Bolsas sangram à espera da Super Quarta
Banco Central dos EUA deve subir juro em mais 0,75 ponto. No Brasil, apostas são de que a Selic ficará em 13,75%.
Se investidores tivessem a opção, apertariam o botão “pular abertura” da semana e iriam direto para a quarta-feira. É quando o Fed (o BC americano) divulgará a nova taxa de juros dos Estados Unidos.
A falta de paciência tem motivo. As bolsas de valores estão sangrando desde a terça passada. Foi quando dados oficiais mostraram que a inflação americana ainda não está baixando, ao menos não como o esperado. Ela fechou 12 meses até agosto em 8,3%, acima dos 8,1% estimados pelo mercado e com sinais de aceleração. Quem caiu foi o combustível, o resto continuou avançando.
Significa que a inflação se enredou na economia e é provável que seja preciso juros mais altos e por mais tempo para conseguir baixá-la para a meta de 2% ao ano.
Daí que uma parte dos investidores começar a apostar que, nesta quarta, os juros poderiam subir 1 ponto percentual nos EUA. Eles são a exceção, mas decidiram brincar de “maioria ruidosa” desde a semana passada.
O consenso ainda é de que o Fed subirá a “Selic” dos EUA em 0,75 p.p., levando a taxa a para a banda de 3% a 3,25%. Ainda assim, é pesado. A última vez que a taxa esteve nesse patamar foi na crise de 2008. Pois é. Recessão é a palavra de fundo no debate das altas de juros.
A segunda começa na toada de crise. As bolsas asiáticas fecharam no vermelho, o mesmo sinal da Europa. E nos EUA, os futuros indicam que Wall Street continuará a sangrar. As baixas rondam 1% nesta manhã, uma queda bastante brusca para o mercado futuro.
Péssima notícia para a B3, que deve ir na mesma direção. O clima fúnebre derruba os preços do petróleo e do minério de ferro nesta manhã.
Aqui, investidores aguardam a super quarta. Além do Fed, sairá a decisão do BC brasileiro para a Selic. Aqui, a inflação em 12 meses caiu para 8,73%, após deflação de 0,36% em agosto. Aí o mercado está apostando que o ajuste final que levaria a Selic a 14% ao ano não deve ocorrer.
Será preciso acompanhar até quarta para saber. Bons negócios.
Futuros S&P 500: -0,98%
Futuros Dow: -0,94%
Futuros Nasdaq: -1,03%
às 7h35
Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,35%
Bolsa de Londres (FTSE 100): Fechada
Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,03%
Bolsa de Paris (CAC): -1,58%
*às 7h35
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,12%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): Fechada
Hong Kong (Hang Seng): -1,04%
Brent*: -1,65%, a US$ 89,94
Minério de ferro: -0,41%, a US$ 98,65 por tonelada na bolsa de Singapura
*às 7h34
Nubank decide sair da B3
O Nubank anunciou que deixará de ser listado diretamente na B3. Quando a empresa abriu capital, no fim do ano passado, realizou uma listagem dupla: colocou suas ações na Nyse, a bolsa de Nova York, ao mesmo tempo que vendeu BDRs dessas ações na B3. Na época, os BDRs eram de Nível 3 – categoria para empresas estrangeiras que têm registro de companhia aberta no Brasil e funcionam de acordo com as regras de transparência e governança estabelecidas pela CVM. Na prática, isso significa arcar com custos adicionais para se manter nos parâmetros tanto da bolsa americana quanto da brasileira.
Agora, alegando “buscar maior eficiência”, a empresa decidiu tornar seus BDRs de Nível 1 – categoria que não exige listagem no Brasil nem prestação de contas à CVM. O mercado não gostou da ideia de passar a trabalhar com menos informações da companhia: os BDRs NUBR33 caíram 4,2% na sexta-feira, a R$ 4,56.
La Nina, ano três
La Nina é um fenômeno natural que, de tempos em tempos, esfria o Oceano Pacífico de 3°C a 5°C. A mudança é suficiente para provocar toda sorte de catástrofes naturais: inundações, secas, tempestades e incêndios. A última La Nina começou lá pela metade de 2020, e está acontecendo até agora. Estudos indicam 80% de chance do fenômeno perdurar até o ano que vem – o que deve significar US$ 1 trilhão em gastos com danos de desastres climáticos até o final de 2023. A Bloomberg explica porquê La Nina está durando tanto, e o quais prejuízos (ambientais e econômicos) ela está causando aos países.
Brasil carbono-positivo
O Brasil precisaria de US$ 2 bilhões para alcançar a neutralidade de carbono até 2050. E mais US$ 1 bilhão para se transformar em um país carbono-positivo – ou seja, capaz de eliminar mais CO2 do que emite. É o que estima um estudo do Boston Consulting Group (BCG), apresentado durante o Brazil Climate Summit, em Nova York. Aqui, o Valor mostra quais setores precisam mudar primeiro.
Dia de agenda esvaziada