Bancos centrais na mira: ata do Copom e fala de Powell são os destaques desta terça
Sob críticas de Lula, BC defende manutenção da Selic em 13,75% ao ano citando o risco fiscal brasileiro.
Depois das diversas críticas de Lula aos juros altos, a ata do último Copom ganhou ainda mais relevância. O documento divulgado nesta manhã trouxe poucas novidades em conteúdo, mas veio mais extenso, com 9 parágrafos a mais que o anterior.
Ontem, Lula havia dito que não há justificativa para a Selic estar em 13,75% ao ano. “É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que deram para a sociedade brasileira.”
O número de justificativas do BC não aumentou conforme o texto, elas apenas melhor explicadas. Uma das principais segue sendo o risco fiscal brasileiro.
“Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; (ii) a ainda elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais que implicam sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos […]”
A prometida nova âncora fiscal do governo Lula ainda não veio, o que deixa investidores aflitos com os gastos da União. E a certeza de uma dívida pública sob controle em países em desenvolvimento como o nosso é um must para o fluxo de dinheiro estrangeiro. Sem essa tranquilidade, os juros futuros e o dólar sobem, dando gás para a inflação. Daí o porquê da Selic seguir alta, sem perspectiva de queda no curto prazo.
E, enquanto a nova regra não é estabelecida, pesam ainda mais as falas de Lula contra o BC. Um atrito entre governo e autoridade monetária não é bom em lugar nenhum.
O que o presidente quer, segundo interlocutores, é passar a mensagem de que o baixo crescimento econômico está atrelado aos juros altos e que isso é uma herança da gestão passada. Por mais que isso traga alta do dólar e dos juros futuros no meio tempo.
Apesar das duras críticas à Roberto Campos Neto, presidente do BC indicado por Bolsonaro, Lula não deve tentar tirá-lo do cargo. A manobra teria um alto custo político e econômico. Ela depende de maioria no Senado e aumentaria a insegurança para investidores.
Sessão da tarde com Powell
Enquanto Lula e Campos Neto se estranham, o mundo anseia pelas palavras do presidente do Fed, banco central americano. Às 14h40, no horário de Brasília, Jerome Powell participa de um evento no The Economic Club of Washington.
Esta será a primeira fala pública do economista após dados do mercado de trabalho americano virem muito melhores que o esperado na última sexta. Segundo o payroll, os Estados Unidos criaram 517 mil empregos em janeiro, bem acima dos 188 mil previstos, levando o índice de desemprego de 3,6% para 3,4%.
Na última alta de juros, para 4,75%, o Fed sinalizou que a desinflação havia iniciado, mas que o processo é incipiente e vai precisar de novas altas de juros para conter os preços. Um dos principais “vilões” é justamente o mercado de trabalho forte, que aumenta salários e pressiona a inflação. Se as contratações não perderem força, os juros americanos podem continuar subindo, o que prejudica o mercado de ações.
Pelo menos, por lá, Powell e Biden seguem em paz.
Bons negócios!
Futuros S&P 500: -0,01%
Futuros Nasdaq: 0,14%
Futuros Dow: -0,12%
*às 8h54
Anatel considera intervir na Oi
Na sexta-feira, o Estadão revelou que a Oi pode ser alvo de uma intervenção direta da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Caso isso aconteça, a agência deve afastar toda a diretoria e assumir o comando da empresa. Antes de apelar para a medida radical, a Anatel quer entender a fundo o que a operadora planeja com o seu pedido de proteção contra credores. Para isso, ela determinou a formação de grupo de trabalho para acompanhar as condições operacionais e econômico-financeiras do Grupo Oi.
Depois da notícia, as ações OIBR3 fecharam em queda livre de 21,38%, a R$ 1,25.
Brasil, 10h: Roberto Campos Neto participa de evento “2023 Milken South Florida Dialogues”, em Miami, com transmissão pela internet;
Brasil, 11h30: Presidente Lula, presidente da Caixa, Rita Serrano, e ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (SRI), Wellington Dias (MDS) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) acompanham assinatura do protocolo de intenções para atendimento aos povos indígenas, em Brasília;
EUA, 14h40: presidente do Fed, Jerome Powell, participa de evento no Clube Econômico de Washington;
Brasil, 16h: Haddad participa de reunião com governadores sobre ICMS e resolução no Carf.
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,02%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,48%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,21%
Bolsa de Paris (CAC): -0,02%
*às 8h41
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,18%
Hong Kong (Hang Seng): 0,36%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,03%
Brent: 1,40%, a US$ 82,12 o barril
Minério de ferro: -0,65%, a US$ 123,90 por tonelada, na bolsa de Dalian
*às 8h57
Saldão de carro elétrico
Em janeiro a Tesla cortou o baixou dos veículos Model Y em quase 20% nos EUA – um dos maiores cortes na história da indústria de carros elétricos. Algumas semanas depois, foi a vez da Ford ter o seu momento “o patrão ficou maluco”: reduziu em 8,8% o valor do Mustang Mach-E (um top de linha entre os elétricos da montadora). Neste vídeo, o Wall Street Journal compara as estratégias da Tesla e da Ford e explica o que os cortes podem significar para o setor de carros elétricos.
(Nem tão) Novo Mercado
Na teoria, o Novo Mercado é o índice da B3 que concentra empresas com práticas de governança corporativas exemplares. É pra funcionar como um selo de qualidade: companhias listadas lá adotam voluntariamente regras mais rígidas de gestão e transparência. Só que não tem sido bem assim. Americanas, Via, IRB Brasil e CVC – todas empresas que reconheceram erros em seus balanços nos últimos anos – fazem parte do índice. O Estadão relembra esses e outros escândalos de empresas listadas no Novo Mercado.
Após o fechamento do mercado: Itaú.