig, que é dona de 45% da companhia e subiu quase 9%.
Não houve nenhuma notícia específica sobre o setor, porém. Na quinta passada, a XP elevou sua recomendação para BRFS3 de “neutro” para “compra” e elegeu o papel como “top pick” no segmento de proteínas.
Por aqui, o noticiário econômico segue focado na novela da meta fiscal para 2024, após Lula sugerir que o alvo de déficit zero pode ser revisto – na contramão do que Haddad, ministro da Fazenda, vem pregando há meses. Ainda não há, porém, uma definição, e, sem novidades, o assunto ficou em segundo plano neste pregão.
De qualquer forma, a ata do Copom será divulgada amanhã e pode trazer detalhes de como a autoridade monetária está enxergando todo esse impasse. Num cenário de bagunça fiscal – que não é impossível –, o banco central poderá reduzir o ritmo de seus cortes na Selic para além dos já contratados.
A partir desta segunda-feira, diga-se, a bolsa passará a fechar às 18h, para se adequar ao horário americano de negociação. Nos vemos todos os dias um pouco mais tarde, então.
Até amanhã.
MAIORES ALTAS
BRF (BRFS3): 12,87%
Marfrig (MRFG3): 8,61%
Minerva (BEEF3): 3,34%
Ultrapar (UGPA3): 2,34%
JBS (JBSS3): 2,25%
MAIORES BAIXAS
CVC Brasil (CVCB3): -9,23%
Yduqs (YDUQ3): -8,85%
Gol (GOLL4): -7,06%
Grupo Soma (SOMA3): -5,78%
Azul (AZUL4): -5,70%
Ibovespa: 0,23%, aos 118.431
Em Nova York
S&P 500: 0,18%, aos 4.366 pontos
Nasdaq: 0,30%, aos 13.518 pontos
Dow Jones: 0,10%, aos 34.096 pontos
Dólar: -0,17%, a R$ 4,8879
Petróleo
Brent: 0,34%, a US$ 85,18
WTI: 0,38%, a US$ 80,82
Minério de ferro: -0,05%, cotado a US$ 127,26 por tonelada na bolsa de Dalian (China)