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BlackRock diz que juro nos EUA pode ir 6% – Wall Street respira, faz a egípcia e fecha em alta

Investidor brasileiro dá voto de confiança a novo "teto de gastos", vislumbra queda da Selic e Ibovespa sobe 2,22%. YDUQ3 salta 12,17% com grupo de estudos sobre "novo" Fies.

Por Júlia Moura, Tássia Kastner
Atualizado em 8 mar 2023, 18h48 - Publicado em 8 mar 2023, 18h47
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Nesta quarta, foi a última fala pública de Jerome Powell antes da próxima reunião do Fomc, dia 22 de março, que decidirá a nova alta da taxa de juros dos EUA. E Powell repetiu o que disse na terça: o juro por lá tem tudo para subir mais que o esperado até então, já que o foco continua sendo controlar a inflação

Esse combo de declarações, no Senado e na Câmara dos EUA, desencadeou uma onda de revisões de apostas nas altas de juros por lá. Agora, há previsões que a Selic dos EUA vá chegar a 6%. Uma delas é da BlackRock, maior gestora de ativos do mundo.

Se os juros na faixa dos 5% já preocupavam investidores, uma taxa de 6% é muito mais assustadora, porque tem potencial de levar a economia americana (e global) à recessão.

Nesta quarta, a curva de juros dos títulos do Tesouro americano se inverteu de uma forma alarmante. Ou seja, papéis mais longos passaram a pagar menos que os de prazo mais curto. Juro é o custo do dinheiro no tempo, e ele só fica mais barato se houver uma crise e ninguém precisar de crédito para investir.

O juro do título de dois anos chegou a 5,08% durante o pregão, o maior juro desde 2007, enquanto o de 10 anos ficou abaixo dos 4%. Tamanha diferença entre os papéis não acontecia desde 1981, quando os EUA também lutavam contra a inflação. Naquela época, o então presidente do Fed, Paul Volcker, subiu os juros a 20% para combater uma inflação de 13,5%, gerando 11% de desemprego um ano depois. Bom, Volcker eventualmente venceu a inflação, mas levou os EUA a uma dura recessão, entre 1981 e 1982.

Não é certo que o mesmo vai acontecer, e nem a inflação e nem os juros estão nos mesmos patamares. Mas, na dúvida, os investidores observam os sinais e se preparam para o pior.

Powell explicou que juros mais altos são necessários porque a maior economia do mundo está melhor do que o esperado. Mesmo com a taxa a 4,75%, o mercado de trabalho segue a todo vapor, com um desemprego pífio de 3,4%. E, quanto mais gente empregada, maior a atividade econômica.

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Hoje, o instituto de pesquisa ADP reportou a criação de 242 mil empregos no setor privado americano em fevereiro, uma aceleração aos 119 mil contratados em janeiro. A expectativa era de 210 mil.

Após os dados, as apostas em uma alta de 0,5 ponto percentual no juro americano já este mês subiram, o que o levaria a taxa, hoje em 4,75%, para 5,25%. 

As apostas nesse cenário foram de 74,9% para 76,4% logo após a divulgação do ADP, segundo dados da CME. Para o fim de 2023, a maior parte vê o juro a 5,75% (38,5%). Um quarto vê o juro a 5,50% e já há quem aposte em 6% (23,4%).

O Fed ainda vai ficar de olho no payroll, relatório semelhante à nossa Pnad sobre o mercado de trabalho em fevereiro, que sai nesta sexta-feira, e no CPI (IPCA deles) de fevereiro, que sai na próxima semana. Em 22 de março, o Fed divulga a sua decisão sobre a política monetária.

“Não queremos provocar uma recessão; queremos agora controlar a inflação […] Retomar estabilidade de preços terá custo, mas custo do fracasso seria maior”, disse Powell aos deputados.

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Com a piora das perspectivas, o mercado acionário americano passou a maior parte do pregão no vermelho. Mas, como nada que Powell disse hoje era novidade, investidores aproveitaram para rebalancear as carteiras depois de esvaziá-las ontem. Depois de cair 1,53% ontem, o S&P 500 fechou em leve alta de 0,14%.

Sobe e desce 

Aqui no Brasil o assunto do dia foi, quem diria, a queda de juros. Por dois motivos. Primeiro, o mercado financeiro gostou de ouvir da voz de Simone Tebet, ministra do Planejamento, que o substituto do teto de gastos poderá sair ainda neste mês – Haddad, ministro da Fazenda, já havia prometido o mesmo, mas é confortante a repetição.

O segundo motivo é menos positivo. O mercado financeiro está receoso de que a economia brasileira entre em uma escassez de crédito, um combinado do calote bilionário da Americanas com taxas de juros pornográficas. 

Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central, verbalizou isso. Ele vê um risco de recessão no Brasil caso o BC não mude a rota e comece a reduzir juros.

“No mínimo, o Copom deve mudar o balanço de risco na próxima reunião [também dia 22 de março], o que seria um sinal para começar a cortar [os juros, hoje em 13,75%] em maio”,  disse em entrevista à Bloomberg, citando o impacto da Americanas (AMER3) e a consequente crise no mercado de crédito como possíveis “estalos” para uma contração na economia. 

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Não custa lembrar que a última sinalização do Banco Central é de que não haveria espaço para reduzir a Selic NESTE ANO. Pois é.

Esse caldeirão fez o Ibovespa fechar em alta de 2,22%.

“Novo” Fies

As ações das companhias de educação viveram uma quarta azul. O movimento reflete a expectativa de um fortalecimento no Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), que ganhou força com a criação de um grupo de trabalho para avaliação do programa no Ministério da Educação. Yduqs (YDUQ3) saltou 12,17% e Cogna (COGN3), 8,91%. Fora do Ibovespa, Anima (ANIM3) subiu 13,15%.

MAIORES ALTAS

Yduqs (YDUQ3): 12,17%

Locaweb (LWSA3): 11,76%

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EcoRodovias (ECOR3): 9,76%

Qualicorp (QUAL3): 9,31%

Petz (PETZ3): 9,19%

MAIORES BAIXAS

SLC Agrícola (SLCE3): -2,13%

Suzano (SUZB3): -0,65%

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Telefônica Brasil (VIVT3): -0,46%

Embraer (EMBR3): -0,44%

Azul (AZUL4): -0,17%

Ibovespa: 2,22%, aos 106.540 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,14%, aos 3.992 pontos

Nasdaq: 0,40%, aos 11.576 pontos

Dow Jones: -0,18%, aos 32.798 pontos

Dólar:  -1,02%, a R$ 5,1401

Petróleo

Brent: -0,76%, a US$ 82,66 

WTI: -1,18%, a US$ 76,66 

Minério de ferro: 0,83%, negociado a US$ 130,87 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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