Balanços ruins de Microsoft e Alphabet deixam os futuros mal-humorados

Por aqui, tem decisão do Copom às 18h30, mas o mercado acredita que o ciclo de alta nos juros acabou. E o Ibovespa continua a caminhar na corda-bamba com a divulgação de pesquisas eleitorais.

Por Bruno Vaiano e Tássia Kastner
Atualizado em 18 out 2024, 14h06 - Publicado em 26 out 2022, 08h38
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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O condado faria limer amanheceu com fé na bola de cristal do mercado: hoje termina a penúltima reunião do Copom em 2022, e os analistas fazem uma aposta unânime na manutenção da Selic em 13,75%. O anúncio está programado para 18h30. 

Nas palavras do Goldman Sachs, “Esperamos que o Copom deixe a taxa básica de juros inalterada em um restritivo 13,75%, juntamente com uma orientação conservadora, indicando que permanecerá vigilante e avaliará se a estratégia de manter a taxa básica no nível atual por um período de tempo suficientemente prolongado será capaz de garantir a convergência da inflação para a meta”. 

No ringue do segundo turno, a ressaca pós-tiroteio na prisão de Roberto Jefferson foi seguida de outra granada: em busca de um jeito de financiar a festança eleitoreira do Auxílio Brasil, o Estadão revelou que o Ministério da Economia tem um plano para acabar com as deduções de saúde e educação no imposto de renda – medida que atinge em cheio a classe média, acostumada a conseguir um desconto do leão por meio dos gastos com plano de saúde e escola particular. Mais um golpe na campanha bolsonarista. Guedes nega que tal documento exista.

Essas duas crises dificultaram a vida de Bolsonaro e fizeram os investidores liquidarem as ações das estatais que imaginavam privatizadas num eventual segundo mandato do presidente (PETR4 e BBAS3 desabaram quase dois dígitos no pregão de segunda e caíram mais um pouquinho ontem). Os últimos dias foram dedicados a reforçar o que seria uma carteira de ações pró-Lula, o que deixou a bolsa brasileira descolada das altas no exterior.

Os ânimos do dia de hoje vão depender da maneira como os investidores vão analisar as novas rodadas de pesquisas eleitorais. Só hoje, saem três.

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Exterior

Os futuros de Nova York estão cabisbaixos com o desenrolar da temporada de balanços do terceiro trimestre. Microsoft e Alphabet estão caindo mais de 6% nesta manhã após apresentarem resultados financeiros insatisfatórios: o lucro da empresa de Bill Gates caiu 14% em relação ao 3° tri do ano passado (foram US$ 17,6 bilhões, o pior desempenho desde o 2º tri de 2020). 

Por sua vez, a dona do Google amargou uma redução de 26,5% no mesmo período – o que é ruim não só porque o número de US$ 13,9 bilhões veio abaixo da expectativa, mas também porque a Alphabet sofre com uma de suas mais sólidas fontes de receita, que são anúncios no YouTube (houve uma queda de 1,9%, a primeira desde que eles começaram a divulgar esse dado, em 2020). 

Por ora, essas duas decepções ditam o humor em Wall Street, e os futuros estão no vermelho. Especialmente a Nasdaq, que marcava -1,51% às 8h da manhã. 

Mas haverá muitos balanços hoje, com potencial para trazer paz ao coraçãozinho gringo: a seguradora Barclays, o Santander (que abre a safra de bancos no Brasil), a Heineken e a Boeing apresentarão seus resultados antes do início do pregão; Meta e Ford vão deixar seus anúncios para depois do fechamento. 

Zuckerberg não tem muito potencial para dar um gás na Nasdaq: todos esperam péssimos resultados após o fracasso do Metaverso, e o Tik Tok rouba usuários e tempo de tela do Instagram. Bons negócios. 

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,63%

Futuros Nasdaq: -1,51%

Futuros Dow: -0,08%

*às 8h02

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Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,04%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,31%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,62%

Bolsa de Paris (CAC): 0,09%

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*às 8h07

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,81%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,58%

Hong Kong (Hang Seng): 1,00%

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Commodities

Brent: 0,33%, a US$ 92,07 o barril

Minério de ferro: -0,56%, a US$ 93,35 a tonelada, na bolsa de Cingapura

*às 8h29

market facts

Febraban reage à crise de identidade da XP 

A XP começou sua história dizendo que as pessoas deveriam “desbancarizar” seus investimentos. Quase 20 anos depois, em 2019, ela mesma virou banco – com conta, cartão de crédito e empréstimos. E ainda filiou à Febraban, a federação dos grandes bancos do país. 

De acordo com dados prévios operacionais da companhia, 516 mil clientes têm o cartão do banco XP na função crédito ou débito e 342 mil contas digitais estão ativas. Ainda é nada comparado aos 3,6 milhões de clientes do grupo ou os 70 milhões de usuários do Nubank. Mas ainda são cartões, claro. Não adianta disfarçar. 

Para tentar acelerar o crescimento, a XP decidiu voltar às origens. Lançou uma campanha publicitária com a hashtag #EuNãoBanco, com o argumento que não cobra tarifas em sua conta digital. Dessa vez, a Febraban reagiu: “essa instituição financeira é, sim, um banco, mas procura estabelecer alguma distância de seus pares. Ela pratica as mesmas atividades de um banco, preferindo fingir que vive em um universo paralelo”.

Ontem, as ações da companhia fecharam em queda de 0,50%, a US$ 17,76 na Nasdaq. A queda, no ano, é de 38%.

Vale a pena ler:

O que o álbum da Copa nos ensina sobre economia 

O comércio paralelo de figurinhas especiais da copa mostra na prática o que é valuation – como o mercado precifica certos ativos de acordo com a escassez. E não é só isso. As figurinhas servem como uma aula de ciências econômicas, utilizando conceitos como arbitragem, câmbio e teoria das probabilidades. Veja neste infográfico especial da Você S/A. 

Kanye enfrenta novo divórcio, agora com a Adidas

A Adidas decidiu cortar laços com Kanye West depois que o rapper americano fez declarações antissemitas no Twitter. A fabricação de produtos Yeezy, colaboração de Kanye com a marca de roupas esportivas, foi interrompida imediatamente. A Adidas calcula que a decisão custará US$ 246 milhões ao caixa da companhia, que já estava sendo criticada por manter a parceria por tanto tempo – em um mês, suas ações caíram 23%, à medida que o comportamento de Kanye nas redes sociais atraía críticas. O NYT rememora as etapas dessa polêmica aqui

Agenda

Brasil, 18h30: decisão do Copom

Temporada de balanços

EUA, antes do pregão: Barclays, Heineken, Boeing.

EUA, após o pregão: Meta, Ford 

Brasil, antes do pregão: Santander 

Brasil, depois do pregão: Klabin, Weg, Dexco, CSN

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