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Bolsonaro tem ‘vontade’ de privatizar Petrobras, Faria Lima ignora e Ibov cai

O contexto da declaração deixa claro que não há plano de venda da estatal. Nos EUA, balanços de bancões garantiram bolsas no azul.

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner
Atualizado em 14 out 2021, 18h41 - Publicado em 14 out 2021, 18h27
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Não é todo dia que o presidente do país anuncia que tem “vontade” – palavra dele – de privatizar a Petrobras. Mas foi o que disse Bolsonaro nesta manhã. Era de se esperar que isso tivesse algum impacto nas ações da companhia – se alguém levasse a declaração a sério. O segredo aqui é o contexto, e o fato de que se trata de Bolsonaro.

Em entrevista a uma rádio de Pernambuco, o presidente se explicava sobre a alta nos preços da gasolina e do gás de cozinha, que que já inflacionaram 39,60% e 34,67% em 12 meses, segundo o IBGE. O que Bolsonaro disse é que não gosta da ideia de não poder interferir na Petrobras, que tem autonomia para decidir os preços dos combustíveis, mas levar “a culpa” pela alta. Solução? Vende, que aí não é mais problema do governo. Foi aí que ele disse que veria com a equipe econômica “o que a gente pode fazer” em relação à privatização da petroleira.

O mercado interpretou a declaração como um grande “vou ver e te aviso” – quando sabemos que não vai dar em nada. Está claro para todo mundo que não há um plano concreto para privatização da empresa. Tanto que as ações da estatal se mantiveram tímidas o dia todo, e fecharam igualmente mornas: ironicamente, PETR4 +0,17%, PETR3 -0,17%.

Tinha tudo para ser bem melhor que isso, diga-se. Petróleo e dólar, o combo que faz a gasolina ficar proibitiva, mas gera lucros astronômicos para Petrobras, subiram de novo nesta quinta. A concorrente PetroRio, por sinal, avançou 4,45%.

O fato é que um falatório do Bolsonaro para terceirizar a culpa da alta dos combustíveis ganhou acolhida no Congresso. Faz mais de ano que o presidente diz que gasolina e diesel continuam caros por causa do ICMS, e vinha pressionando governadores a mudarem a base de cálculo do recolhimento de impostos. Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que reforma a cobrança do imposto. 

Atualmente os Estados cobram o imposto com base no preço médio do combustível pago pelos consumidores nos últimos 15 dias. A proposta aprovada pelos deputados exige que o cálculo seja feito com base no preço médio dos últimos dois anos – retroagindo para começar lá em 2019. Na prática, a base de cálculo passa a ser fixa.

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Não só. Eles decidiram que os estados só vão poder mudar o percentual da mordida uma vez por ano – não que eles tenham subido a alíquota nos últimos 12 meses, vale dizer. A proposta, agora, vai ser analisada no Senado, isso enquanto governadores recorrem ao Supremo contra o projeto.

A medida até pode eventualmente ajudar no curto prazo, já que há dois anos a gasolina não estava a R$ 7, mas ao redor de R$ 4,50. Só não resolve o problema a longo prazo e ainda reduz a arrecadação. 

Sem emoção

Essa foi a única emoção do dia, por sinal. Sem maiores novidades de verdade no noticiário econômico, o Ibovespa fechou anêmico: queda de 0,24%. Permaneceu o medo de uma “estagflação”, o pior dos cenários: inflação alta e crescimento baixo. A consultoria britânica Capital Economics, inclusive, alertou hoje que esse cenário é cada vez mais provável, segundo o jornal O Globo, e previu um pibinho para o ano que vem: 1,3%, abaixo do consenso de 1,54% do Boletim Focus.

Pesa aqui também as preocupações sobre o cenário fiscal do país; apesar da novela dos precatórios parecer ter um final feliz ontem, os rumores de que o governo estuda estender o auxílio emergencial (em parcelas de menor valor) para as famílias que não sejam incluídas no plano do Auxílio Brasil ajudou a renovar as preocupações.

Nos EUA

Enquanto por aqui a Faria Lima amargava entre preocupações, Wall Street deixou os medos com a inflação de lado e aproveitou uma quinta-feira bastante positiva: S&P 500 +1,71%, em seu melhor dia de pregão desde março deste ano.

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Um dado que ajudou a promover o otimismo foi o de novos pedidos de auxílio-desemprego no país, que veio abaixo do esperado: foram 293 mil novas solicitações do benefício, contra 318 mil previstas pelos analistas. É o menor número desde o início da pandemia – e ajudou a recuperar o bom-humor depois de um payroll decepcionante em setembro.

Mas quem brilhou mesmo nas bolsas americanas foram os bancões e gigantes do mercado financeiro; hoje pela manhã, foi a vez de Bank of America, Citigroup, Wells Fargo e Morgan Stanley liberarem seus balanços trimestrais, e os resultados foram, em geral, bem recebidos pelo mercado (com exceção dos papéis da Wells Fargo, que caíram). O BofA, por exemplo, figurou entre as maiores altas do índice (+4,46%) após superar as expectativas e registrar um lucro líquido de US$ 7,7 bilhões no trimestre, valor 58% maior do que o do mesmo período em 2020. 

Só não foi suficiente para competir com a gigante da rede de farmácias Walgreens, que liderou os ganhos do índice com +7,38% também após um balanço que superou as expectativas.

Ainda é só o começo da temporada de resultados corporativos, que promete trazer ao mercado grandes emoções nos próximos dias.

Maiores altas

Banco Inter PN (BIDI4): 5,53%

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Banco Inter Unit (BIDI11): 5,17%

Banco Pan (BPAN4):  4,41%

Petrorio (PRIO3): 4,45%

Locaweb (LWSA3): 2,85%

Maiores baixas

Méliuz (CASH3): −4,97%

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EZTEC (EZTC3): −2,83%

Cyrela (CYRE3): −2,25%

BRF (BRFS3): −2,80%

Via (VIIA3): −2,56%

Ibovespa: -0,24%, aos 113.185 pontos

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Em Nova York

S&P 500: +1,71%, aos 4.438 pontos

Nasdaq: +1,73%, aos 14.823 pontos

Dow Jones: +1,55%, aos 34.911 pontos 

Dólar: +0,13%, a R$ 5,5161

Petróleo

Brent: +1,26%, a US$ 84,23

WTI: +1,29, a US$ 81,48

Minério de ferro: +1,40%, a US$ 125,91 no porto de Qingdao (China) 

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