BRF (BRFS3) dispara com aporte de R$ 4,5 bilhões
Ações do frigorífico saltaram 11,83% com a notícia da capitalização; Ibovespa patina com mercado de trabalho forte nos EUA e à espera da aprovação de um novo teto para a dívida americana.
A endividada BRF (BRFS3) recebeu uma bela ajuda do seu principal acionista. A Marfrig (MRFG3) irá colocar dinheiro na companhia e puxou o poderoso Salic, fundo soberano da Arábia Saudita, para ajudar. Ambos se comprometeram a injetar R$ 4,5 bilhões na BRF.
Se aprovado em assembleia, o movimento dará a Marfrig 38,7% da BRF (BRFS3). É um ponto sensível. Hoje, a companhia de Marcos Molina tem 33% de participação, o limite antes de acionar a “poison pill”, cláusula que limita investidores tomarem de assalto empresas de capital pulverizado. Por isso, o aumento da participação de Molina terá que ser aprovado em assembleia de acionistas. Esse é mais um passo em direção à ideia de longa data do empresário: a fusão das companhias, apesar do fundador da Marfrig dizer que não tem interesse em interferir na BRF.
Já o Salic vai ampliar sua participação em companhias brasileiras. O fundo já é dono de 25% da Minerva.
O aumento de capital se dará via emissão de novas ações, que irão para a Marfrig e para o Salic. Serão 500 milhões de papéis, a R$ 9 cada um. Hoje, as ações da BRFS3 saltaram 11,83% com a notícia, a R$ 8,13, e ficaram ali na segunda maior alta do dia. A Marfrig subiu xx%, terceira colocada. A CVC, que acabou de perder seu CEO e ainda não encontrou um substituto, liderou o ranking com uma alta de 13,42%, após a sanção da lei que a isenta de pagar PIS/Cofins. A Minerva (ó o Salic aí) subiu 3,86%.
Para arcar com a compra das ações da BRF, a Marfrig irá contar com a injeção de R$ 1,5 bilhão a R$ 2,25 bilhões de Molina, também via emissão de novas ações.
Segundo a XP, a capitalização vai ajudar a reduzir a alavancagem da companhia, que é de 3,35 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses. Ou seja, uma dívida três vezes maior que o resultado operacional que ela gera. Ao fim do primeiro trimestre, quando teve um prejuízo de R$ 1 bilhão, o endividamento líquido da dona de Sadia e Perdigão era de R$ 15,3 bilhões (3,4 vezes mais que o aporte).
“Traz alívio ao caixa da companhia. No entanto, ainda não está claro quanto da atual dívida poderá ser quitada”, escreveram os analistas da XP Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.
O top five foi pouco para salvar o dia. O Ibovespa fechou em queda de 0,58%, com o peso negativo do exterior. Além disso, a atividade econômica na China caiu inesperadamente em maio. No mês que se encerra hoje, o Ibovespa acumulou alta de 3,74% %. Em 2023, cai 1,28%. Mas vamos ao que está rolando nos EUA.
Emprego e calote
Nesta quarta, o relatório Jolts – pesquisa mensal feita pelo governo dos EUA junto a empregadores que mostra a quantidade de vagas de trabalho abertas no período – indicou que o mercado de trabalho americano segue firme e forte. Em abril foram abertas 10,10 milhões de vagas, mais do que as 9,48 milhões esperadas. Ou seja, o juro a 5,25% ao ano no país ainda não está desacelerando as contratações e o desemprego segue quase nulo, o que leva os preços a seguirem altos. Daí, o Fed não tem muita saída, tem que continuar aumentando a taxa de juros.
Foi isso que o mercado precificou pela manhã. As apostas para uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros agora em junho eram maioria.
Até que dois dirigentes do Fed que votam na decisão de política monetária, Phillip Jefferson e Patrick Harker, botaram a boca no trombone e deixaram os investidores mais calmos.
“Podemos manter o juro em junho para analisar o cenário antes do próximo passo, o que não significa fim do aperto monetário”, disse Jefferson.
“Estou entre aqueles que acham que podemos pular a reunião de junho. Seria um salto, não uma pausa. Devemos desacelerar o mercado de trabalho, sem destruí-lo, para controlar inflação”, afirmou Harker.
Após as declarações, o mercado voltou a botar fé em uma manutenção dos juros em junho, com 70% das apostas. Para julho, a expectativa da maioria é que o juro vá para 5,5%.
Mesmo com os Fed boys tranquilizando o mercado, o S&P 500 recuou 0,60%. Isso porque investidores seguem tensos quanto à possibilidade de os EUA darem calote.
Está prevista para hoje a votação na Câmara que aumenta o teto da dívida nos EUA, evitando que o país deixe de arcar com suas obrigações.
Depois de aprovado, o projeto vai ao Senado, onde a aprovação deve ser mais fácil, já que a maioria é democrata. A previsão é que a tramitação siga até o fim de semana. A estimativa é que na segunda, dia 5, o dinheiro do Tesouro americano vai secar. Tique-taque…
Até amanhã!
MAIORES ALTAS
CVC (CVCB3): 13,42%
BRF (BRFS3): 11,83%
Marfrig (MRFG3): 6,24%
Azul (AZUL4): 4,98%
Minerva (BEEF3): 3,86%
MAIORES BAIXAS
Assaí (ASAI3): -4,19%
Tim (TIMS3): -2,85%
Locaweb (LWSA3): -2,54%
CPFL (CPFE3): -254%
Telefônica Brasil (VIVT3): -2,53%
Ibovespa: -0,58%, aos 108.335 pontos
Em Nova York
S&P 500: -0,60%, aos 4.180 pontos
Nasdaq: -0,63%, aos 12.935 pontos
Dow Jones: -0,40%, aos 32.911 pontos
Dólar: 0,61%, a R$ 5,0730
Petróleo
Brent: -1,50%, a US$ 72,60
WTI: -1,97%, a US$ 68,09
Minério de ferro:-0,42%, negociado a US$ 100,05 por tonelada na bolsa de Dalian (China)