Biden quer aumentar impostos dos ricos, e Wall Street tem o maior tombo desde março

Ibovespa até começou o dia em alta, mas não resistiu ao azedume dos americanos com a notícia e perdeu os 120 mil pontos

Por Bruno Carbinatto e Tássia Kastner
Atualizado em 18 out 2024, 09h33 - Publicado em 22 abr 2021, 18h38
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Ninguém gosta de pagar imposto — investidor menos ainda. Prova disso é a reação de Wall Street diante das primeiras informações do plano de uma reforma tributária nos Estados Unidos, centrado no aumento de impostos sobre a parcela mais rica da população. A reação foi óbvia: queda nos principais índices americanos que arrastaram o resto do mundo.

O governo democrata, numa guinada à esquerda, deve quase dobrar o imposto sobre ganho de capital para os mais ricos, chegando a marca de 39,6%. Cobrar sobre o ganho de capital nada mais é do que taxar o lucro do investidor, ficando com uma parte do dinheiro que ele ganhou vendendo alguma coisa (ações ou imóveis, por exemplo).  O que o governo Biden quer fazer é aumentar os impostos sobre esse valor, o que afeta diretamente quem lucra com a venda de ações no mercado financeiro.

Somado com outras taxas sobre investimentos já existentes, aqueles que ganham mais de um milhão de dólares poderão encarar um imposto federal de 43,4%, segundo a agência de notícias Bloomberg, a primeira a revelar o plano. Além disso, o Imposto de Renda para a camada mais rica também deve aumentar, de 37% para 39,6%.

Apenas a título de contexto, a alíquota máxima de imposto de renda no Brasil é de 27,5% e o ganho de capital com ações, o investidor paga 15% (mas se o lucro for de até R$ 20 mil por mês, ele não paga nada).

Segundo a imprensa americana, o dinheiro arrecadado com os impostos dos mais ricos será usado para financiar medidas de combate à desigualdade a longo prazo, como investimentos em assistência infantil, educação pré-escolar universal e licença remunerada para trabalhadores. Essa era uma das bandeiras de campanha de Biden.

Cobrar mais impostos da fatia mais rica da população é bem comum em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, uma pesquisa feita em janeiro mostrou que há apoio popular alto para a medida: dois terços dos entrevistados em um levantamento da Reuters disseram apoiar a taxação dos mais ricos. Ainda assim, aumento de impostos é uma coisa antipática e o plano é visto com cautela até mesmo entre os Democratas.

E tem a questão política, claro. A guinada contrasta com a política tributária do governo Trump, que, em 2017, passou legislação reduzindo os impostos pagos especialmente por indivíduos mais ricos.

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De qualquer forma, quem não gostou nada da novidade foram os investidores. A notícia fez as bolsas derreterem: o índice Dow Jones perdeu 0,95% , enquanto o S&P 500 fechou com queda de 0,92% e o Nasdaq, -0,94%. São as maiores quedas desde o meio de março deste ano. 

Desde manhã as bolsas americanas já operavam em queda, ainda que mais leve. Cautelosos, os investidores não repetiram o movimento de otimismo da semana passada com a divulgação dos números de desemprego melhores do que o esperado: foram apenas 547 mil novos pedidos de auxílio desemprego na semana passada, em comparação com os 603 mil previstos. 

Por aqui, o Ibovespa até abriu em alta após o feriado, surfando na ótima quarta-feira registrada em Nova York. Mas inevitavelmente despencou junto com seus primos americanos: queda de 0,58%, perdendo os 120 mil pontos duramente mantidos na terça-feira.

Quem se deu bem no dia foi a Europa, que fechou antes da manchete da Bloomberg. Por lá, o índice Stoxx 600 fechou em alta de 0,70%, puxado para cima após a decisão do Banco Central Europeu de manutenção das taxas de juros nas mínimas e as falas otimistas da presidente Christine Lagarde, que prevê que a zona do euro pode voltar aos níveis pré-pandêmicos em 2022, com a vacinação acelerando. 

Resta saber quanto tempo vai durar esse mau humor dos investidores com um aumento de impostos. 

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Maiores altas

Cielo: +6,03%

Usiminas: +5,36%

CSN: +4,41%

Gol: +3,83%

Gerdau: +3,19%

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Maiores Baixas

Lojas Renner: -5,99%

Suzano: -3,79%

Locamerica: -3,45%

Natura: -3,31%

Lojas Americanas: -3,19%

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Ibovespa: -0,58%, aos 119.371,48 pontos

Em NY

Dow Jones: -0,95%, aos 33.814 pontos

Nasdaq, -0,94%, aos 13.818 pontos

S&P 500: -0,92%, aos 4.134 pontos

 

Dólar: -1,73%, a R$ 5,45

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Petróleo

Brent:+0,12%, a US$ 65,40

WTI: +0,13%, a US$ 61,43

Minério de ferro: -2,45%, a US$ 183,62 a tonelada, no porto de Qingdao (China).

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