Bolsonaro quer baixar o combustível cortando imposto (de novo). Vai funcionar?
Plano prevê compensação de R$ 50 bilhões a estados. O dinheiro virá do mesmo lugar: impostos que você paga.
É daqueles planos que parecem bombásticos, mas a chance maior é que o tiro caia na água. Ontem, o governo Bolsonaro anunciou que planeja reduzir os preços dos combustíveis zerando impostos.
A ideia é estender para a gasolina e o etanol o corte de PIS/Cofins que já foram aplicados ao diesel e ao gás de cozinha há três meses. No caso da gasolina, o governo também quer zerar a Cide (um imposto que existe para manter o etanol atrativo e estimular o uso de um combustível menos poluente).
Não parece que funcionou como o esperado no diesel. Segundo a pesquisa semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), mesmo após o corte de PIS/Cofins os preços do diesel continuaram subindo até a terceira semana de maio, quando atingiram a máxima histórica (em termos nominais).
O valor foi de R$ 6,943. Agora, o diesel é vendido ao preço médio de R$ 6,882. No ano, o combustível sobe 47% nas refinarias.
O ponto mais polêmico, no entanto, é outro. Bolsonaro quer que governadores zerem o ICMS do diesel e o gás. A promessa é que exista uma compensação para evitar o rombo nos caixas estaduais, que foi estimado em até R$ 50 bilhões. Essa conta, por sinal, ficaria fora do teto de gastos, a lei que proíbe o governo de elevar despesas acima da inflação.
Dentro ou fora do teto, a conta precisará ser paga e isso é feito com impostos. Com o foco na eleição, esse é um problema para o Brasil do futuro, diz o governo.
E nem sequer basta para resolver a questão central. Impostos são cobrados na forma de um percentual sobre o valor base do combustível – e esse continua, ao menos em teoria, atrelado ao mercado internacional.
O governo não tem uma solução para isso, ao menos não dentro das atuais regras do jogo. Bolsonaro ainda tenta emplacar o quarto presidente da Petrobras, de modo a alterar a política de preços da companhia. Mas isso não resolve a crise tampouco.
Os preços do petróleo continuam firmes em US$ 120 por barril no mercado internacional, uma alta de mais de 50% no ano. E a esperança de alívio falhou. A Arábia Saudita anunciou o plano de elevar a oferta. O medo de desabastecimento é tanto que os Estados Unidos liberaram petroleiras venezuelanas a exportar para a Europa.
Para o Goldman Sachs, o preço do barril precisaria ter preço médio de US$ 135 nos próximos 12 meses para equilibrar oferta e demanda.
Uma coisa é certa: o preço alto não vai fazer efeito se governos continuarem compensando consumidores para que eles não reduzam a demanda pelo produto.
Bons negócios.
Futuros S&P 500: -0,44%
Futuros Nasdaq: -0,61%
Futuros Dow: -0,40%
*8h07
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,88%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,05%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,93%
Bolsa de Paris (CAC): -0,74%
*às 07h36
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,31%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,10%
Hong Kong (Hang Seng): -0,56%
Brent*: -0,24%, a US$ 119,22
Minério de ferro: 0,14%, a US$ 144,55 por tonelada, em Singapura
*às 07h40
10h Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulga produção de veículos em maio
24 horas
O Bitcoin voltou a ser negociado abaixo dos US$ 30 mil nesta terça, após um breve alívio no dia de ontem. A criptomoeda estava tirando partido da relativa melhora de ânimos no mercado internacional. Durou pouco para o S&P 500, que começa a manhã no negativo, que dirá para o Bitcoin. A cripto cai 5,56% nesta manhã.
Azar de principiante
O mercado não tem sido bonzinho com as novatas da B3. Segundo um levantamento da Economática/TC, 80% das empresas que estrearam na Bolsa desde 2017 estão agora com as ações no vermelho. Elas vão na contramão do Ibovespa, que teve alta de mais de 70% nos últimos 5 anos. Veja aqui a lista das empresas que perderam valor de mercado, publicada pelo Estadão.